segunda-feira, agosto 27, 2007

JP Simões (feat. Luanda Cozetti) - Se Por Acaso (Me Vires Por Aí)


Esqueçam apenas a publicidade final aos "Fornos do Padeiro", e afins... se puder ser.

domingo, agosto 26, 2007

Citações avulsas

i.

- Aquilo é carro de homem.
- Carro de homem? Mas porquê?
- É quadrado e velho demais. E é branco.

ii.

- Então, mas tu vens assim vestido?
- Que tem?
- Eh, pá, ya, ok, é um concerto de jazz...
- Ah... pois... onde é que vais ficar?
- Lá em baixo.
- Hmmm... ok. Eu estou ali em cima.
- Não queres vir para o pé de nós.
- Eh, pá... não.

iii.

- Olha lá, mas tu esquece-la de vez e dás-me um beijo, porra?
- Eu até te posso dar um beijo, se quiseres, mas não sei se a esqueço.
- Então, não sei se, assim, quero...
- Tu é que sabes.

iv.

- Mesas com nomes de escritores... eu estou na do Séneca.
- Logo de onde havia de vir... filho de um talhante!
- Às vezes temos essas surpresas... é do lado de onde menos se espera. Uns, andam em cursos e nem os tiram. Os filhos dos talhantes é que pegam nos escritores. É assim.
- Mas, repara, afinal não é mesas por escritores, é mesas por citações... (LOL) eu estou na mesa com uma citação do Séneca, uma citação provavelmente acerca do amor.
- Ah... pois... mesmo assim -
- Provavelmente foi tirada de um daqueles livrinhos com "dizeres e saberes". (LOL)
- ...
Nunca serei um Luiz Pacheco, que admiro, sou apenas um eu, e até mesmo nisso sou um falhanço. Até mesmo nisso fico aquém de mim mesmo.
Eu tenho uma capacidade prodigiosa: a de me deprimir ainda mais, quando penso que não é possível estar mais na fossa do que já estou.


Nick Cave & The Bad Seeds - Messiah Ward

sábado, agosto 25, 2007

No rescaldo do concerto da Jacinta, em Óbidos


O meu bilhete era o noventa e sete, comprado, por dez euros (nem o mínimo desconto, caramba!), no Posto de Turismo de Óbidos, à irmã da Filipa Cabaços (Joana?), quase uma semana antes do concerto. O estado do tempo, nos dias que antecederam o espectáculo, não deixava prever que fosse estar uma noite tão agradável. Estava, de facto, e a própria Jacinta (que entrou, como seria de esperar, ligeiramente atrasada em palco) o constatou, alegando que o São Pedro estava, com certeza, do seu lado, uma vez que, desde que tinha chegado a Óbidos, dois dias antes, só tinha sido recebida por um vento gélido em toda a parte.
O auditório (no fundo, toda a parte do antigo celeiro da raínha, na Cerca do Castelo) estava relativamente cheio, presumo que não tão cheio como nas noites de ópera, ou nos dias dos outros concertos de verão (Teresa Salgueiro, João Pedro Pais & Mafalda Veiga e Mariza) - presumo, apenas, uma vez que não faço questão de ir aos outros, e a ópera já passou -, mas, de qualquer forma, estava "composto". A maior parte, habitantes locais, pouco habituados a jazz, que aproveitam simplesmente o facto de terem concertos à porta - e tão baratos. Atrás de mim estavam uns pseudo-tios, que, antes do espectáculo, não se calavam com conversas em torno de sapatos e sandálias Fly, sendo que houve mesmo uma altura em que a dita sandália, e respectivo pé, se encontraram lado a lado com a minha bochecha esquerda, dado que a querida donzela pretendia exibir tal peça de calçado a outrém, ao seu lado, e o espaço entre filas era mais que apenas reduzido: era praticamente inexistente. Os joelhos da titia tocavam-me nas costas e o braço da namorada pertencente a um casal alemão, cujo elemento masculino se encontrava sentado à minha frente, passava por cima dos meus próprios joelhos. Também não havia grande espaço para os lados, mas como, de um lado, tinha apenas um amigo meu, com o qual tenho algum à-vontade para o contacto físico e, do outro, mais um factor masculino de um casal, que estava mais entretido com a sua parceira, do que com o concerto em si, sendo que passou todo o tempo em cima dela, o que me dava algum espaço de manobra, para o lado esquerdo. Ficámos de frente para o palco, mas numa bancada onde toda a gente parecia não ser grande apreciadora de jazz - não havia palmas para os solistas, mesmo quando a Jacinta pedia, ninguém cantava com ela, enfim, o típico "espectador-desligado que aproveita tudo sem gostar realmente de nada". Já na bancada do nosso lado esquerdo (onde, não sei porquê, devia ser do magnetismo que vinha dali, ponderei ficar, quando chegámos), estava o público do jazz em peso; alunos da ESAD, frequentadores da semana de jazz do Valado dos Frades, pessoal que conheci de vista, do Trombone, alguns "conhecedores", indubitavelmente pessoas de fora e, em geral, fãs e apreciadores. Olhando para o anfiteatro, conforme se enchia (chegámos muito antes da hora, bebemos ainda uma ginja, antes do concerto, e fomo-nos sentar, sendo que vimos ainda o espaço a encher), concluí que, se bem que Óbidos tem, de facto, o ambiente para o jazz, não bate o jazz tocado, de forma mais intimista, num clube ou num bar, em frente a uma mesa, e não em bancadas.
Fora isso, o céu estava lindo, viam-se todas as estrelas e, quando a Jacinta entrou em palco e começou a cantar as primeiras notas de "Decide Lá" (I'm Beginning to see the Light, do Duke Ellington, adaptado para português), até o pormenor de alguns aviões, no céu, se tornou delicioso. Foi complicado não me mexer mais, não exteriorizar mais, dado que o espaço era pouco e, de todos os lados, parecia haver pouca abertura a demonstrações físicas de musicalidade cá dentro a querer saltar para fora, ainda para mais quando tocaram as versões jazz do Zeca - geniais, todas elas, sobretudo "Foi Coimbra os meus amores" (Oh Coimbra do Mondego) e Tenho um Primo Convexo. O quarteto que a acompanhava era genial, destaco, de entre eles, o baterista e o contrabaixista (é estúpido, ela até fez questão de apresentar os elementos do quarteto por duas vezes, mas não me recordo dos nomes de nenhum... seria a ginja a fazer efeito?), embora o saxofonista tenha tido uns solos muito bons e o pianista, em muitas ocasiões sem Jacinta tenha sido, sem dúvida, a alma do palco. O concerto levou-nos a Bessie Smith, Djavan, Jobim, passando por Porter e Ellington, todos grandes mestres do jazz e do blues, interpretados com a magia e o respeito de uma mulher que se tornou quase música, em cima do palco, vagueando pelos ouvidos e pelas cabeças e - acima de tudo o resto - pelos corações do público. É certo que o mesmo público, habituado talvez às óperas, que têm intervalos, esperava que o concerto durasse mais, sendo que poucos se aperceberam que o fim do concerto era o fim do concerto e não o fim da primeira parte... É certo, também, que não cantou nem acompanhou, nem sequer quando a Jacinta pediu (à excepção da Canção de Embalar, do Zeca Afonso, música em que toda a audiência, mais ou menos, enfim, participou)... mas duvido que alguém não se tenha deixado contagiar por momentos de jazz do mais puro e brilhante que se pode ter a oportunidade de ouvir.
É para repetir. E esperar que a Óbidos Patrimonium, empresa a cargo de quase todos os eventos culturais da vila, tenha percebido que Óbidos tem, seguramente, mercado e espaço para o jazz.

N.A.: Depois de me terem informado, decidi adicionar este apontamento: referi o concerto da Teresa Salgueiro como tendo, presumivelmente, mais gente que o da Jacinta mas, de facto, esqueci-me de informar que a Teresa Salgueiro cancelou/adiou o seu espectáculo, devido ao mau tempo. De qualquer forma, continuo a presumir (sou uma pessoa que presume muito) que estariam mais pessoas nesse concerto, se tivesse decorrido, do que no de ontem.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Moete Hero - o verdadeiro sentido por detrás da letra

Todos estes anos pensámos que a letra da música do genérico de Tsubasa: Capitão Falcão (ou apenas "Captain Tsubasa") era japonesa, mas Ion e os Filhos do Vento vieram esclarecer-nos acerca da verdadeira origem do autor deste autêntico poema: sem dúvida um génio luso-nipónico.

O Terror (factualmente)

Armadilhas espalhando o terror por Santarém.

terça-feira, agosto 21, 2007

Porque há quem saiba dizer o que eu penso sobre as coisas quotidianas

XXV

- Por que são a um tal ponto desdenhosos? - perguntou Chloé. - Trabalhar não é coisa assim tão boa...
- Disseram-lhes que é bom - respondeu Colin. - Em geral costuma achar-se que é bom. Mas a verdade é que ninguém pensa assim. Trabalha-se por hábito, justamente para não pensarmos nisso.
- De qualquer forma, é idiota fazer um trabalho que pode ser feito pelas máquinas.
- É preciso construir máquinas - disse Colin. - Quem o fará?
- Oh! Claro! - disse Chloé. - Para fazer um ovo é preciso uma galinha, e uma vez que haja galinha podemos ter uma porção de ovos. Portanto, mais vale começar pela galinha.
- Seria preciso saber o que impede a construção das máquinas - disse Colin. - É, com certeza, falta de tempo. As pessoas perdem tempo a viver, por isso já lhes não sobra nenhum para trabalhar.
- Não será antes o contrário? - disse Chloé.
- Não - disse Colin. - Se tivessem tempo para construir máquinas, depois já não seria preciso fazer mais nada. O que eu quero dizer é que trabalham para viver, em vez de trabalharem para construir máquinas que iriam levá-los a viver sem trabalhar.
- É complicado - concluiu Chloé.
- Não - disse Colin. - É muito simples. A coisa deveria dar-se progressivamente, bem entendido. Mas perde-se tanto tempo a fazer coisas que se gastam...
- Não acreditas que gostassem mais de ficar em casa a dar beijos à mulher, de ir à piscina e a divertimentos?
- Não - disse Colin -, porque não pensam nisso.
- Mas será culpa deles, se pensam que trabalhar é bom?
- Não - disse Colin -, a culpa não é deles. Foi porque lhes disseram: «O trabalho é sagrado, é bom, é belo, é o que acima de tudo conta, e só os que trabalham têm direito a tudo.» Mas sucede que as coisas estão feitas para serem obrigados a trabalhar o tempo todo, e dessa forma não podem aproveitar o facto de terem trabalho.
- Serão afinal estúpidos? - disse Chloé.
- Sim, são estúpidos - disse Colin. - Por isso estão de acordo com quem lhes faz acreditar que o trabalho é o que há de melhor. Isto evita que reflictam e tentem progredir até não trabalhar.
- Falemos de outra coisa - disse Chloé. - São assuntos cansativos. Diz-me se gostas do meu cabelo...
- Já disse...
Sentou-a nos joelhos. Voltava a sentir-se completamente feliz.
- Já disse que gosto muito de ti, a grosso e a retalho.
- Vá lá então a retalho - disse Chloé, abandonando-se nos braços de Colin, meiga como uma serpente.


Boris Vian, A Espuma dos Dias (trad. Aníbal Fernandes)

segunda-feira, agosto 13, 2007

(outra vez) do Pedro para a Lúcia:

É, realmente, a única coisa de ti que me apetece. "'Cause I'm feeling like a motherfucker, baby."

quinta-feira, agosto 02, 2007


Torn & Mia Murano - Flower, Sun & Rain

há tanta coisa que é pretérito
mas que vivo ainda como se fosse
presente.