terça-feira, dezembro 18, 2007

terça-feira, dezembro 11, 2007

domingo, dezembro 09, 2007

Amigos Perdidos

Os amigos levados pela vida
são os mais difíceis de aplacar, os mais
tiranos. Bárbaros de um país desconhecido,
bebem à taça os venenos do silêncio e crescem
desmedidamente na distância, desentendidos
da nossa solidão. E pensar que já fomos
irmãos de armas, que desenterrámos tesouros
nas mesmas ilhas, nos livros
mais inóspitos. Como são as coisas.
Terá sido tudo em vão? Dir-se-ia
que estávamos predestinados às mesmas
canções, a uma espécie mais certa de amor.
Pois sim. Nem sequer compreendemos
o que nos aconteceu.

Rui Pires Cabral, in Praças e Quintais, Averno, Lisboa, 2003

sexta-feira, novembro 30, 2007

Já que estamos num BLONDE REDHEAD frenzy:


Blonde Redhead - Publisher

E esta vai mesmo para mim. Caraças.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Para a ANNIE COTRIM, essa DEUZA!!! (Sim, com Z)

Porque és uma Deuza absoluta da fotografia erótico-pornográfica, porque tens um belo rabiosque e, vá, porque me apetece, toma lá, só para ti, Annie qualquer-coisa Cotrim, musa, deusa e afins:


Blonde Redhead - Heroine

Sua TIGRONA!!! Arre!

terça-feira, novembro 27, 2007

Blonde Redhead - 23



Single do último álbum dos Blonde Redhead, com o mesmo nome, "23".

sexta-feira, novembro 23, 2007

Hallelujah!

... I'm a believer in Joy Division. Portanto, consequentemente, faço uma publicidadezinha ao filme do realizador Anton Corbijn, acerca da vida de Ian Curtis, vocalista, guitarrista e compositor dos Joy Division, que ja está em exibição em Portugal desde o dia 15 deste mês (Novembro, caso haja distraídos por aí), que aconselho vivamente - tanto o filme, como os álbuns, esses, mais difíceis de achar. Visitem, ok?

site oficial do filme


Joy Division - She's Lost Control (para se deliciarem mais um bocadinho)

quarta-feira, novembro 21, 2007

Quero toda a gente a assobiar!

(Aqueles que se virem impedidos de tal feito físico podem, a seu bel-prazer, bater palmas, produzir variadas vocalizações e, até, se, ao contrário da minha sedentária pessoa, sentirem essa necessidade extrema, exteriorizar sentimentos e repercussões musicais, dançando, pulando, abanando a anca e/ou a cabeça, e todas as actividades dessa mesma natureza. Já agora, peço desculpa pelos 15 megas do ficheiro, mas, enfim, quem estiver para aí virado, espere que carregue e dê largas à emoção e à loucura desenfreadas.)



Gogol Bordello - Mishto!

quinta-feira, novembro 15, 2007

preciso urgentemente de abraçar alguém e isto é a coisa mais parecida que posso fazer...

Joana Rita, tenho saudades tuas... tantas...

N.A.: É necessário, atendendo à quantidade exagerada de Joanas, que conheço, que especifique, daí que siga o apelido, juntamente com o primeiro nome.

terça-feira, novembro 13, 2007

Fim

E, assim, desta forma, acabo um caderno que tinha começado em Maio de 2003, justamente, com o texto "opus ultima", e uma merecida dedicatória a um bisavô inexistente.

"Ao meu bisavô, por nunca ter existido realmente."

A Naifa - Señoritas


E é assim. LOL!

the trick to life...

... is not to get too attached to it.


The Hoosiers - The Trick To Life


segunda-feira, novembro 05, 2007

Requiem para Alfredo Ferraz

Esta vai dedicada para todo o gang do gang(lio) linfático (Nené, Maia, e todo o pessoal que eventualmente venha juntar-se), pelas discussões tantas vezes toldadas pelo excesso de J&B de 15 anos, sobre um tabuleiro de Trivial Pursuit ou Scrabble, ao som de Gogol Bordello ou John Coltrane. Pelos livros do Nicolau Gogol e pelos livros do Meyrink e pelos livros do Vian e pela música do Mahler, do Verdi, do Debussy, do Ravel; por todos os cafés, amendoins, macieiras, chocolates, sumos e aperitivos, noite dentro; por todos os passeios à noite, pelas ginjas em Óbidos quando (quase) conseguimos mudar o Edgar e o Rodolfo, pelas conversas sobre tudo e mais alguma coisa, pelo jazz, pelos diálogos acerca do Alfredo Ferraz - único português campeão mundial de bilhar, deus e demiurgo que brilha através dos tempos e nos inspira hoje, claramente -, pela paciência e pela amizade:


Gogol Bordello - Santa Marinella

E porque o tempo que passamos juntos há-de ser melhor ainda do que já é.

segunda-feira, outubro 15, 2007

SIM, É POSSÍVEL DEIXAR!!!


Como deixar o WoW - guia prático

Não consigo, de forma alguma, nutrir qualquer tipo de simpatia por jogos comerciais, mas não tenho nada contra algumas pessoas, que conheço, que os jogam; não me importo, até, de falar disso com eles, durante um período de tempo, caso queiram conversar sobre o tema... mas o WoW (World of Warcraft), esse, simplesmente o abomino, de um ponto de vista até visceral. E, devo dizer, com fundamento para tal. Sei o que isto pode fazer às pessoas (posso parecer alguém que fala de uma droga, ou de um problema - acreditem, é tão ou mais grave do que isso que possa parecer), sei o que pode destruir-lhes as vidas. Perdi bons amigos à conta deste jogo, pessoas que neste momento só vivem para isso, só falam disso, desligam os computadores e tomam cafés e saem e bebem, mas falam como se vivessem sempre ali, não pensam para além do WoW. E quando digo só falam disso, é factual, noites inteiras em torno desse único assunto, de uma forma aparentemente desinteressante, para quem olha para o fenómeno, do lado de fora.
Também eu tive, recentemente, um problema com adição a jogos de vídeo, mas é uma coisa que se consegue superar sem grande dificuldade, como em tudo, se se vir o estado em que aquilo nos deixa, e se se tiver força de vontade; muito por isso falo do mal que estas coisas podem fazer. Continuo a jogar de vez em quando, uma hora, meia hora, quando não tenho nada melhor para fazer, mas recuso-me a deixar a minha vida girar em torno de algo tão mesquinho e inútil, até destruir por completo a minha criatividade e a minha vida social. Sei que as pessoas em questão não virão nunca ver um blog (e muito menos um que os ataque tão explicitamente), duvido que façam mais qualquer coisa, que não seja evoluir personagens 3D virtuais, quando respiram em frente aos monitores.

Mas, se a coisa se tornar drástica, há sempre exemplos do vídeo que mostrei, acima, a mostrar que é possível largar. Tanta merda, com o tabaco, sinceramente, acho que mais preocupante que isso, para os jovens, adolescentes e crianças de hoje, são precisamente os jogos de vídeo, particularmente aqueles que, à imagem do WoW, alienam a pessoa completamente - nem sequer da realidade, no sentido concreto, mas da existência total, com todas as irrealidades e inconcretudes que já em si acarreta.

MAKE LOVE, NOT WAR(CRAFT)

domingo, outubro 14, 2007

it ripples our reflections

Porque este blog cada vez menos serve para alguma coisa e agora parece claramente que apenas serve para ir pondo umas músicas de vez em quando,


Radiohead - Reckoner


Porque eu cada vez menos sirvo para alguma coisa e agora noto-me claramente sozinho, abandonado. E não assumo mais culpa nenhuma. Estou farto de assumir culpas por coisas que só me magoam a mim. Não querem ser meus amigos, tudo bem. Hei-de aprender outra vez, como há uns anos, que não preciso de pessoas para nada. As pessoas não prestam. Estou farto de amigos à distância, apenas, sem que esses tenham sequer alguma culpa nisso. As pessoas que me restam são tão poucas, que assusta apenas pensar nisso. E são, para grande tristeza minha, as que infelizmente estão longe.
Não minto quando afirmo: quero ao meu lado amigos que sejam quase cópias de mim, estou tão farto de pessoas demasiado diferentes, tão cansado de me encantar com pessoas demasiado diferentes, para, no fim, perceber que não valiam a pena, não valiam o esforço, não valiam nada, e de mim merecem apenas uma certa indiferença. Se eu não posso ser o mais na vida de alguém, então, não vale a pena ser nada. Se vamos estar sentados a uma mesa e não sou eu a ter quase a totalidade da atenção, não vale a pena dar também atenção. Se os meus assuntos não interessam, asseguro-vos que os vossos estão instantaneamente liquidados em mim. Vocês são toda a merda de mim. Não vos preciso. Muito obrigado.

Já agora: mood of the day - japanese
(aparentemente, esta foto suscitou comparações fisionómicas entre a minha pessoa e um habitante do arquipélago nipónico, nomeadamente, e cito, "um samurai" - though I still fail to grasp the whole concept of it)

quinta-feira, outubro 04, 2007

(eu não me esqueci de ti)

Para a Carla (vês?):



Little Annie - Freddy and Me

terça-feira, outubro 02, 2007

Nirvana

not much chance,
completely cut loose from
purpose,
he was a young man
riding a bus
through North Carolina
on the way to somewhere
and it began to snow
and the bus stopped
at a little cafe
in the hills
and the passengers
entered.
he sat at the counter
with the others,
he ordered and the
food arived.
the meal was
particularly
good
and the
coffee.
the waitress was
unlike the women
he had
known.
she was unaffected,
there was a natural
humor which came
from her.
the fry cook said
crazy things.
the dishwasher.
in back,
laughed, a good
clean
pleasant
laugh.
the young man watched
the snow through the
windows.
he wanted to stay
in that cafe
forever.
the curious feeling
swam through him
that everything
was
beautiful
there,
that it would always
stay beautiful
there.
then the bus driver
told the passengers
that it was time
to board.
the young man
thought, I'll just sit
here, I'll just stay
here.
but then
he rose and followed
the others into the
bus.
he found his seat
and looked at the cafe
through the bus
window.
then the bus moved
off, down a curve,
downward, out of
the hills.
the young man
looked straight
foreward.
he heard the other
passengers
speaking
of other things,
or they were
reading
or
attempting to
sleep.
they had not
noticed
the
magic.
the young man
put his head to
one side,
closed his
eyes,
pretended to
sleep.
there was nothing
else to do-
just to listen to the
sound of the
engine,
the sound of the
tires
in the
snow.

Charles Bukowski

segunda-feira, outubro 01, 2007

Pai do Céu

Raios partam a educação demasiado extremista seja em que direcção for. E, obviamente, no meu caso específico, refiro-me a uma coisa a que podemos chamar, de um ponto de vista católico, a "educação para a Fé". Não há nada que eu não saiba, da "educação para a Fé". Sei as bases e as teorias, mas nunca vivi nada, concretamente, do que é a . Numa conversa que tive, há uns tempos, acabei por deixar a minha mãe completamente frustrada e zangada, até, só porque disse qualquer coisa do género "nunca senti esse encontro com Cristo, que é suposto sentir". Nunca senti, de facto, e continuo a não sentir. Talvez seja só esta característica minha de contrariar, não o que está fora de mim, mas aquilo de que faço parte. Dá-me muito mais prazer contrariar as pessoas que me rodeiam, o meio que me envolve, do que aquilo que não me diz nada. Embora, sim, eu seja uma pessoa que contrarie tudo, muitas vezes só porque sim.
Passei três anos numa instituição da diocese de Lisboa, o Pré-Seminário, com encontros mensais que eu desejava, por tudo, que passassem rapidamente, para poder ficar mais um mês livre, sem nunca ter tido a coragem de dizer que não queria mais continuar ali. Eventualmente, os formadores lá se aperceberam que eu não tinha perfil para uma coisa daquelas. Demasiado elitista, sei lá, fazia grupos e não saía de dentro deles - não me sentia sequer seguro, fora deles. Demasiado calão e tímido, recusava-me a fazer desporto, fingindo muitas vezes que tinha esquecido o equipamento, ou coisa do género. Estou consciente da minha vertente Amélia, quando toco numa bola, e, francamente, não estava para ouvir os colegas e os formadores a criticarem uma coisa para a qual, simples e evidentemente, não tenho jeito nenhum. E o desporto, coisa para a qual não tenho integralmente falta de jeito, consistia unicamente na prática do futebol, para o qual, esse, sim, não possuo a menor inclinação. Aprendi "bases" e teorias várias da religião cristã/católica, não me é difícil conceber um deus uno e trino, como não me é difícil conceber os deuses antropomórficos (e por demais humanos) da mitologia greco-romana, ou os deuses egípcios ou nórdicos. A mitologia cristã é, em mim, só mais uma mitologia (menos interessante e empolgante, em muitos aspectos, aliás), e interessante apenas nesse mesmo sentido (a mitologia, no seu todo, é das poucas coisas que me apelam verdadeiramente).
Perguntavam-me, há dias, porque continuo a ir à missa todos os Sábados, porque continuo a acolitar e a cantar salmos, e a verdade é que, embora não sinta esse encontro com Cristo, como era suposto que sentisse, embora discorde de muitas tomadas de posição da Igreja, enquanto instituição, embora, em tantos e variados aspectos, não viva nem pense de acordo com a Igreja, com a qual supostamente estou em epiclese e comunhão, sinto-me aceite e útil, e isso é mais do que me sinto em qualquer outra situação ou ocasião. E não deixarei de ir enquanto assim for.
Acredito em deus, no sentido lato, e simplesmente identifico a imagem do Deus da cristandade com essa figura em que acredito. Acredito nos apóstolos, mas acho São Paulo uma "aberração", e sinto que foi por "culpa" dele (ou de quem quer que seja que o tenha "inventado") que a Igreja tomou o rumo que tomou.
Acho ridículas, certas contradições da Igreja. Por um lado, dizem (dizemos, vá...) que Deus nos criou livres, livres para estar n'Ele ou fora d'Ele (pecado), para pensarmos o que quisermos, para vivermos de acordo com os nossos princípios, mas essa mesma livre-vontade é posta em causa quando, por exemplo, e cinjo-me a um exemplo muito concreto, não conseguimos - não conseguimos mesmo, de um ponto de vista quase fisiológico - amar toda a gente, nem sequer os mais próximos, e temos de amar. Porquê? Porque está na Bíblia, porque me mandaram. Um Deus que nos cria livres, por outro lado, tem uma instituição que nos ordena coisas a representá-lo. Que acredita num livro "porque sim", e não se discute o porquê. Um livro que foi compilado dessa forma, porque São Jerónimo queria que fossem lidos e conhecidos apenas certos evangelhos, os que eram mais de acordo com o que o Papa de então achava, e que "calariam" os grupos de cristãos que pensavam de forma diferente, unindo-os todos sob uma suposta Bíblia "oficial" (a Vulgata, ainda hoje texto oficial da Bíblia cristã).
E acho que, enfim, por hoje, por agora, é tudo o que consigo dizer. Talvez pegue nisto daqui a uns tempos, há coisas que tenho a certeza de ainda querer falar, mas não sei como as inserir no texto presente.

sexta-feira, setembro 28, 2007

The Seatbelts - Tank! (live)



Sim, para quem possa estar a calcular, os Seatbelts (dirigidos pela compositora Yoko Kanno) fizeram a banda sonora do anime Cowboy Bebop, da qual esta Tank! (música do genérico inicial, no já referido anime) faz parte.

terça-feira, setembro 25, 2007

"I got life"

Não apenas vida (para a qual não tenho, aparentemente, jeito nenhum), tenho amigos, mesmo que distantes, mesmo que não nos vejamos nem falemos há demasiado - mesmo demasiado - tempo. Por isso, para alguns deles, aqui ficam umas musiquitas janotas que, de uma forma mais ou menos pessoal me lembram deles:

Para o João (little joe, 0, icaruh, you name it...):



The Seatbelts/Yoko Kanno - Bad Dog No Biscuits (nem sei ao certo porquê, enfim...)

Para a Sandra:



Belle Chase Hotel - Derangé (tu sabes porquê)

Para a Joana (Joana Martins Fernandes, minha darlém, conhecida há uns tempos por morgaine e derivados afins):



Pulp - This Is Hardcore (and you sure are hardcore too, damn!)

Para o Maia (ok, este tem estado bem presente, felizmente):



John Coltrane - Mr. P.C. (tinha de ser o nosso Coltrane, pá!)


É possível (e concreto, aliás) que as músicas demorem a carregar, que o servidor é lento e estúpido, e a largura de banda que me é dada é uma coisa muito estranha. Estranha e pouco funcional. Mas, com paciência, tudo vai lá.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Cidade dos Desaparecidos

Muitas vezes não amei Lisboa,
não soube amá-la ao anoitecer
dos dias úteis, quando era gasta,
parada e suja, e nos autocarros
quase vazios viajava de luz acesa
a entranhada tristeza do mundo
que foi a minha primeira e mais
precoce intuição. Grande cidade
dos desaparecidos, eu não tive
tantas vezes a saúde de gostar
dos teus pequenos jardins
abandonados. Quando nos cafés
já iam desligando as máquinas
e do outro lado da linha ninguém
voltava jamais a responder
como eu queria, quantas vezes
não pude achar o sítio e o sossego
para esquecer e dormir? Mesmo assim,
eu não te fiz justiça, Lisboa, quando
me queixei de ti: eu não era exemplo,
eu sempre estranhei um pouco a cama
da vida.

Rui Pires Cabral, in Longe da Aldeia (2005)

sexta-feira, setembro 07, 2007

LOL

http://www.myheritage.com


Gosto particularmente da menina. Temos tudo a ver.

terça-feira, setembro 04, 2007

do groze para o Pedro

"Não, eu não fumo, mas, se me arranjares um whiskyzito bom, acompanho-te num excesso de alcoolemia."


The Seatbelts - The Power of Kung Food Remix

segunda-feira, setembro 03, 2007

Para a Ana

(por demasiadas coisas mas, sobretudo, pela paciência)


The Seatbelts - Gotta Knock a Little Harder

segunda-feira, agosto 27, 2007

JP Simões (feat. Luanda Cozetti) - Se Por Acaso (Me Vires Por Aí)


Esqueçam apenas a publicidade final aos "Fornos do Padeiro", e afins... se puder ser.

domingo, agosto 26, 2007

Citações avulsas

i.

- Aquilo é carro de homem.
- Carro de homem? Mas porquê?
- É quadrado e velho demais. E é branco.

ii.

- Então, mas tu vens assim vestido?
- Que tem?
- Eh, pá, ya, ok, é um concerto de jazz...
- Ah... pois... onde é que vais ficar?
- Lá em baixo.
- Hmmm... ok. Eu estou ali em cima.
- Não queres vir para o pé de nós.
- Eh, pá... não.

iii.

- Olha lá, mas tu esquece-la de vez e dás-me um beijo, porra?
- Eu até te posso dar um beijo, se quiseres, mas não sei se a esqueço.
- Então, não sei se, assim, quero...
- Tu é que sabes.

iv.

- Mesas com nomes de escritores... eu estou na do Séneca.
- Logo de onde havia de vir... filho de um talhante!
- Às vezes temos essas surpresas... é do lado de onde menos se espera. Uns, andam em cursos e nem os tiram. Os filhos dos talhantes é que pegam nos escritores. É assim.
- Mas, repara, afinal não é mesas por escritores, é mesas por citações... (LOL) eu estou na mesa com uma citação do Séneca, uma citação provavelmente acerca do amor.
- Ah... pois... mesmo assim -
- Provavelmente foi tirada de um daqueles livrinhos com "dizeres e saberes". (LOL)
- ...
Nunca serei um Luiz Pacheco, que admiro, sou apenas um eu, e até mesmo nisso sou um falhanço. Até mesmo nisso fico aquém de mim mesmo.
Eu tenho uma capacidade prodigiosa: a de me deprimir ainda mais, quando penso que não é possível estar mais na fossa do que já estou.


Nick Cave & The Bad Seeds - Messiah Ward

sábado, agosto 25, 2007

No rescaldo do concerto da Jacinta, em Óbidos


O meu bilhete era o noventa e sete, comprado, por dez euros (nem o mínimo desconto, caramba!), no Posto de Turismo de Óbidos, à irmã da Filipa Cabaços (Joana?), quase uma semana antes do concerto. O estado do tempo, nos dias que antecederam o espectáculo, não deixava prever que fosse estar uma noite tão agradável. Estava, de facto, e a própria Jacinta (que entrou, como seria de esperar, ligeiramente atrasada em palco) o constatou, alegando que o São Pedro estava, com certeza, do seu lado, uma vez que, desde que tinha chegado a Óbidos, dois dias antes, só tinha sido recebida por um vento gélido em toda a parte.
O auditório (no fundo, toda a parte do antigo celeiro da raínha, na Cerca do Castelo) estava relativamente cheio, presumo que não tão cheio como nas noites de ópera, ou nos dias dos outros concertos de verão (Teresa Salgueiro, João Pedro Pais & Mafalda Veiga e Mariza) - presumo, apenas, uma vez que não faço questão de ir aos outros, e a ópera já passou -, mas, de qualquer forma, estava "composto". A maior parte, habitantes locais, pouco habituados a jazz, que aproveitam simplesmente o facto de terem concertos à porta - e tão baratos. Atrás de mim estavam uns pseudo-tios, que, antes do espectáculo, não se calavam com conversas em torno de sapatos e sandálias Fly, sendo que houve mesmo uma altura em que a dita sandália, e respectivo pé, se encontraram lado a lado com a minha bochecha esquerda, dado que a querida donzela pretendia exibir tal peça de calçado a outrém, ao seu lado, e o espaço entre filas era mais que apenas reduzido: era praticamente inexistente. Os joelhos da titia tocavam-me nas costas e o braço da namorada pertencente a um casal alemão, cujo elemento masculino se encontrava sentado à minha frente, passava por cima dos meus próprios joelhos. Também não havia grande espaço para os lados, mas como, de um lado, tinha apenas um amigo meu, com o qual tenho algum à-vontade para o contacto físico e, do outro, mais um factor masculino de um casal, que estava mais entretido com a sua parceira, do que com o concerto em si, sendo que passou todo o tempo em cima dela, o que me dava algum espaço de manobra, para o lado esquerdo. Ficámos de frente para o palco, mas numa bancada onde toda a gente parecia não ser grande apreciadora de jazz - não havia palmas para os solistas, mesmo quando a Jacinta pedia, ninguém cantava com ela, enfim, o típico "espectador-desligado que aproveita tudo sem gostar realmente de nada". Já na bancada do nosso lado esquerdo (onde, não sei porquê, devia ser do magnetismo que vinha dali, ponderei ficar, quando chegámos), estava o público do jazz em peso; alunos da ESAD, frequentadores da semana de jazz do Valado dos Frades, pessoal que conheci de vista, do Trombone, alguns "conhecedores", indubitavelmente pessoas de fora e, em geral, fãs e apreciadores. Olhando para o anfiteatro, conforme se enchia (chegámos muito antes da hora, bebemos ainda uma ginja, antes do concerto, e fomo-nos sentar, sendo que vimos ainda o espaço a encher), concluí que, se bem que Óbidos tem, de facto, o ambiente para o jazz, não bate o jazz tocado, de forma mais intimista, num clube ou num bar, em frente a uma mesa, e não em bancadas.
Fora isso, o céu estava lindo, viam-se todas as estrelas e, quando a Jacinta entrou em palco e começou a cantar as primeiras notas de "Decide Lá" (I'm Beginning to see the Light, do Duke Ellington, adaptado para português), até o pormenor de alguns aviões, no céu, se tornou delicioso. Foi complicado não me mexer mais, não exteriorizar mais, dado que o espaço era pouco e, de todos os lados, parecia haver pouca abertura a demonstrações físicas de musicalidade cá dentro a querer saltar para fora, ainda para mais quando tocaram as versões jazz do Zeca - geniais, todas elas, sobretudo "Foi Coimbra os meus amores" (Oh Coimbra do Mondego) e Tenho um Primo Convexo. O quarteto que a acompanhava era genial, destaco, de entre eles, o baterista e o contrabaixista (é estúpido, ela até fez questão de apresentar os elementos do quarteto por duas vezes, mas não me recordo dos nomes de nenhum... seria a ginja a fazer efeito?), embora o saxofonista tenha tido uns solos muito bons e o pianista, em muitas ocasiões sem Jacinta tenha sido, sem dúvida, a alma do palco. O concerto levou-nos a Bessie Smith, Djavan, Jobim, passando por Porter e Ellington, todos grandes mestres do jazz e do blues, interpretados com a magia e o respeito de uma mulher que se tornou quase música, em cima do palco, vagueando pelos ouvidos e pelas cabeças e - acima de tudo o resto - pelos corações do público. É certo que o mesmo público, habituado talvez às óperas, que têm intervalos, esperava que o concerto durasse mais, sendo que poucos se aperceberam que o fim do concerto era o fim do concerto e não o fim da primeira parte... É certo, também, que não cantou nem acompanhou, nem sequer quando a Jacinta pediu (à excepção da Canção de Embalar, do Zeca Afonso, música em que toda a audiência, mais ou menos, enfim, participou)... mas duvido que alguém não se tenha deixado contagiar por momentos de jazz do mais puro e brilhante que se pode ter a oportunidade de ouvir.
É para repetir. E esperar que a Óbidos Patrimonium, empresa a cargo de quase todos os eventos culturais da vila, tenha percebido que Óbidos tem, seguramente, mercado e espaço para o jazz.

N.A.: Depois de me terem informado, decidi adicionar este apontamento: referi o concerto da Teresa Salgueiro como tendo, presumivelmente, mais gente que o da Jacinta mas, de facto, esqueci-me de informar que a Teresa Salgueiro cancelou/adiou o seu espectáculo, devido ao mau tempo. De qualquer forma, continuo a presumir (sou uma pessoa que presume muito) que estariam mais pessoas nesse concerto, se tivesse decorrido, do que no de ontem.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Moete Hero - o verdadeiro sentido por detrás da letra

Todos estes anos pensámos que a letra da música do genérico de Tsubasa: Capitão Falcão (ou apenas "Captain Tsubasa") era japonesa, mas Ion e os Filhos do Vento vieram esclarecer-nos acerca da verdadeira origem do autor deste autêntico poema: sem dúvida um génio luso-nipónico.

O Terror (factualmente)

Armadilhas espalhando o terror por Santarém.

terça-feira, agosto 21, 2007

Porque há quem saiba dizer o que eu penso sobre as coisas quotidianas

XXV

- Por que são a um tal ponto desdenhosos? - perguntou Chloé. - Trabalhar não é coisa assim tão boa...
- Disseram-lhes que é bom - respondeu Colin. - Em geral costuma achar-se que é bom. Mas a verdade é que ninguém pensa assim. Trabalha-se por hábito, justamente para não pensarmos nisso.
- De qualquer forma, é idiota fazer um trabalho que pode ser feito pelas máquinas.
- É preciso construir máquinas - disse Colin. - Quem o fará?
- Oh! Claro! - disse Chloé. - Para fazer um ovo é preciso uma galinha, e uma vez que haja galinha podemos ter uma porção de ovos. Portanto, mais vale começar pela galinha.
- Seria preciso saber o que impede a construção das máquinas - disse Colin. - É, com certeza, falta de tempo. As pessoas perdem tempo a viver, por isso já lhes não sobra nenhum para trabalhar.
- Não será antes o contrário? - disse Chloé.
- Não - disse Colin. - Se tivessem tempo para construir máquinas, depois já não seria preciso fazer mais nada. O que eu quero dizer é que trabalham para viver, em vez de trabalharem para construir máquinas que iriam levá-los a viver sem trabalhar.
- É complicado - concluiu Chloé.
- Não - disse Colin. - É muito simples. A coisa deveria dar-se progressivamente, bem entendido. Mas perde-se tanto tempo a fazer coisas que se gastam...
- Não acreditas que gostassem mais de ficar em casa a dar beijos à mulher, de ir à piscina e a divertimentos?
- Não - disse Colin -, porque não pensam nisso.
- Mas será culpa deles, se pensam que trabalhar é bom?
- Não - disse Colin -, a culpa não é deles. Foi porque lhes disseram: «O trabalho é sagrado, é bom, é belo, é o que acima de tudo conta, e só os que trabalham têm direito a tudo.» Mas sucede que as coisas estão feitas para serem obrigados a trabalhar o tempo todo, e dessa forma não podem aproveitar o facto de terem trabalho.
- Serão afinal estúpidos? - disse Chloé.
- Sim, são estúpidos - disse Colin. - Por isso estão de acordo com quem lhes faz acreditar que o trabalho é o que há de melhor. Isto evita que reflictam e tentem progredir até não trabalhar.
- Falemos de outra coisa - disse Chloé. - São assuntos cansativos. Diz-me se gostas do meu cabelo...
- Já disse...
Sentou-a nos joelhos. Voltava a sentir-se completamente feliz.
- Já disse que gosto muito de ti, a grosso e a retalho.
- Vá lá então a retalho - disse Chloé, abandonando-se nos braços de Colin, meiga como uma serpente.


Boris Vian, A Espuma dos Dias (trad. Aníbal Fernandes)

segunda-feira, agosto 13, 2007

(outra vez) do Pedro para a Lúcia:

É, realmente, a única coisa de ti que me apetece. "'Cause I'm feeling like a motherfucker, baby."

quinta-feira, agosto 02, 2007


Torn & Mia Murano - Flower, Sun & Rain

há tanta coisa que é pretérito
mas que vivo ainda como se fosse
presente.

terça-feira, julho 31, 2007

A propósito de temperatura

Saiba-se que as praias do litoral oeste são um tormento para a genitália masculina, no que à temperatura da água diz respeito. Citando um amigo meu, há uns tempos atrás (há MUITO tempo atrás), quando entrava nas águas da praia do Baleal Sul: "oh, Pedro, eu vou para a toalha, que já não sinto os testículos." E é verídico. Após minutos de diversão aquática numa água que geralmente está minada de limo e algas diversas, torna-se, ou insuportável, ou apenas tolerável caso se fique de molho. Ainda a respeito do limo, isto traz vantagens para pessoas descuidadas, que usam calções/sungas/cuecas de banho/bikinis cujos elásticos não primam pela qualidade, e descaem, deixando entrever a púbis. Quando a minha irmã, jovem criatura, ainda, nessa altura, possuindo cerca de cinco ou seis anos, um dia entrou na água e uma donzela deixou, precisamente, que a parte de baixo do seu bikini exibisse todo o monte de Vénus e respectiva penugem, comentou, rindo imenso: "olha, aquela menina tem uma alga enfiada no bikini!" Portanto, provo a minha teoria. Mas a água, essa, ou, melhor, a temperatura da mesma água, é uma tortura para partes... digamos... mais... sensíveis.

segunda-feira, julho 30, 2007

sábado, julho 28, 2007

Foz do Arelho com amigas

Quem me conhece sabe obviamente que, morando nas Caldas da Raínha/Óbidos/enfim, sempre fui muito pouco apreciador da praia da Foz do Arelho, não sei sequer bem explicar porquê, é daqueles meus preconceitos meio infundados, que vou mantendo mais por teimosia do que por qualquer outra coisa. Não sei se por causa de não gostar da praia em si, se por não gostar do tipo de pessoas que a costuma frequentar, se pelas memórias meio distantes de colónias balneares muito mal passadas, se até pelos velhos piqueniques da turma de nono ano (no lado de lá, é certo, nos Belgas, mas, para mim, é tudo Foz), mas algo em mim repudia a Foz do Arelho, que não seja para um café tomado ao anoitecer, num dos bares da marginal, ou um copo, já à noite, no Trombone, único bar de jazz da zona. No entanto, e apesar de todas estas coisas, ontem lá me decidi a sair de casa e fazer qualquer coisa, para variar, não sei, e arrisquei ir mesmo à Foz, aproveitando uma fortuita boleia que me foi cedida pela minha querida irmã, uma vez que ia ter com amigas à dita praia. E lá seguimos, equipados com protector solar de factor 15, sandálias, fatos de banho, t-shirt, malas com livros e toalhões de praia, leitores de mp3 e toda uma parafernália de adereços, no veículo automóvel do papá.
Há coisas que concluo: primeiro, que não tenho o à-vontade com as pessoas da idade da minha irmã, para manter uma conversa coerente com elas; segundo, que o irmão mais velho não é visto como uma companhia que se quer manter por perto, quando não tem sequer o já referido à-vontade com as amigas; terceiro, que o irmão mais velho está com um corpinho meio decadente, e enquanto não começar a fazer uma dieta rígida ou a ir a um ginásio, é vergonhoso ser-se vista com ele, quando tira a t-shirt; quarto, que é um alívio encontrar, numa toalha, isolada, uma amiga da turma de secundário, que nos aceita e nos acolhe, apesar da barriguinha já não ser a planície de outrora. Há muito senhor que se depila aparentemente numa rotina regular, nas toalhas em redor, de peito lisinho e trabalhado, deitados ao sol de fim de Julho, há famílias bonitas e funcionais, um casal e a filhinha, o indivíduo feminino, parte integrante do casal, a trocar sentidos mas discretos carinhos com o esposo (ou aparente esposo funcional e querido), acariciando-lhe o pescoço, há um cavalheiro todo ele muito vertical, à primeira vista incapaz de movimentos redondos, que lembra uma mistura entre o Mr. Burns, dos Simpsons, o Vítor Espadinha e o Mr. Bean, e que fica demasiado tempo a conversar, de gatas, com o rabiosque voltado, bastante empinado, para o lado onde eu estava deitado. Há um universo fascinante e há até uma jovem colega da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, que me é aprazível visualmente, e que não creio ser desta zona, sendo que grande parte da minha tarde foi passada, intimamente, a indagar sobre a proveniência de tal excelsa criatura.
Fico feliz de ocasionalmente ainda ir encontrando pessoas que importam, que fazem falta na vida, pessoas que me sabem fazer sentir bem de ser como sou, que não me levam a dizer coisas que não me apetece, ou a ser momentaneamente coisas que não sou, e, com o tempo, me deixam até com a confiança requerida para tirar a t-shirt segura, com o nítido olhar reconfortante de "não estás tão mal assim, porra", sentimento que eu próprio reitero, olhando em volta e apercebendo-me de que, afinal, entre os meninos e senhores aprumados, delicados, trabalhados, depilados, há outros cavalheiros em igual ou pior estado de degradação que o meu próprio. Fico sobretudo feliz de poder passar uma tarde a falar de teatro e de literatura e a ler excertos d'A Casa dos Budas Ditosos (que, saiba-se, felizmente, de budista tem pouco ou nada), a falar-se do Nineteen Eighty Four, do Orwell, conversa que levaria inevitavelmente a que se falasse no Animal Farm/O Triunfo dos Porcos e, mais estranhamente, no 2001: A Space Odyssey, do Arthur C. Clarke e do Stanley Kubrick.
Mais tarde chegaria uma outra amiga, por quem já esperávamos, com quatro crianças, e acabámos por passar uma tarde divertida (vá-se lá saber porquê, os miúdos adoram-me, a mim, que sou das coisinhas mais irritantes e antipáticas que por aí andam), a falar de desgostos amorosos com alguma ligeireza, cada um pôde falar muito, com a certeza de ser ouvido, com interesse, por parte de quem quer fosse, e isso é daquelas coisas, numa vida, que se deviam sempre aprender a manter.
Foi um dia que trouxe, como todos, também lembranças menos boas, mas acabei por acompanhar a minha irmã numa viagem de autocarro, de volta às Caldas, a ouvir Gogol Bordello no mp3, enquanto atravessava a paisagem decrépita do interior, com um velho sentado ao lado, a exalar um cheiro a suor e a rebuçados Dr. Bayard, que estupidamente ficava bem com tudo aquilo, e tudo parecia certo e bem, e por dentro, apesar de todas as coisas, eu estava perto de estar muito feliz.

E, já agora, fiquem ao som da minha música de atravessar a província:



Gogol Bordello - Haltura
(para que se veja que não preciso de ir ao FMM de Sines, para descobrir bandas ucranianas que misturam punk com música cigana e tradicional)

sábado, julho 14, 2007

Noite no karaoke

Sentamo-nos ao balcão, não há lugar nas mesas, estão ocupadas por famílias que, pelo menos a mim, me parecem um bocadinho deslocadas, à uma da manhã no bar, rindo muito, ouvindo o casal que canta uma música do Tony Carreira. Pergunto-me se a mulher também está a cantar, só ouço a voz do homem, uma espécie de tenor mal trabalhado e com a voz já bem tocada de muito álcool. Alguém no grupo sentado ao balcão connosco faz um apontamento breve, mas sarcástico, acerca da barriga do senhor, e eu procuro entre os pescoços das pessoas em frente um espaço para ver se consigo vislumbrá-la. Consigo. O homem é de facto gordo. A voz, não sei, já daria para entender isso.
Chamam o Zé Pedro, para cantar uma música dos D'ZRT, a mais conhecida. O Zé Pedro deve ter quatro ou cinco anos e não tem voz que se ouça, conforme canta. A música dos D'ZRT passa, inteira, e, para mim, é apenas instrumental. Ainda bem, penso. Tinha passado bem, sequer, sem a música, de todo.
Um homem, cujo nome me escapa (estaria provavelmente a atentar na fauna juvenil que ali se encontrava ao meu redor), canta em seguida, empenhado e com alguma taxa de sucesso, a "Don't Let The Sun Go Down On Me", do Elton John e do George Michael. Não há grande aderência por parte das pessoas. Não há grande aderência da minha parte. Batem-se palmas no fim. Ouve-se uns "ele mereceu" vagos, ocasionais, entre aplausos.
Sobem ao palco improvisado (e, na verdade, ao mesmo nível do chão do resto do bar) dois miúdos, um com cerca de catorze anos, o outro (irmão?), aparentando ter cerca de oito, nove. Animados, mas muito fora de tom, berram as letras da "Maria", dos Xutos e Pontapés. Viro-me para o balcão, a cabeça a latejar do barulho todo e dos risos de quem não tem qualquer tipo de coragem para substituir um, que seja, dos cantores.
Vejo demasiadas meninas que me olham mas penso "na verdade não me devem estar a ligar nenhuma." Algumas delas são interessantes, de um ponto de vista físico, entenda-se, quanto ao resto não me devo manifestar, seriam conjecturas. É verão e há decotes e seios mais ou menos roliços, mais ou menos bem feitos, há muito senhor de calções e de polo em tons róseos com o crocodilo típico da Lacoste sobre o peito esquerdo - direito do observador. Não garanto na verdade que assim seja - pode ser invertido. Para todos os efeitos, são polos de tons róseos e azul-bebé, da Lacoste. As meninas dos decotes acham mais piada a esses, do que a mim, preso num nicho social entre o emo e o freak e o raio-que-o-parta.
Bebendo o meu Famous Grouse novo (não há dinheiro para mais), penso se algumas dessas designações de tribos urbanas servem de facto para alguma coisa mais, que não seja o controlo mais ou menos velado das revistas pop de adolescentes e jovens sobre os mesmos. Hoje muitos desses adolescentes e jovens cresceram e já não são nem adolescentes nem jovens, mas continuam a acreditar piamente que estão dentro daquele estrato, que pertencem à grande família da tribo urbana a que "escolheram" pertencer. Nada disto importa, acabo o golo de whisky e volto-me para o palco de karaoke novamente.
Entretanto demasiadas miúdas de catorze e quinze anos já cantaram Mafalda Veiga e João Pedro Pais (dos quais gostam, a par de 50 Cent, Limp Bizkit, Korn e Chamillionaire), muito mal cantado, e, penso eu, ainda bem - que nada mais merecem a Mafaldinha e o Johnny-boy, que serem assassinados musicalmente, por (pseudo-)fãs irritantes. Continua a haver raparigas que me olham, só duas me interessam, na verdade, e talvez por isso me convenço que são as que me olham mais, se bem que uma esteja acompanhada por um tipo qualquer. Penso: "deixa-te de coisas... tu, para elas, és uma camisa vermelha e branca, de flanela, de mangas arregaçadas, com uma sweat-shirt cinzenta por baixo, uma pulseira e umas calças castanhas de bombazina. Provavelmente um péssimo cabelo, barba e óculos." E é isso que me sinto. E sobretudo sinto que estou tão perto de andar ao engate em bares e isso assusta-me e por isso escondo tudo atrás de outro golo no Famous Grouse novo.

E entretanto penso: se eu subisse ao palco para cantar "Ma Meeshka Mow Skwoz", dos Mr Bungle, será que a tinham, na base de dados da "máquina de karaoke" (não sei o nome daquilo)? E, a terem, será que haveria letra a passar, para eu acompanhar? Gostava muito de experimentar.

sexta-feira, julho 13, 2007

Nescafé... quem quer? LOL!

Escrevi no meu blog lonely gigolo um texto que versava acerca da "cinematografia", da poesia da televisão como a recordo, quando era uma criança, da televisão que "aquecia a alma", em tudo, e fixei-me particularmente num anúncio, esse, da Nescafé, que segue abaixo, sendo que não quis estar a colocar o vídeo no texto onde seguramente mais falei dele, por achar que o texto em si era muito mais lato, e não o querendo resumir ao dito anúncio (peço desculpa pelo comentário "Mistério Juvenil.com" que se ouve ao início mas, também, reconheçamos e demos-lhes crédito, pois são as únicas pessoas a trabalhar a "nostalgia televisiva - e não só" semi-recente):



Uma delícia.

quarta-feira, julho 11, 2007

Sem título nem vontade

Quem se lembra de mim? Para quem sou o melhor do mundo? Para quem sou o mais especial, acima de todos os outros? Para quem sou especial? Quem me conta coisas quando está mal? Quem recorre de imediato a mim numa situação qualquer? Quantas pessoas se lembram de me telefonar, de me mandar uma mensagem, uma carta de vez em quando? Quantas me lêem e gostam do que escrevo, do que sou, do que faço? Quantas pessoas que me conhecem pensam em vir visitar-me? Será que há pessoas com saudades minhas?

Conheço algumas pessoas que pelo menos às vezes têm razão quando dizem que toda a gente devia morrer.

segunda-feira, julho 09, 2007

Para a minha mãe. Sem urina.

Porque na verdade não falamos, mesmo que eu queira e tu queiras. Porque as coisas não são nunca como queríamos que fossem. Porque me apaixono, sim, muito, mesmo que me desencante sempre na mesma medida em que me apaixono. Às vezes sinto tanto a falta de um colo, de alguém que me ouça e que não seja amiga nem amante nem confidente nem nada - apenas mãe. Sei lá. Estou tão triste.

terça-feira, maio 29, 2007

porque porra te abanas tanto a andar?

não gosto de pessoas fashion demasiado bronzeadas, são pequenas afrontas de verão fora de tempo. frutos estranhos. cabelos lavados esvoaçantes de uma brisa marítima que não existe. coisas deslocadas.

Na rádio

na rádio, o senhor com pilinha pelo menos supostamente envia beijinhos e abraços, mas a senhora com pipi pelo menos supostamente envia apenas beijinhos.

os homens não dão beijinhos a outros homens.

domingo, maio 27, 2007

Blogspot, mais um recadinho:

A apagares este texto também, já lá vão SEIS! Porra... comporta-te, sim?

terça-feira, maio 01, 2007

mais uma teoria?

acho que o que se passa é isto: mais do que sentir, gosto de fazer sentir.

segunda-feira, abril 30, 2007

domingo, abril 29, 2007

nas palavras de outra pessoa qualquer

"O que eu queria hoje era passar a noite de mãos dadas com alguém, enquanto o outro ser me sussurrava coisas bonitas ao ouvido.
O que eu queria hoje era um beijo na boca apaixonado, com direito a levantar um dos pézinhos como é habito.
O que eu queria hoje era que o amanha nunca chegasse."
by Joanne

Há coisas que dizem que me fazem sentir isto: nunca nada na minha vida aconteceu como deveria ter acontecido. Sonhei sempre demais e a realidade nunca vale mesmo a pena. Nunca vale mesmo. E depois penso tantas coisas, imagino-as, queria que acontecessem de tal forma e nunca acontece que aconteçam, ou se acontecem duram pouco e depois ainda há o resto de um dia para viver. Ainda há outras pessoas para além de mim, diferentes, outras, exteriores e existem tanto como eu. E o que é preciso dura pouco. Pouco demais.

Mas ao menos sei que há mais pessoas como eu. Que há mais desesperados de sentimento, que há mais apaixonados de sonhos, que há mais viventes como se a vida fosse um livro ou um filme ou uma peça de teatro. E isso hoje faz-me estar uma espécie de coisa que posso fingir: é felicidade.

sou mais solar hoje

apesar de todos os adultos que me incomodam quando não sabem pedir algo pelo nome, e apontam nos preçários "este aqui", apesar de todos os adultos com a sua vergonha de sentir, com a sua vergonha de viver, apenas argumentando como se vivêssemos num tribunal ou numa apresentação científica constante, apesar da criança saber pedir pelo nome as coisas que os adultos apenas apontam nos preçários com vergonha, hoje não me interessa - tenho amigos, acho que posso dizer assim, que gostam tanto do que escrevo, acompanham-me e dão-me prémios em forma de abraços mesmo que não o saibam. tenho amigas muito bonitas que me dizem "porque não gostas de tirar fotografias? és tão bonito." mesmo que eu não me sinta tão bonito.

por isso hoje sou mais solar do que antes.

às vezes também me apetece... também me apetece e é mais fácil.

de profundis amamus

Ontem às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria

Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
é há quatro mil pessoas interessadas
nisso

Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso

Mário Cesariny de Vasconcelos

sexta-feira, abril 27, 2007

segunda-feira, abril 23, 2007

um silêncio entrecortado

que paz é esta que sinto porque te vejo? que sonho de lábios é este, quando não sei o teu sabor? acalmas em mim todas as dores e por isso sinto uma coisa por ti. uma coisa muito bonita. tu és tudo o que eu quero. mesmo que na "verdade" não sejas.

comecei por vir aqui sem esperar que existisses mas agora que te sei quero amar-te, quero ter-te perto de mim...

sábado, abril 21, 2007

quarta-feira, abril 11, 2007

constatações do óbvio numa tarde desocupada

um vilão é uma personagem que as outras personagens odeiam ou que o autor apresenta como necessária e/ou inteiramente má. pelo menos inerentemente má. não creio que na vida real existam pessoas inerentemente más ou inerentemente estúpidas ou inerentemente boas, apenas pessoas que querem ser felizes e fazem o que acham que devem, para o serem. haverá decerto pessoas que procuram a infelicidade e a miséria mas, não será essa ideia, em si mesma, uma ideia de objectivo, de plenitude, de felicidade?
toda a história que se proponha imitar a realidade, transmiti-la, será, pois, falhar e mentir desde essa premissa inicial. um vilão, se - e é geralmente - requerido, é a figura através da qual é impossível transmitir a imagem de uma pessoa que, não sendo "má", acabou por fazer coisas que invariavelmente levaram outras pessoas a não gostarem dela. como desconstruir isto e poder criar, dessa forma, a mimese quase total de uma vida? por outro lado, será isso o objectivo, o plano, o ideal? ou a criação de um universo inexistente, fantástico, outro? nos dias de hoje, bastará a vida real que o jornal e o telejornal mostram? ou não será ela mesma, a vida real do telejornal, um ponto de vista em que existem os heróis e os vilões? todo o relato da verdade e do real é um ponto de vista e, por isso, o real total e absoluto é inexistente.
haverá na realidade, na totalidade absoluta do concreto, bons e maus? o que é a verdade? o que interessa?

terça-feira, abril 03, 2007

Saem-me coisas queridas nos testes de interné. (parte IV)

Your EQ is 120

50 or less: Thanks for answering honestly. Now get yourself a shrink, quick!
51-70: When it comes to understanding human emotions, you'd have better luck understanding Chinese.
71-90: You've got more emotional intelligence than the average frat boy. Barely.
91-110: You're average. It's easy to predict how you'll react to things. But anyone could have guessed that.
111-130: You usually have it going on emotionally, but roadblocks tend to land you on your butt.
131-150: You are remarkable when it comes to relating with others. Only the biggest losers get under your skin.
150+: Two possibilities - you've either out "Dr. Phil-ed" Dr. Phil... or you're a dirty liar.

quarta-feira, março 14, 2007

considerações durante uma tarde sem nada para fazer

perdi uma tarde inteira a espalhar-me por aí.
ninguém vem e todos fogem.
todas fogem.

estás de folga à quarta-feira, nem te apercebes que venho para te ver... és má para o meu coração. és bonita e gosto de olhar para ti quando estás por perto. não é o caso, hoje, por isso estou triste cá dentro.

o que me dói não é tanto a alegria e os sorrisos dos outros, mas sim o tipo de alegria, o género de sorriso.
magoa-me um certo companheirismo idiota, um certo amor.
talvez porque não o entenda de todo e tenha ciúmes. mas dói-me no fundo de mim-mesmo.

não gosto de pessoas idiotas ainda que aparentemente bonitas. não gosto de pessoas.

não gosto de pessoas ocupadas. não gosto de pessoas que não me respondem às mensagens. não gosto de pessoas com muitos amigos. não gosto de pessoas demasiado alegres. não gosto de pessoas demasiado tristes. não gosto de pessoas mentirosas. não gosto de pessoas demasiado simpáticas. não gosto de pessoas demasiado realistas. não gosto de pessoas que não sonham. não gosto de pessoas que acham que tudo é arte. não gosto de pessoas que acham que tudo é literatura. não gosto de pessoas sem carisma. não gosto de pessoas sem originalidade. não gosto de pessoas pseudo-alternativas. não gosto de pessoas que estão na moda. não gosto de pessoas fashion. não gosto de pessoas que falam alto demais. não gosto de pessoas que falam baixo demais. não gosto de pessoas que têm demasiados preconceitos. não gosto de pessoas que alegam não ter preconceitos com o preconceito inerente a essa afirmação. não gosto de pessoas bonitas mas ocas. não gosto de pessoas que não sabem rir das minhas coisas. não gosto de pessoas que não me dão atenção. não gosto de pessoas que são gay porque é cool. não gosto das pessoas que ouvem jazz porque é cool. não gosto das pessoas que fazem isto ou aquilo porque é cool. não gosto das pessoas sem carisma que acham que o que fazem é cool.

eu não gosto de pessoas.

não aprecio quando a Lúcia está de folga.

domingo, fevereiro 11, 2007

Saem-me coisas queridas nos testes de interné. (parte III)




You Are a Pundit Blogger!



Your blog is smart, insightful, and always a quality read.

Truly appreciated by many, surpassed by only a few

Saem-me coisas queridas nos testes de interné. (parte II)




Your Slanguage Profile



New England Slang: 75%



Prison Slang: 75%



Aussie Slang: 50%



British Slang: 50%



Canadian Slang: 25%



Victorian Slang: 25%

Saem-me coisas queridas nos testes de interné.




Your Personality Is Like Heroin



You're capable of the highest highs and the lowest lows.

Addicted to feeling good, you'll do almost anything to avoid pain.

People seek you out, even though you can be quite moody. They're hooked on you!