terça-feira, julho 31, 2007

A propósito de temperatura

Saiba-se que as praias do litoral oeste são um tormento para a genitália masculina, no que à temperatura da água diz respeito. Citando um amigo meu, há uns tempos atrás (há MUITO tempo atrás), quando entrava nas águas da praia do Baleal Sul: "oh, Pedro, eu vou para a toalha, que já não sinto os testículos." E é verídico. Após minutos de diversão aquática numa água que geralmente está minada de limo e algas diversas, torna-se, ou insuportável, ou apenas tolerável caso se fique de molho. Ainda a respeito do limo, isto traz vantagens para pessoas descuidadas, que usam calções/sungas/cuecas de banho/bikinis cujos elásticos não primam pela qualidade, e descaem, deixando entrever a púbis. Quando a minha irmã, jovem criatura, ainda, nessa altura, possuindo cerca de cinco ou seis anos, um dia entrou na água e uma donzela deixou, precisamente, que a parte de baixo do seu bikini exibisse todo o monte de Vénus e respectiva penugem, comentou, rindo imenso: "olha, aquela menina tem uma alga enfiada no bikini!" Portanto, provo a minha teoria. Mas a água, essa, ou, melhor, a temperatura da mesma água, é uma tortura para partes... digamos... mais... sensíveis.

segunda-feira, julho 30, 2007

sábado, julho 28, 2007

Foz do Arelho com amigas

Quem me conhece sabe obviamente que, morando nas Caldas da Raínha/Óbidos/enfim, sempre fui muito pouco apreciador da praia da Foz do Arelho, não sei sequer bem explicar porquê, é daqueles meus preconceitos meio infundados, que vou mantendo mais por teimosia do que por qualquer outra coisa. Não sei se por causa de não gostar da praia em si, se por não gostar do tipo de pessoas que a costuma frequentar, se pelas memórias meio distantes de colónias balneares muito mal passadas, se até pelos velhos piqueniques da turma de nono ano (no lado de lá, é certo, nos Belgas, mas, para mim, é tudo Foz), mas algo em mim repudia a Foz do Arelho, que não seja para um café tomado ao anoitecer, num dos bares da marginal, ou um copo, já à noite, no Trombone, único bar de jazz da zona. No entanto, e apesar de todas estas coisas, ontem lá me decidi a sair de casa e fazer qualquer coisa, para variar, não sei, e arrisquei ir mesmo à Foz, aproveitando uma fortuita boleia que me foi cedida pela minha querida irmã, uma vez que ia ter com amigas à dita praia. E lá seguimos, equipados com protector solar de factor 15, sandálias, fatos de banho, t-shirt, malas com livros e toalhões de praia, leitores de mp3 e toda uma parafernália de adereços, no veículo automóvel do papá.
Há coisas que concluo: primeiro, que não tenho o à-vontade com as pessoas da idade da minha irmã, para manter uma conversa coerente com elas; segundo, que o irmão mais velho não é visto como uma companhia que se quer manter por perto, quando não tem sequer o já referido à-vontade com as amigas; terceiro, que o irmão mais velho está com um corpinho meio decadente, e enquanto não começar a fazer uma dieta rígida ou a ir a um ginásio, é vergonhoso ser-se vista com ele, quando tira a t-shirt; quarto, que é um alívio encontrar, numa toalha, isolada, uma amiga da turma de secundário, que nos aceita e nos acolhe, apesar da barriguinha já não ser a planície de outrora. Há muito senhor que se depila aparentemente numa rotina regular, nas toalhas em redor, de peito lisinho e trabalhado, deitados ao sol de fim de Julho, há famílias bonitas e funcionais, um casal e a filhinha, o indivíduo feminino, parte integrante do casal, a trocar sentidos mas discretos carinhos com o esposo (ou aparente esposo funcional e querido), acariciando-lhe o pescoço, há um cavalheiro todo ele muito vertical, à primeira vista incapaz de movimentos redondos, que lembra uma mistura entre o Mr. Burns, dos Simpsons, o Vítor Espadinha e o Mr. Bean, e que fica demasiado tempo a conversar, de gatas, com o rabiosque voltado, bastante empinado, para o lado onde eu estava deitado. Há um universo fascinante e há até uma jovem colega da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, que me é aprazível visualmente, e que não creio ser desta zona, sendo que grande parte da minha tarde foi passada, intimamente, a indagar sobre a proveniência de tal excelsa criatura.
Fico feliz de ocasionalmente ainda ir encontrando pessoas que importam, que fazem falta na vida, pessoas que me sabem fazer sentir bem de ser como sou, que não me levam a dizer coisas que não me apetece, ou a ser momentaneamente coisas que não sou, e, com o tempo, me deixam até com a confiança requerida para tirar a t-shirt segura, com o nítido olhar reconfortante de "não estás tão mal assim, porra", sentimento que eu próprio reitero, olhando em volta e apercebendo-me de que, afinal, entre os meninos e senhores aprumados, delicados, trabalhados, depilados, há outros cavalheiros em igual ou pior estado de degradação que o meu próprio. Fico sobretudo feliz de poder passar uma tarde a falar de teatro e de literatura e a ler excertos d'A Casa dos Budas Ditosos (que, saiba-se, felizmente, de budista tem pouco ou nada), a falar-se do Nineteen Eighty Four, do Orwell, conversa que levaria inevitavelmente a que se falasse no Animal Farm/O Triunfo dos Porcos e, mais estranhamente, no 2001: A Space Odyssey, do Arthur C. Clarke e do Stanley Kubrick.
Mais tarde chegaria uma outra amiga, por quem já esperávamos, com quatro crianças, e acabámos por passar uma tarde divertida (vá-se lá saber porquê, os miúdos adoram-me, a mim, que sou das coisinhas mais irritantes e antipáticas que por aí andam), a falar de desgostos amorosos com alguma ligeireza, cada um pôde falar muito, com a certeza de ser ouvido, com interesse, por parte de quem quer fosse, e isso é daquelas coisas, numa vida, que se deviam sempre aprender a manter.
Foi um dia que trouxe, como todos, também lembranças menos boas, mas acabei por acompanhar a minha irmã numa viagem de autocarro, de volta às Caldas, a ouvir Gogol Bordello no mp3, enquanto atravessava a paisagem decrépita do interior, com um velho sentado ao lado, a exalar um cheiro a suor e a rebuçados Dr. Bayard, que estupidamente ficava bem com tudo aquilo, e tudo parecia certo e bem, e por dentro, apesar de todas as coisas, eu estava perto de estar muito feliz.

E, já agora, fiquem ao som da minha música de atravessar a província:



Gogol Bordello - Haltura
(para que se veja que não preciso de ir ao FMM de Sines, para descobrir bandas ucranianas que misturam punk com música cigana e tradicional)

sábado, julho 14, 2007

Noite no karaoke

Sentamo-nos ao balcão, não há lugar nas mesas, estão ocupadas por famílias que, pelo menos a mim, me parecem um bocadinho deslocadas, à uma da manhã no bar, rindo muito, ouvindo o casal que canta uma música do Tony Carreira. Pergunto-me se a mulher também está a cantar, só ouço a voz do homem, uma espécie de tenor mal trabalhado e com a voz já bem tocada de muito álcool. Alguém no grupo sentado ao balcão connosco faz um apontamento breve, mas sarcástico, acerca da barriga do senhor, e eu procuro entre os pescoços das pessoas em frente um espaço para ver se consigo vislumbrá-la. Consigo. O homem é de facto gordo. A voz, não sei, já daria para entender isso.
Chamam o Zé Pedro, para cantar uma música dos D'ZRT, a mais conhecida. O Zé Pedro deve ter quatro ou cinco anos e não tem voz que se ouça, conforme canta. A música dos D'ZRT passa, inteira, e, para mim, é apenas instrumental. Ainda bem, penso. Tinha passado bem, sequer, sem a música, de todo.
Um homem, cujo nome me escapa (estaria provavelmente a atentar na fauna juvenil que ali se encontrava ao meu redor), canta em seguida, empenhado e com alguma taxa de sucesso, a "Don't Let The Sun Go Down On Me", do Elton John e do George Michael. Não há grande aderência por parte das pessoas. Não há grande aderência da minha parte. Batem-se palmas no fim. Ouve-se uns "ele mereceu" vagos, ocasionais, entre aplausos.
Sobem ao palco improvisado (e, na verdade, ao mesmo nível do chão do resto do bar) dois miúdos, um com cerca de catorze anos, o outro (irmão?), aparentando ter cerca de oito, nove. Animados, mas muito fora de tom, berram as letras da "Maria", dos Xutos e Pontapés. Viro-me para o balcão, a cabeça a latejar do barulho todo e dos risos de quem não tem qualquer tipo de coragem para substituir um, que seja, dos cantores.
Vejo demasiadas meninas que me olham mas penso "na verdade não me devem estar a ligar nenhuma." Algumas delas são interessantes, de um ponto de vista físico, entenda-se, quanto ao resto não me devo manifestar, seriam conjecturas. É verão e há decotes e seios mais ou menos roliços, mais ou menos bem feitos, há muito senhor de calções e de polo em tons róseos com o crocodilo típico da Lacoste sobre o peito esquerdo - direito do observador. Não garanto na verdade que assim seja - pode ser invertido. Para todos os efeitos, são polos de tons róseos e azul-bebé, da Lacoste. As meninas dos decotes acham mais piada a esses, do que a mim, preso num nicho social entre o emo e o freak e o raio-que-o-parta.
Bebendo o meu Famous Grouse novo (não há dinheiro para mais), penso se algumas dessas designações de tribos urbanas servem de facto para alguma coisa mais, que não seja o controlo mais ou menos velado das revistas pop de adolescentes e jovens sobre os mesmos. Hoje muitos desses adolescentes e jovens cresceram e já não são nem adolescentes nem jovens, mas continuam a acreditar piamente que estão dentro daquele estrato, que pertencem à grande família da tribo urbana a que "escolheram" pertencer. Nada disto importa, acabo o golo de whisky e volto-me para o palco de karaoke novamente.
Entretanto demasiadas miúdas de catorze e quinze anos já cantaram Mafalda Veiga e João Pedro Pais (dos quais gostam, a par de 50 Cent, Limp Bizkit, Korn e Chamillionaire), muito mal cantado, e, penso eu, ainda bem - que nada mais merecem a Mafaldinha e o Johnny-boy, que serem assassinados musicalmente, por (pseudo-)fãs irritantes. Continua a haver raparigas que me olham, só duas me interessam, na verdade, e talvez por isso me convenço que são as que me olham mais, se bem que uma esteja acompanhada por um tipo qualquer. Penso: "deixa-te de coisas... tu, para elas, és uma camisa vermelha e branca, de flanela, de mangas arregaçadas, com uma sweat-shirt cinzenta por baixo, uma pulseira e umas calças castanhas de bombazina. Provavelmente um péssimo cabelo, barba e óculos." E é isso que me sinto. E sobretudo sinto que estou tão perto de andar ao engate em bares e isso assusta-me e por isso escondo tudo atrás de outro golo no Famous Grouse novo.

E entretanto penso: se eu subisse ao palco para cantar "Ma Meeshka Mow Skwoz", dos Mr Bungle, será que a tinham, na base de dados da "máquina de karaoke" (não sei o nome daquilo)? E, a terem, será que haveria letra a passar, para eu acompanhar? Gostava muito de experimentar.

sexta-feira, julho 13, 2007

Nescafé... quem quer? LOL!

Escrevi no meu blog lonely gigolo um texto que versava acerca da "cinematografia", da poesia da televisão como a recordo, quando era uma criança, da televisão que "aquecia a alma", em tudo, e fixei-me particularmente num anúncio, esse, da Nescafé, que segue abaixo, sendo que não quis estar a colocar o vídeo no texto onde seguramente mais falei dele, por achar que o texto em si era muito mais lato, e não o querendo resumir ao dito anúncio (peço desculpa pelo comentário "Mistério Juvenil.com" que se ouve ao início mas, também, reconheçamos e demos-lhes crédito, pois são as únicas pessoas a trabalhar a "nostalgia televisiva - e não só" semi-recente):



Uma delícia.

quarta-feira, julho 11, 2007

Sem título nem vontade

Quem se lembra de mim? Para quem sou o melhor do mundo? Para quem sou o mais especial, acima de todos os outros? Para quem sou especial? Quem me conta coisas quando está mal? Quem recorre de imediato a mim numa situação qualquer? Quantas pessoas se lembram de me telefonar, de me mandar uma mensagem, uma carta de vez em quando? Quantas me lêem e gostam do que escrevo, do que sou, do que faço? Quantas pessoas que me conhecem pensam em vir visitar-me? Será que há pessoas com saudades minhas?

Conheço algumas pessoas que pelo menos às vezes têm razão quando dizem que toda a gente devia morrer.

segunda-feira, julho 09, 2007

Para a minha mãe. Sem urina.

Porque na verdade não falamos, mesmo que eu queira e tu queiras. Porque as coisas não são nunca como queríamos que fossem. Porque me apaixono, sim, muito, mesmo que me desencante sempre na mesma medida em que me apaixono. Às vezes sinto tanto a falta de um colo, de alguém que me ouça e que não seja amiga nem amante nem confidente nem nada - apenas mãe. Sei lá. Estou tão triste.