sexta-feira, março 26, 2010

pífaro de plástico

se não tivesse tanta vontade estúpida e incontrolável de ter alguém, estava bem era sozinho. porra.

quinta-feira, março 25, 2010

paráfrases anichadas numa coisa que é coisa

Ao menos a Sofia acha-me bonito e, como se isso não bastasse, ainda alega que fico SEXY de blazer. Upa!

segunda-feira, março 22, 2010

coisinha mais ou menos ridícula (ridícula, pronto)

eventualmente não seria nada bom que eu te escrevesse uma carta a dizer que me estou a apaixonar por ti (que é como quem diz estou apaixonado por ti), pois não?

Jump Leads

As the eggbeater spy in the sky flickered overhead, the TV developed a facial tic
Or as it turned out, the protesters had handcuffed themselves to the studio lights.
Muffled off-camera, shouts of No. As I tried to lip-read the talking head
An arms cache came up, magazines laid out like a tray of wedding rings.
The bomb-disposal expert whose face was in shadow for security reasons

Had started very young by taking a torch apart at Christmas to see what made it tick.
Everything went dark. The killers escaped in a red Fiesta according to the sources.
Talking, said the Bishop, is better than killing. Just before the Weather
The victim is his wedding photograph. He's been spattered with confetti.

Ciarán Carson, Belfast Confetti, Wake Forest University Press, Winston-Salem, 1989

quinta-feira, março 18, 2010

Lunchtime

At lunchtime on September 16, 2001,
I squatted on the grass of the riverbank
and looked across at rubber tires
shining here and there on the other side.
If suddenly a stranger
had come up from behind me
and whispered in my ear,
“Today’s May 9, 1961, right?”
I couldn’t have denied it.
The way you do when you finish a meal
without messing your hands,
I felt that day
as if I could fuse easily
with anything, however hard.
Things like the thin body
of a little dog running in circles and sniffing the grass,
a dark-gray cloud skimming the surface of the water,
and even
phrases of poetry I’d yet to read
melted like butter
grew into a creature with no arms or legs
and quietly set about swallowing the earth.
I imagined the scene,
my mouth full
of a rice-ball I’d bought
at the boxed-lunch store across from the station,
the cheapest one of all.


Kiji Kutani, trad. Juliet Winters Carpet, in Day and Night, Yamaguichi, Cidade de Yamaguichi, 2005

sexta-feira, março 12, 2010

revelações num dia em que não me apeteceu ir a Leituras Orientadas mas acabei por ir na mesma

À saída da aula de Literatura Norte-Americana Contemporânea, noto uma coisa preta no chão: era o passe Lisboa Viva Sub-23 de alguém. Viro-o, e, enfim, pertencia a Mafalda Correia. Ora, isto não significa nada, entenda-se, assim, só. Mas Mafalda Correia, constatei-o pela foto, trata-se da criatura semi-élfica por quem nutro, desde o reingresso no curso, um fascínio incrível. E, devido a esse percalço do destino (ou qualquer coisa em que se acredite, já que eu, pelo menos, no destino não creio), não só fiquei a saber o nome da mulher - com as devidas ressalvas, já que o cartão é sub-23 -, como já a abordei para lhe indicar que tinha deixado o mesmo na portaria, nos perdidos e achados.

Life moves in misterious ways.

segunda-feira, março 08, 2010

Mohammed trains for the Beijing Olympics, 2008

In the 69-kilogram-weight class,
the Bulgarian, Boevski, is the world-
record holder. He cannot be beaten.
At least, not by Sawara Mohammed.
Mohammed, at 26, has shoveled cement
longer than he cares to remember. In Arbil,
in Kurdish northern Iraq, he strains hard
to lift the barbell with its heavy plates,
round as the wheels of chariots—then, muscles give
and the wheels bounce in dust before him. No,
he cannot defeat the Bulgarian.

The problem is in lifting weight over distance.
It isn’t a matter of iron, or of will.
Boevski’s records, in Beijing, will go
unnoticed, because Mohammed is training now
to lift the city of Arbil, with its people;
his quadriceps and posterior chain
straining, the muscles tremoring to lift
the Euphrates and Tigris both, mountains
of the north, deserts of the west, Basra,
Karbala, Ramadi, Tikrit, Mosul—
three decades of war and the constant suffering
of millions—this is what Sawara lifts,
and no matter what effort he makes, he will fail
completely, and the people will love him for it.

Brian Turner, Talk The Guns, Alice James Books, Farmington, ME, 2010

domingo, março 07, 2010

e é isto...

Aparente e infelizmente, Mark Linkous, dos Sparklehorse, suicidou-se ontem, dia 6...

Confirmar notícia aqui.

sexta-feira, março 05, 2010

rocambolescas existências

Esta chuva é um fastio de alma, mas ao menos tenho colegas de Cultura Norte-Americana Contemporânea que me deixam boquiaberto quando, ao abrirem o fecho do seu casaco impermeável, deixam à vista um aprazível e abundante par de seios que, de outra forma, passaria despercebido. E acabam por salvar uma aula eventualmente aborrecida.

N.B.: A aula também não teria sido assim tão má... e as protuberâncias mamárias alheias, per se, eram até grandes demais para a minha sensibilidade estética. Mas é que a minha testosterona já se ressente de me encontrar há "demasiado" tempo sem ninguém especial a acompanhar o meu percurso existencial.

quarta-feira, março 03, 2010

uma pertinente questão:

será que o B(ernardo) Fachada lava o cabelo?

segunda-feira, março 01, 2010

em certos dias não há é pachorra

Gostava que as coisas fossem do seguinte modo: eu encontro uma rapariga bonita. Às vezes muito bonita, mas isso não vem ao caso. Acerco-me. Digo-lhe: "és bonita, gosto de ti" e o que devia suceder em seguida era essa pessoa apaixonar-se perdidamente por mim, que dizer qualquer coisa como "és muito bonita" fosse o gatilho de uma paixão avassaladora, que não terminasse nunca, e com direito a conversas sobre James Joyce e Herberto Helder e, obviamente, Boris Vian, noite dentro, com direito a sexo conforme nos apetecesse, a pequenos-almoços em pequenos cafés que só duas ou três pessoas conhecessem, a viagens de autocarro e comboio por esse país fora - porra, por esse mundo fora! E essa pessoa também escrevia e líamo-nos e admirávamo-nos um com o outro, éramos um alimento mútuo que não se esgotava, éramos uma espécie de energia alternativa existencial um para o outro.

Mas, infelizmente, se digo a alguém "és muito bonita", o mais certo é a pessoa assustar-se. Pelo menos há-de estar ocupada com um tipo qualquer que nunca sonhou nada disto para eles os dois, sem sequer a conhecer de lado nenhum.