domingo, maio 23, 2010

para quê ir ao Rock In Rio,

se se mora em Chelas e se ouvem todos os concertos a partir de casa?

sábado, maio 15, 2010

Google Earth

The poet’s eye, in fine frenzy rolling,
Doth glance from heaven to earth, from earth to heaven.
Theseus from A Midsummer Night’s Dream (Act V, Scene 1) by William Shakespeare


We started in Africa, the world at our fingertips,
dropped in on your house in Zimbabwe; threading
our way north out of Harare into the suburbs,
magnifying the streets—the forms of things unknown,
till we spotted your mum’s white Mercedes parked
in the driveway; seeming—more strange than true,
the three of us huddled round a monitor in Streatham,
you pointed out the swimming pool and stables.
We whizzed out, looking down on our blue planet,
then like gods—zoomed in towards Ireland—
taking the road west from Cork to Kinsale,
following the Bandon river through Innishannon,
turning off and leapfrogging over farms
to find our home framed in fields of barley;
enlarged the display to see our sycamore’s leaves
waving back. Then with the touch of a button,
we were smack bang in Central London,
tracing our footsteps earlier in the day, walking
the wobbly bridge between St Paul’s and Tate Modern;
the London Eye staring majestically over the Thames.
South through Brixton into Streatham—
one sees more devils than vast hell can hold
the blank expressions of millions of roofs gazing
squarely up at us, while we made our way down
the avenue, as if we were trying to sneak up
on ourselves; till there we were right outside the door:
the lunatic, the lover and the poet—peeping through
the computer screen like a window to our souls.


Adam Wyeth in Landing Places: Immigrant Poets in Ireland, Dedalus Press, Dublin, 2010

sexta-feira, maio 14, 2010

tenho a mulher mais linda do mundo deitada ao meu lado e nunca vai conseguir saber como é tão linda (também) quando dorme.

quinta-feira, maio 13, 2010

Oh as Casas as Casas as Casas

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas


Ruy Belo, in Todos os Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000

alguma tristeza e desencanto com isto, que resumirei numa frase aparentemente positiva:

ao menos já não vou mesmo ter de conviver com o Nuno DUMPSTER.

quarta-feira, maio 05, 2010

La femme de trente ans

Amarás
o meu nariz
brilhante
as minhas estrias
os meus pontos pretos
os meus textos
os meus achaques
e as minhas manias
e as minhas gatas
de solteirona
ou não me amarás

Adília Lopes, in Obra, Mariposa Azual, Lisboa, 2000

segunda-feira, maio 03, 2010

haja gente que fique feliz!

"Tu e a Mariana são a coisa mais poética que eu já vi."
- um Amigo