segunda-feira, novembro 30, 2009

fim de vida


as minhas meias da reciclagem estão a precisar de ir para a reciclagem.

domingo, novembro 29, 2009

ocasionalmente nem tudo é mau em mim

e por causa de algumas pessoas, de vez em quando, sinto-me perto de ser a pessoa mais feliz do mundo.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Penis From Heaven

Timidly the woman’s hand touched
The centre of the man’s crotch spread wide
The man is big
He was beginning to go bald
The woman is suffering from schizophrenia
She is a possesser of a beautiful soul

‘How have you avoided men until now?’
She is the kind of woman the man would be likely to ask this question of
On their wedding night,

(Have a look)
(Go ahead and touch it)

This kind of thought
Would not be expressed in words
But the kind man would think it
The scene where he compares his thing with the woman
Was great, wasn’t it
I’m talking about a movie
I don’t think there is any other scene as beautiful as that
As tender as that
One day
Something awful happened
On a day I felt gloomy
For no reason
In a quite natural move
Inside me
I remembered that scene

(Have a look)
(Go ahead and touch it)

At that time
Instead of the woman’s hand extending
A hand was extended within me
My fingers touched something very warm
Dark
And deeper than anywhere else, the human crotch
The man who can spread his crotch wide open
Like that
What sort of man was he?
In the movie
This human experience
At that time
Resurfaced inside me
It warmed me from deep inside
Me who was crushed

‘Don’t you think that she has blossomed in every way after marriage (with me)?’
The hand extended gently from within me
And the image of touching the warm penis
This and the grace-like tenderness
Where did they come from?

For example,
In spring, they appear suddenly from underneath the snow
Impudent, like black soil
For example,
Like fresh-boiled, new hot water
But
No metaphor is adequate
It was the very
Essence of life
Life itself


Masayo Koike, in Masayo Koike: Selected Poems (trad. Leith Morton), Vagabond Press, Sydney, 2006

Beco da Fé

quarta-feira, novembro 25, 2009

I'm a Sagittarian

I look up
but I'm no lover of starry skies
sharp bits of broken glass everywhere

how come then
I still like gazing?
gazing at such a great wholeness
until gently it lifts me
from the Earth?

my mood is suddenly uneasy
some one
loves you
and secretes tears
I warned myself long ago:
the spoils of love divide unevenly

I only
have myself
and sell time
to tomorrow
to make a killing
tomorrow is where brute beasts incarnate

the faces that have peeled away already
who knows where they are now
I’ve already peeled off
thirty-six of them
dog-faces, pig-faces

may I suggest to one who loves you:
don't go collecting those faces
they will devalue


Fang Xianhai, 2007

terça-feira, novembro 24, 2009

dois ponto cinco

x: mas ele gosta de ser barman?
z: não é barman, ele gosta de ser bartender,
y: ai, bartender!
x: e será "tender"?
z: bar. bartender.
x: não é isso.
y: não atingiu...
x: e tu, já chegaste lá?
z: ah, ok, se é tender
... eh, pá, não sei, de vez em quando mexo-lhe na mão, e é macia. mas não faço ideia da tenderness adjacente, ou falta da mesma.

domingo, novembro 22, 2009

é sempre agradável

sair à noite e beber imenso, para não pagar quase nada, só porque o dono do bar é amigo e "oferece" coisas, ou porque raparigas relativamente aprazíveis, se bem que semi-góticas, nos pagam shots.


IAMX - Nightlife

A música vem a propósito, que, de facto, vai-se tendo alguma dificuldade em sobreviver nas saídas à noite.

sexta-feira, novembro 20, 2009

mandei vir este filme



por cinco euros, numa edição especial de dois discos, novo. Talvez tenha havido algum engano, mas a verdade é que só desembolsei cinco euritos.

quinta-feira, novembro 12, 2009

desabufa

estou-me a tornar uma daquelas pessoas chatas que acham que já não se faz nada de jeito na contemporaneidade, pelo menos na contemporaneidade mainstream.

e isso entristece-me, porque quando era mais novo esse tipo de gente me irritava sobremaneira.

P.S.: não é que eu ache que no circuito comercial e mainstream alguma vez se tenha feito algo de excepcional mas, lá está, julgo que pelo menos já foi melhor que agora.

terça-feira, novembro 10, 2009

sinto falta dos meus amigos...

são tremendas, a facilidade e a velocidade com que ficamos sozinhos.

uma pessoa sai à noite já só para isto:





Nota: as imagens podem - e devem - ser vistas no seu tamanho normal, bastando, para isso, clicar nas mesmas, como apresentadas acima.

domingo, novembro 08, 2009

like a wild animal growls


The Duke Spirit - Red Weather

sexta-feira, novembro 06, 2009

um blog de prosa

Notando que (via conversas que foram tendo comigo e comentários deixados), mais uma vez, após visitas ao "novo" blog conjunto, o meu conceito de prosa choca tanta gente, aqui deixo um maravilhoso blog de prosa DA BOA, com historiazinhas com princípio, meio e fim, sem nada dessas coisas estranhas de "reflexões sobre a forma", nem imagens muito poéticas, que, pelos vistos, a prosa tem de ser o mais descritiva e chata possível. Espero que, desta vez, já considerem que isto é PROSA:

Clicai aqui. Espero que os vossos ardentes desejos por PROSA "a sério" sejam cumpridos.

quarta-feira, novembro 04, 2009

anúncio:

O blog em copo ou cone?, meu e do Cláudio, iniciou-se hoje, com o primeiro texto de um pseudo-coiso em prosa, ou, pelo menos, numa tentativa mais semelhante a isso, do que à poesia. Aviso, ainda assim, a querida Mónica, de que não se trata de um romance puro, tendo sempre, inevitavelmente, bocados de uma certa prosa poética à mistura. Como disse antes, acho-me incapaz de prosa à séria.

terça-feira, novembro 03, 2009

GROTTO

Não quero nada claro ou helénico.
Prefiro turbinas de aviões comerciais, a sua fuligem
doméstica
às velas de alabastro do veleiro de Ulisses
lá em mar alto.
Prefiro o eclipse a Calipso.
Não quero nada de verdadeiramente branco.
Dispenso a asa delta de garças,
o seu voo aerodinâmico,
troco-o pela arribação de ratos no esgoto,
a sua pressa chinesa,
o seu stress pós-traumático:
orgulham-me criaturas tão limpas.
Assim também recuso o papel branco:
trato de o desfigurar
com sangue negro, como se desfigura
um branco em Harlem.
Não quero começar a imaginar como se sentiriam
escravos nos campos de algodão

Daniel Jonas, Os Fantasmas Inquilinos, Cotovia, Lisboa, 2005.