quarta-feira, outubro 29, 2008

my non-ambitious ambition

my father had little sayings which he mostly shared
during dinner sessions; food made him think of
survival:
"succeed or suck eggs . . ."
"the early bird gets the worm . . ."
"early to bed and early to rise makes a man (etc.) . . ."
"anybody who wants to can make it in America . . ."
"God takes care of those who (etc.) . . ."

I had no particular idea who he was talking
to, and personally I thought him a
crazed and stupid brute
but my mother always interspersed these
sessions with: "Henry, listen to your
father."

at that age I didn't have any other
choice
but as the food went down with the
sayings
the appetite and the digestion went
along with them.

it seemed to me that I had never met
another person on earth
as discouraging to my happiness
as my father.

and it appeared that I had
the same effect upon
him.

"You are a bum," he told me, "and you'll
always be a bum!"

and I thought, if being a bum is to be the
opposite of what this son-of-a-bitch
is, then that's what I'm going to
be.

and it's too bad he's been dead
so long
for now he can't see
how beautifully I've succeeded
at
that.

Charles Bukowski in You Get So Alone At Times That It Just Makes Sense, Ecco/HarperCollins, 1986

sexta-feira, outubro 24, 2008

some suggestions

in addition to the envy and the rancor of some of
my peers
there is the other thing, it comes by telephone and
letter: "you are the world's greatest living
writer."

this doesn't please me either because somehow
I believe that to be the world's greatest living
writer
there must be something
terribly wrong with you.

I don't even want to be the world's greatest
dead writer.

just being dead would be fair
enough.

also, the word "writer" is a very tiresome
word.

just think how much more pleasing it would be
to hear:
you are the world's greatest pool
player
or
you are the world's greatest
fucker
or
you are the world's greatest
horseplayer.

now
that
would really make
a man feel
good.

Charles Bukowski in You Get So Alone At Times That It Just Makes Sense, Ecco/HarperCollins, 1986

quinta-feira, outubro 23, 2008

Christina's World


Christina's World, by Andrew Wyeth

Não nutrindo eu particular sensibilidade para tirar partido total da pintura realista, gosto realmente das obras de Andrew Wyeth, em particular deste maravilhoso Christina's World, que inspirou, já agora acrescento essa informação, (quer o livro, quer o filme que se lhe seguiu) Tideland, de Mitch Cullin (livro) e Terry Gilliam (filme).

quarta-feira, outubro 22, 2008

Doot Doot!

Sempre gostei bastante de banda desenhada, sendo que a primeira coisa que me lembro de ter querido ser (astronauta à parte...) foi cartoonista. Na altura, e tendo em atenção as capacidades dos meus pares - todos nós ainda cronologicamente muito pouco experienciados -, tinha mesmo algum jeito para a coisa. Descobri, enfim, com o desenrolar agudo da minha existência, que domino melhor as palavras do que os lápis/pincéis/demais parafernália relativa ao mundo do desenho/pintura, e deixei essa minha precoce vocação bastante negligenciada. Nunca, no entanto, sem a ter olvidado por completo.
Sou um fervoroso amante de banda desenhada, embora, por razões sobretudo económicas, nunca tenha adquirido muitos dos livros que desejaria. Nem conheço, aliás, os grandes nomes europeus, pelo menos nada que vá muito além do Morris, da dupla Goscinny/Uderzo, do Franquin, Hergé ou do Hugo Pratt. Por "menores", que sejam, dentro do género, sempre me deu grande prazer ler e acompanhar as histórias dos comics norte-americanos, particularmente os associados à Marvel Comics ou à Dark Horse, mais recentemente a própria editora do Todd McFarlane e os trabalhos independentes do Joe Madureira. Obviamente, Frank Miller ocupa um espaço de eleição na minha prateleira, por mais lugar-comum que seja (ou vá sendo). Mas, indo directo à questão, conheci, através dos Menomena - cujos álbuns originais possuo, devendo, aliás, ser a única, ou uma das duas pessoas, em Portugal, a ostentar tal coisa como verdade factual -, particularmente através do último álbum deles, Friend and Foe, de 2007, cujo design e arte são da autoria do cartoonista e "novelista gráfico" (é sempre bom, para os entendidos que são - ou se acham - bem mais que neófitos, separar os cartoonistas de novelas gráficas dos meros cartoonistas de comics, embora isso, a mim, não me faça particular diferença...) Craig Thompson, que descobri ter feito um dos livros que considero mais bem conseguidos dentro da banda desenhada: o Blankets.
Basicamente, deixo dois links, um para o seu blog (onde poderão acompanhar a evolução do seu mais recente projecto, "Habibi") e outro para o site (relativamente desactualizado, mas interessante, ainda assim). Dêem uma vista de olhos, posso quase garantir que não se irão arrepender.

Doot Doot Garden: The Artwork of Craig Thompson

Doot Doot Garden Blog

N.B.: Há desenhos dele que são francamente reminiscentes dos tempos áureos da Nickelodeon (Ren & Stimpy, particularmente), e julgo mesmo que chegou a participar com bandas desenhadas para a publicação regular dessa mesma editora/companhia/estação de televisão.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Parabéns, Joana! \(^-^)/


Peter McConnell - The Enlightened Florist

Deixar só uma musiquinha, que no outro blog já deixei um texto! Feliz aniversário!!!

segunda-feira, outubro 13, 2008

2

[...]

Ficas toda perfumada de passar por baixo do vento que vem
do lado reluzente das laranjeiras.
E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.
Queimavas-me junto às unhas.
E a queimadura subia por antebraço e braço
ao coração sacudido. Eu - perfumado
e queimado por dentro: um laço feito de odor
transposto, ar fosforescendo, uma árvore
banhada
nocturnamente. Tudo em mim trazido
súbito
para o meio. Quando este saco de sangue rodava
defronte da abertura
prodigiosa.


Herberto Helder in Ou O Poema Contínuo, Lisboa, Assírio & Alvim, 2005



Este texto foi aqui colocado como uma coisa que eu queria oferecer a uma grande Amiga. Su, é para ti.

Godspeed You! Black Emperor - The Dead Flag Blues


Godspeed You! Black Emperor - The Dead Flag Blues (Intro)

the car's on fire and there's no driver at the wheel
and the sewers are all muddied with a thousand lonely suicides
and a dark wind blows

the government is corrupt
and we're on so many drugs
with the radio on and the curtains drawn

we're trapped in the belly of this horrible machine
and the machine is bleeding to death

the sun has fallen down
and the billboards are all leering
and the flags are all dead at the top of their poles

it went like this:

the buildings tumbled in on themselves
mothers clutching babies picked through the rubble
and pulled out their hair

the skyline was beautiful on fire
all twisted metal stretching upwards
everything washed in a thin orange haze

i said: "kiss me, you're beautiful -
these are truly the last days"

you grabbed my hand and we fell into it
like a daydream or a fever

we woke up one morning and fell a little further down -
for sure it's the valley of death

i open up my wallet
and it's full of blood

domingo, outubro 12, 2008

Soul Coughing - Screenwriter's Blues



(Sim, às vezes penso que sou a única pessoa a gostar destes tipos, mas, enfim, gosto...)

sexta-feira, outubro 10, 2008

E, agora, uma sugestão de cinema:



Sügisball ("Baile de Outono"/"Autumn Ball"), de Veiko Öunpuu. Citando o cartaz: "Um filme para todos os homens com uma alma gentil e um mau fígado. Para os que estão sozinhos à noite. De cuecas."

quarta-feira, outubro 08, 2008

Agora, cala-te ó minha boca
que dizes a minha infância em eco.
Pára, ó minha mão que escreves
em caracteres tipográficos. Lembra-te
daquele que apanhava por ofício
as flores caídas ou lançadas murchas
e ao meditar entre as árvores engrandeceu
e fez rejubilar o filho de Shakya.

Fiama Hasse Pais Brandão, "Entre os Âmagos (1983-1987)", in Obra Breve, Lisboa, Assírio & Alvim, 2006

domingo, outubro 05, 2008