domingo, julho 27, 2008

Lusofonia

rapariga: s. f., fem. de rapaz; mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
no café, em frente da chávena do café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de Janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma rapariga se
pode sentar à mesa porque só servem cafés ao balcão.


Nuno Júdice,
A matéria do poema, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2008.

sábado, julho 26, 2008

Erica Connor has just visited you on hi5!

Passo, em certas alturas, ao longo do ano (civil, religioso, profano, económico, escolar, laboral e, sobretudo, neste caso, "cibernético") por diversas fases - tal como qualquer pessoa, de resto, obviamente - mas custam-me bastante as épocas em que os meus... amigos de hi5 se divertem a adicionar pessoas. Candy, Carla, Musiguia, Mufie Wufie, Dennis, João (toda a multiplicidade deles), Bruno Aleixo, André, Edgar, e mais uns quantos, em várias alturas divertem-se a adicionar novos amigos, uma extrema panóplia deles (e delas, como é óbvio), presumo que a maior parte desconhecidos/as de tronco nu e tonificado/bronzeado, ou bastante decotadas, exibindo com pejo e fulgor os seus seios em supostas copas D (ou E). Isto é para quê? É para eu me sentir inferior? Caramba, juro, há dias em que o conseguem! "Ai, o Pedro, coitadinho, nem um único amigo novo de hi5, nem uma mísera adição! Também, pudera, nunca adiciona novas fotos, nunca muda de skin/layout/seja-o-que-for-que-lhe-chamem!" Eu não tenho amigos, é verídico. Os poucos que tenho já estão adicionados. E não adiciono meninas peruanas com enormes seios porque, sinceramente, não primo pela "rebarbadice" desse calibre.

Quanto às fotos, não sou de todo narcisista, para andar a tirar fotos a mim mesmo a tempo inteiro, e os amigos que saem comigo nunca levam máquina fotográfica com que registar o quão decrépitas são essas mesmas saídas e, dessa forma, registar-me a mim próprio para a posteridade - ainda que posteridade sobretudo e, até ver, apenas digital. Pensarei nisso, já que mo mencionaram, mas não será de forma alguma uma prioridade. É aguentarem-se. Ok?

Bem, será, até, possível que adicione em breve pelo menos mais uma pessoa!

segunda-feira, julho 21, 2008

Not Giving a Fuck!



That's all there is to it, indeed.

quinta-feira, julho 17, 2008

CLASH!!! (Though actually not The Clash)



Queens of The Stone Age - Like a Drug

Dead Combo - Like a Drug


terça-feira, julho 15, 2008

an unkind poem

they go on writing
pumping out poems -
young boys and college professors
wives who drink wine all afternoon
while their husbands work,
they go on writing
the same names in the same magazines
everybody writing a little worse each year,
getting out a poetry collection
and pumping out more poems
it's like a contest
it is a contest
but the prize is invisible.

they won't write short stories or articles
or novels
they just go on
pumping out poems
each sounding more and more like the others
and less and less like themselves,
and some of the young boys weary and quit
but the professors never quit
and the wives who drink wine in the afternoons
never ever quit
and new young boys arrive with new magazines
and there is some correspondence with lady or men poets
and some fucking
and everything is exaggerated and dull.

when the poems come back
they retype them
and send them off to the next magazine on the list,
and they give readings
all the readings they can
for free most of the time
hoping that somebody will finally know
finally applaud them
finally congratulate and recognize their
talent
they are all so sure of their genius
there is so little self-doubt,
and most of them live in North Beach or New York City,
and their faces are like their poems:
alike,
and they know each other and
gather and hate and admire and choose and discard
and keep pumping more poems
more poems
more poems
the contest of the dullards:
tap tap tap, tap tap, tap tap tap, tap tap...


Charles Bukowski in Love Is A Dog From Hell, Ecco/HarperCollins, 1977

quarta-feira, julho 02, 2008