sábado, outubro 31, 2009

porque há coisas de que não gosto MESMO

Ao contrário d'Os Maias, que pelos vistos toda a gente ficou a pensar que detesto, quando esse está MUITO longe de ser o caso.

Mas, enfim, se me querem acusar de não gostar de alguma coisa de que toda a gente gosta, olhem, podem sempre usar os Smiths. Nunca consegui gostar dos Smiths, sinceramente, a música deles não me diz nada, parece-me rock de velhadas que já era rock de velhadas na altura em que era feito. Ou seja, rock de velhadas à séria, que há para aí muito rock antigo de que gosto bastante, "rock de velhadas" é só um termo que estou a usar para classificar os Smiths num nicho ofensivo para mim. Por mais músicas deles, que ouça, aquilo parece-me tudo muito "mellow", muito sensaborão, sei lá... não me dá vontadinha nenhuma de nada...

domingo, outubro 25, 2009

teorias até um bocadinho estúpidas sobre algumas coisas

Este fim-de-semana acabei por não ter ninguém com quem sair, portanto, saí sozinho, para mais uma noite de relativa animação e/ou depressão - devido ao facto de estar sozinho - no Trinca Espinhas (que até tem Myspace, e assim), tendo acabado por decidir encetar uma conversa com o dono/explorador do espaço/bartender/empregado de mesa/etc, Ruben, de seu nome, para efeitos de celeridade na referência ao mesmo indivíduo, ocorrência que pode ter lugar durante o decorrer deste texto. Sucede que Ruben, para além de vocalista de uma banda popular/experimental da zona Litoral Oeste, denominada Agrupamento Lauro Palma (sucede que também este agrupamento possui mais peixe - bonito jogo de palavras com o termo "Myspace"), é possuidor de uma licenciatura no curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante de estudos Portugueses e Ingleses, concedida e reconhecida pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. E saber isto fez-me ter uma certa urgência de falar com o supra citado acerca de livros e de literatura e de autores, enfim, essas coisas.
Acontece que, felizmente, temos uma opinião muito parecida acerca disso, e a noite acabou por correr bastante bem, pese embora o facto de ter começado dificilmente (estava-me a custar sair de casa sem companhia). Queria deixar de antemão bem clara a ideia de que tenho algum respeito por opiniões diferentes da minha, e que o facto de pensar assim não me torna automaticamente um ditador que queira impingir esta opinião como uma verdade universal, embora a vá apresentar, por vezes, como se fosse, já que é minha característica típica.
A verdade é que há imensos livros que não valem nada. Que os lemos porque, ou são obrigatórios, ou porque um amigo intelectual, cuja sensibilidade respeitamos (ou respeitávamos, pelo menos) no-los "impingiu". Grandes clássicos que, em abono da verdade, não são agradáveis de ler, nem proporcionam uma experiência única. Nomeadamente, do Dostoievski, as únicas coisas que eu recomendaria são O Jogador e O Idiota... Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov são obras entediantes e demasiado compridas, com uma ou outra frase lá pelo meio, realmente imbuídas de uma centelha genial, e que, coligidas, dariam talvez um pequeno opúsculo de grande valor. Os Maias, por mais que eu goste, tornou-se, em Portugal, "aquele" livro de que toda a gente gosta; ou, melhor, "aquele" livro de que é possível ter-se conversas sobre livros; ou, ainda, "aquele" livro de que toda a gente fala, porque o deu na escola, embora, muito provavelmente, nunca o tenha lido, tendo recorrido, em vez disso, aos famigerados livrinhos da capa amarela (que para mim sempre foram os livros "abelha", já que, a meu ver, amarelo e preto não qualifica um livro para que seja "o de capa amarela"). Os Maias é o livro que toda a gente "desconhece" mas, no entanto, adora. Agora, a verdade é que não sei até que ponto desconhecem, porque a sinopse do livro da capa amarela apresenta, vistas bem as coisas, tudo aquilo que interessa, n'Os Maias... é que aquilo não assim tão bom, sejamos francos... e creio que as partes resumidas nesses auxiliares ao estudo são, muito sinceramente, o que importa e o que sobressai numa obra que, apesar de tudo de bom que se lhe aponte, não deixa de ser enfadonha em partes. Para ser franco, nunca achei as "soberbas" descrições do Eça, n'Os Maias, assim tão maravilhosas... talvez o ênfase que se dá a isso me tivesse levado a pensar que era uma coisa melhor... é a tal questão da expectativa. Que, confesso, criei em várias vezes, em relação a muitos livros, filmes, músicas... só para sair gorada ou, pelo menos, ligeiramente frustrada em quase todas as vezes.
Claro que há excepções, existem livros clássicos ou, pelo menos, livros a que se dá um valor enorme, que assim o merecem (na minha sensibilidade, isto é, já que sei que pelo menos um dos livros que tenho em mente é insuportável para uma cara amiga), nomeadamente o maravilhoso Don Quijote de La Mancha, de Cervantes (esse, sim, um livro fabuloso, de que nenhuma sinopse em livro de capa amarela consegue sequer aflorar uma pequena parte, de tão complexo e completo, que é), Ulysses, de James Joyce (desculpa, Joana), quase toda a obra do fantástico Shakespeare, enfim, os grandes poemas épicos da Antiguidade Greco-Romana, só para citar muito poucos (recuso-me a citar mais, porque estou consciente de que, embora muitas das pessoas que considero artistas de "clássicos" sejam de facto escritores reconhecidos, as suas obras não são consideradas verdadeiras bases da literatura - para além de que o meu universo literário é muito marcadamente anglo-saxónico/anglo-americano para os gostos refinados e francófonos dos meios literários portugueses/europeus/mundiais).
A minha grande questão, no fundo, é só a da expectativa em torno de um livro ser tantas vezes gorada quando o lemos, que me deixa a pensar, muito seriamente, "porque raio é que isto é considerado tão bom?!" Quer dizer... há livros por aí, que conhecemos de fazerem parte da cultura geral, que, na realidade, conhecemos tão bem, ou melhor, do que se os tivéssemos lido. Há livros de que sei que a minha ideia deles é melhor do que eles mesmos, e esses, também me recuso a lê-los. Sim, sei que a experiência da leitura também tem o seu valor, mas será que isso compensa a desvirtualização da noção, que tínhamos, de um certo livro, de um certo autor, de um certo tema? Há livros de que conhecemos as "ideias-chave" e, depois, ao lê-los, com esforço encontramos essas ideias lá pelo meio de palha e de coisas sem ritmo nem cadência nem interesse, uma frase no meio de um capítulo, se tanto.
É como, recorrendo eu ao meu conhecimento de filmes de terror de série B (neste caso, filmes giallo italianos), um dos primeiros filmes do genial Lucio Fulci (que, felizmente, começou a fazer filmes bons depois deste), Una lucertola con la pelle di donna (traduzido para inglês como "A Lizard in a Woman's Skin"), cujo trailer apresentava tudo o que o filme tinha de bom, ou seja, as quatro ou cinco únicas cenas de terror do filme estavam no trailer e, como eram, sinceramente, muito boas, muita gente poderia ter sido levada a pensar que todo o filme era extremamente interessante (salvo as devidas ressalvas, isto é, nenhum fã de comédias românticas ia achar que o filme era bom). E acho que se vive num estado em que isto acontece com os livros, mas ninguém se digna a reconhecer que muitos grandes clássicos, na verdade, são como um "trailer" de altíssima qualidade, que todos conhecemos de cor, por via de uma certa cultura geral e bom senso, mas que faz com que o "filme" pareça muito melhor do que aquilo que depois confirmamos ser.

quinta-feira, outubro 22, 2009

weeee!!!


Sons and Daughters - Gilt Complex*

* - não é erro, é mesmo este o nome da música.

terça-feira, outubro 20, 2009

a nova aquisição:




(alguém o tinha abandonado no lixo, dentro de um caixote...)

segunda-feira, outubro 19, 2009

acordam o bebé, estes safados!


We Are Scientists - Inaction

domingo, outubro 18, 2009

porque é que

o meu cabelo está sempre uma merda quando me aparece uma rapariga gira à frente? Será um sinal cósmico de alguma coisa?

domingo, outubro 11, 2009

sexta-feira, outubro 09, 2009

um poema que, em princípio, só a Mónica conseguirá ler:

Liefde weggerold
naar het andere eind
van de wereld. Geloof
in de modder van wikken
en wegen verstikt.
Zelfs de hoop beschaamd
terruggekrabbeld. En toch
genoeg over om niet dood
te willen en bij tijden
zijn tekort met dezelfde
gretigheid te omhelzen
als vroeger zijn overvloed.

Hanny Michaelis, Verzamelde Gedichten, Uitgeverij, Amsterdão, 1996

quarta-feira, outubro 07, 2009

pronto, para sermos justos, vai uma minha, também...

a exibir a banha na Consolação. Sem conhecer os conhecidos da Mónica.

my sister

armada em fotógrafa na Consolação.

terça-feira, outubro 06, 2009

ontem à noite faltou a luz



(mais Trinca Espinhas, desta vez só citado)

- eh, pá, fazes-me lembrar um gajo da minha faculdade...
- andaste na Clássica?
- não, na Nova.
- ah, é que eu andei foi na Clássica.
- mas olha que me fazes mesmo lembrar esse tipo... e não é agradável.
- tu, a mim, fazes-me lembrar o Luis Sepúlveda.
- foda-se...
- pois... mas, pronto, ele é mais feio, ainda. Tens um ar chileno. E a barba não ajuda.

N.B.: para efeitos de fidelidade, note-se que foi dito "a barba ná' ajuda", e não "a barba não ajuda". Isto convém ser referido, porque depois houve uma tentativa de minimizar o "ele é mais feio, ainda", pegando no "ná' ajuda".

domingo, outubro 04, 2009

noitada @ Trinca Espinhas

mural e pessoas.

ninfa já ocupada, a fumar.

sábado, outubro 03, 2009

erratas:

1. a t-shirt dos Sonic Youth afinal já não vem porque houve um erro qualquer com o meu cartão.
2. a gaja de cinzento (e, ocasionalmente, roxo) já está ocupada, relacionalmente falando.

sexta-feira, outubro 02, 2009

CCC, Caldas da Raínha, 14:47

Dói-me a boca e estou aqui sentado com a minha camisa cinzenta a cheirar a whisky, a olhar para uma jovem lá fora, sentada na esplanada, a pensar o que é que ela ia achar se eu chegasse ao pé dela e lhe dissesse "olha, acho-te mesmo muito bonita." E acho. Ela trabalha aqui e eu venho, confesso-o, muitas vezes a esta sítio só por causa disso. Chama-se Patrícia. E não sabe que eu existo.
Tenho sangue na boca e isso não me agrada, mas não me apetece estar a pôr uma das compressas que a dentista me deu, porque me vomito todo. Sou um fracote, é verdade, oralmente falando.
Gosto das Caldas por ser (serem? A concordância em relação a este sítio é uma coisa muito complicada, para os locais, saiba-se) uma cidade feia. Os prédios, vistos daqui, são feios, e o planeamento urbano não foi bem feito. Não é uma cidade grande, como Lisboa, com as partes antigas típicas de uma cidade grande. Toda a cidade das Caldas é antiga com prédios novos pelo meio, muitos deles bem feios e desproporcionados. Mas a verdade é que, se as Caldas não fosse (-em?) assim, tanta gente que mora aqui e escreve e pinta e desenha e estuda e toca e vive não era como é. É graças a barzinhos como o Trinca Espinhas e o Demodée e o Dejà Vu e o Apache (que já foi bar de skins, caramba!) e o Joyce e o Charrua, a pastelarias e cafés como o Machado e o Central e a Puzzle e o café do CCC e o Chá de Limão e a Pituca e o Prova dos Sentidos, sítios como o Prédio Verde (arte nova) e os Pavilhões do Parque e o antigo casino e o Hospital Termal e o Parque D. Carlos I e o Museu Malhoa e o Museu Barata Feyo e a ESAD e o CCC e a estação de caminhos-de-ferro, sei lá, por causa da especificidade toda das Caldas, que isto é como é e as pessoas que realmente são de cá gostam tanto disto. E se eu escrevo como escrevo é porque sou de cá. E se amigos meus pintam como pintam é porque são de cá. E se amigos meus tocam como tocam e gostam da música que gostam é porque são de cá. E não trocávamos este adubo cultural tão específico por nada. Porque Lisboa é Lisboa. Mas Coimbra também é Coimbra. E Leiria é Leiria (e, a meu ver, Leiria é factualmente uma merda). E as Caldas é? (são?) as Caldas. E, obviamente, traria para aqui os meus amigos todos, e desperdiçaríamos os nossos dias sentados num café e mais tarde num bar a falar de música e de filmes e de livros e de poemas e de mulheres e de homens e de vinho e de queijo enquanto, devagarinho, a rapariga de cinzento (e de vez em quando de roxo), que encontro no Trinca Espinhas, e esta empregada do CCC se apercebem que eu

estou aqui. Ok?

P.S.: pelos vistos, também estão aqui uns actores quaisquer, que devem estar aí com uma peça. Um deles é actor de cinema e televisão, mas não sei o nome do marmanjo. Mas andaram aí umas meninas com ar entre o agradável e o repugnante de volta dele, exigindo autógrafos.

a única coisa


que parece que aprendi é a paciência, ou, enfim, a cortesia de pensar coisas tão más e já não as dizer. sou mais simpático, agora, mais correcto. mas a verdade é que isso não foi aprender nada, foi desaprender-me, foi deixar de ser eu. isso é só apatia e mais nada... porque, cá dentro, continuo a insurgir-me contra as mesmas coisa, e só vou fingindo algumas porque... sei lá.