quarta-feira, setembro 30, 2009

Para quem está farto do fundo de ecrã e quer uns novos:


Aconselho urgentemente uma visita ao blog Kitsune Noir para resolver essa questão. Há lá wallpapers para todos os gostos, de artistas mais ou menos reconhecidos no mundo do design contemporâneo, coisas retro e minimal e etc. E desenhinhos pseudo-Dinsey meets... something, como o do McBess, que usei como ilustração acima.

Para quem, por mais que eu tente, ainda não percebe como é que funcionam os links, e não sabe que basta clicar nas palavras "Kitsune Noir" da primeira frase do texto, clique-se AQUI. Ok?

Ou

AQUI.

na minha frenzy de Sonic Youth


até mandei vir uma t-shirt deles. E eu queria mesmo era a do Washing Machine mas, pronto, como é azul, não disfarça tanto estes quilos a mais. Hahaha!

terça-feira, setembro 29, 2009

Last Night I Drove A Car

Last night I drove a car

not knowing how to drive

not owning a car

I drove and knocked down

people I loved

...went 120 through one town.

I stopped at Hedgeville

and slept in the back seat

...excited about my new life.


Gregory Corso

segunda-feira, setembro 28, 2009

rescaldo, ou isso, de um saboroso jantar com amigos

Isto vai como me sair. Atenção.

Às vezes, viver na província tem destas coisas. Portugal é um país pequeno e garantidamente Lisboa é a sua cidade mais cosmopolita, é provavelmente o único sítio do país onde tudo acontece. Estar na província, ou seja, na zona de Óbidos e de Caldas da Raínha, acaba por ser limitador em muitas coisas, ao que parece (e é, decerto). E o que me aflige mais nem é estar longe de um certo "jet set literário", e me irem passando ao lado tendências culturais de massas que se julgam minorias (nomeadamente o frenesim em torno do 2666, de Roberto Bolaño, que me escandalizou um pouco quando soube, porque o livro já é de 2004... e de nenhuma editora britânica, alemã ou norte-americana; falamos de uma editora espanhola, de Barcelona, aliás) a pensar a cultura supostamente underground de todo um país. Não, o que me custa é estar longe dos amigos. "Destes" amigos, com os quais me sabe sempre tão bem estar, quando nos reencontramos. E aos quais agradeço o facto de me acarinharem e de se deixarem acarinhar por mim como sempre fizeram - aos quais agradeço por me irem pondo por dentro destas modas da massa pseudo-minoritária, por mais que me escandalize (inserir gargalhada). Agradeço ao Paulo e à Sara e ao Luís por sermos sempre, juntos, qualquer coisa de muito especial, por podermos ter um espaço e um tempo onde as conversas fluem só porque sim, naturalmente, sempre com o mesmo grau de interesse, por mais variado que seja o tema, por mais rico ou mais banal que seja o discurso. Volto iluminado, sempre, destas coisas.

Qualquer dia temos de combinar qualquer coisa aqui nas Caldas. Que não é Lisboa, é certo. Mas, por um lado... ainda bem.

(Acho que sempre me senti um defensor desta minha província. E há coisas, aqui, que não trocava por nada que Lisboa tenha - ou achem que tenha.)

Ando um pouco acima do chão

Ando um pouco acima do chão
Nesse lugar onde costumam ser atingidos
Os pássaros
Um pouco acima dos pássaros
No lugar onde costumam inclinar-se
Para o voo

Tenho medo do peso morto
Porque é um ninho desfeito

Estou ligeiramente acima do que morre
Nessa encosta onde a palavra é como pão
Um pouco na palma da mão que divide
E não separo como o silêncio em meio do que escrevo

Ando ligeiro acima do que digo
E verto o sangue para dentro das palavras
Ando um pouco acima da transfusão do poema

Ando humildemente nos arredores do verbo
Passageiro num degrau invisível sobre a terra
Nesse lugar das árvores com fruto e das árvores
No meio de incêndios
Estou um pouco no interior do que arde
Apagando-me devagar e tendo sede
Porque ando acima da força a saciar quem vive
E esmago o coração para o que desce sobre mim

E bebe


Daniel Faria, in Poesia, Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2003


(Porque a poesia é necessária, tão mais que a prosa, e porque há pessoas que passaram a vida toda a fazer sempre "só", e cito, poemas "preguiçosos", e ainda bem que assim o é, porque é na sua qualidade de poetas que valem tanto a pena. Estava com esta atravessada já há uns tempos, e só mesmo por uma questão de irritaçãozinha, sem realmente acreditar no que vou dizer a seguir: que se foda a prosa. Só mesmo pela comichão que espero provocar com esta afirmação.)

N.A.: Entenda-se, reitero, que não pretendo que se foda a prosa realmente. Muitos dos meus autores preferidos são prosadores e romancistas, como não poderia deixar de ser. Só queria deixar bem claro que a poesia não é, e é mau que assim se pense, uma parte "menor" da literatura, quando, dentro desta, é o que há de mais musical e de mais em contacto com o mais menos-físico de nós, o mais... humano. E fazem-me impressão as pessoas que dizem que gostam de ler e não gostam de poesia. Porque isso é inconcebível... "ah, eu gosto de ler, mas isso da poesia não consigo, não é cá comigo!" é uma coisa que tenho ouvido (não necessariamente ipsis verbis) demasiadas vezes, e acho que essas pessoas, na verdade, não gostam de ler... acho que devemos reconhecer que gostar de ler as indicações e contra-indicações de um medicamento não poderá ser considerado "gostar de ler", da mesma forma que gostar de ler prosa mas deixar de lado a poesia não é, integralmente, ter amor à literatura, e, consequentemente, gostar de ler. Porque a literatura é mesmo a melhor coisa do mundo. Toda ela, com drama e prosa - e poesia.

quinta-feira, setembro 24, 2009

sou tão prestável


Brainiac - Fucking with the Altimeter

Que até crio videoclips para bandas que não os têm, por mais ridículo que o resultado seja. E, sim, eu sei que esta música já tinha sido posta neste blog, mas desta vez vai com um videozinho a acompanhar, que é por causa da tosse.

terça-feira, setembro 22, 2009

o meu gato tem uma namorada, e faz muito bem!



(Mas acho que ele devia ter cuidado, porque ela me parece menor de idade, e, com o estado das coisas, actualmente, ele que se ponha a pau! Para além de que, além de pedofilia, poderá estar a cometer incesto!)

quarta-feira, setembro 16, 2009

see you later, baby, see you later


Franz Ferdinand - I'm Your Villain (live)

segunda-feira, setembro 14, 2009

manias!

acho mesmo que a maior parte das pessoas fica mais bonita séria, do que a sorrir.

sexta-feira, setembro 11, 2009

eu odeio ler jornais, mas encontrei este artigo num DN, no café, e decidi que o achei interessante:

"É a economia, estúpido

Ponto um: João Maia Abreu, Mário Moura, António Prata e Maria João Figueiredo não tinham outra coisa a fazer, depois do fim do Jornal de Sexta, senão demitirem-se dos respectivos cargos na TVI. Ponto dois: Manuela Moura Guedes também não tinha outra coisa a fazer senão dramatizar, sugerindo-se alvo de perseguição política e insinuando que pretendia provar hoje mesmo, sexta-feira, que José Sócrates é culpado no caso Freeport.
O problema é que entre aquilo que as partes interessadas têm de fazer e a forma como se explica a realidade vai sempre alguma distância. E a realidade tem vários pontos também. Primeiro: o Jornal de Sexta tinha de acabar, não porque fosse uma perseguição a José Sócrates, mas porque era uma perseguição gratuita (gratuita, repito) a uma pessoa, a um Governo e a um regime. Segundo: se há alguém a quem o fim do Jornal de Sexta não convinha neste momento, esse alguém é Sócrates.
Eu gostava de ter visto a administração da TVI declarar, preto no branco: "O Jornal de Sexta acabou porque era mau de mais." Assim, alegando "motivos económicos", só conseguiu duas coisas. Perdão, três. Que Moura Guedes se torne num agente central deste ciclo eleitoral, que é o que ela sempre quis; que Moniz se ria com o caos gerado após a sua saída, quando na verdade foi ele a deixar o terreno minado (e, de resto, a preparar mal o Verão); e que nós possamos continuar a defender que nunca é a qualidade a motivar as grandes decisões em Queluz."

Joel Neto, in crónica de tv, Diário de Notícias nº 51 286, sexta-feira, 4 de Setembro de 2009

N.B.: Concordando com a Rita, e não achando o artigo nada de mais, decidi salientar apenas, a negrito, a única coisa que realmente me despertou a atenção nele.

segunda-feira, setembro 07, 2009

"I'd rather get burned than to not try"


Man Man - Whalebones


He felt her curves surrounding his neck
Like a yoke
He knows
He'll never forget
The way she cut through his bed
Like a snake went by through a cave of flesh
But he holds her
Though she's broken
He swears he don't care where she's been

He's tired of being human
He wears her close to the bone as though she were his own skin
He shoots from the heart instead of the head
His mouth and his words they rarely connect
He looks to the past and where his tongue's tread
And he knows she's meant the opposite

But she holds him
Like an infant
Though it breaks her in half to know he'll wake like a man
Sold on cold indifference
When he reaches for her she's gone
She slips like the wind through blackened sails, but

Who are we to know at all?

And I hope you don't mind
If I hang all of my hopes
I hang all my hopes on this time
I know I've been warned
I'll probably get burned
I'd rather get burned than to not try

I hope you don't mind
If I hang all of my hopes
I hang all of my hopes on this time
'Cause you won't
Let it go

?

Giorgio de Chirico - Hector and Andromache

(e às vezes apetece-me uma miúda de 1991.
porque conheço uma miúda de 1991 que me apetece mesmo.
às vezes)

gangrena espiritual

Paul Klee - Die Zwitscher-Maschine

do que eu precisava era de um bar todo decrépito, mesmo a cair de podre, que passasse Morphine e Sonic Youth a noite toda (não necessariamente por esta ordem), e onde o whisky de 12 anos fosse absurdamente barato - e bom -, um bar cheio de pessoas apáticas/antipáticas que não dêem sequer pela presença uns dos outros, onde encontre, numa mesa escondida a um canto, uma rapariga bonita a ler Herberto Helder ou Charles Bukowski ou Boris Vian. só isto podia resgatar a minha vida.

tenho urgência disso.

domingo, setembro 06, 2009

Juventude Sónica - Vela


Sonic Youth - Candle

quinta-feira, setembro 03, 2009

retiro (mais ou menos) o que disse!

Pronto, sucede que, numa destas noites, nos apeteceu ir ao cinema e, nas míseras cinco salas do Vivaci das Caldas da Raínha só se encontravam filmes maioritariamente ridículos, nomeadamente: um filme cujo poster ilustrava um casal dentro dos padrões de beleza ocidentais contemporâneos, separado por uma parede imaginária, costas com costas, ambos segurando um coração de peluche; outro filme onde entrava o Chandler dos Friends - ou, se quisermos, o Matthew Perry - mas transformado em Zac Efron do High School Musical, para fingir que tinha 17 anos devido a uma maldição, ou coisa parecida; o filme dos G.I. Joe, que eu não quero ir ver, porque até gostava dos bonecos e o filme não me parece nada parecido com isso; o Up - Altamente (acho o título em português tão mau), que, por ser versão falada em português, me põe logo sem vontade nenhuma de ver (não gosto de ver filmes de animação em CGI/IGC dobrados para que língua for, que não seja a original), para além de que, pese embora gostar de filmes de animação, este me parece ser bastante aborrecido; e, enfim, o Inglorious Basterds traduzido para um "brilhante" Sacanas sem Lei. Estranhamente, tendo eu feito tanto escarcéu com o filme e com o Tarantino, das pessoas que ali estavam até fui o único a querer ver o filme. Provavelmente porque não vi ali gente interessada no filme, e porque, para ser franco, estando frente a frente com o poster do filme, gostei bastante do dito. Portanto, lá comprámos os bilhetes para a sessão da meia-noite e vinte, e fomos tomar um café para fazer tempo, visto ainda termos mais de uma hora de espera.
Claramente, antes do filme, eu ainda estava bastante irritado e receoso, sempre com o meu medo típico das coisas que são vistas e esperadas com tanta expectativa - o querido hype do texto anterior -, e a queixar-me do Kill Bill (qualquer um dos volumes), filme(s) para o(s) qual(-is) não tenho a mínima paciência, e o(s) qual(-is) acho estar(em) bastante abaixo da qualidade que toda a gente lhes reconhece. Para além de que não tenho a Uma Thurman em grande consideração, e muito menos se vestida de latex amarelo com uma katana e um capacete de mota.
Agora, acontece que, uma vez dentro da sala, decidi deixar de lado essas ideias todas, e simplesmente apreciar o filme. Dito isto, saiba-se que me deliciei como poucas vezes; o senhor merece o meu mais sincero pedido de desculpas: o filme é absolutamente genial. Mesmo. Se depois do Pulp Fiction o amigo Quentin só me fez foi desiludir, este filme vem voltar a colocá-lo nas minhas boas graças, sem sombra de dúvida.
Não vou estar a fazer sinopses do filme, porque obviamente já toda a gente que por aí anda saberá do que o mesmo trata (característica de ser uma coisa cheia de expectativa à volta, enfim), mas gostaria de falar das coisas de que gostei imenso neste filme, sobretudo a nível de cinematografia. Não é um filme com um argumento rebuscado, tem, com certeza, as suas referências obscuras ao mundo do cinema e às culturas francesa e alemã do período da Segunda Guerra Mundial, entre outras, mas onde brilha, onde se destaca, é francamente a nível das direccção artística, direccção de fotografia e cenografia. Já tinha dito que o homem reconhece que O Bom, O Mau e O Vilão é, provavelmente, o filme mais bem realizado de sempre - afirmação com a qual concordo em parte, já que o considero, pelo menos, um dos melhores filmes jamais realizados - e este Inglorious Basterds é, em tudo, uma homenagem aos western spaghetti típicos de Leone. Com as amálgamas de estilo típicas do Tarantino, é certo, mas sem aqueles exageros de "outros" (cf. supra) filmes anteriores dele. O filme é pesado, sem ser demasiado pesado, tem os seus momentos de "ligeireza", embora alguns deles sejam cómicos pela situação em si, e não pela tensão, que é nítida entre as personagens. Muita gente provavelmente acharia que o filme trata com demasiada dessa já referida ligeireza o tema do Holocausto e do nazismo, mas eu discordo. Vejo o filme como uma espécie de "vingança" do realizador sobre os nazis, um filme violento, um western de Segunda Guerra Mundial, onde, felizmente de uma forma soberbamente anacrónica, os nazis são castigados por todas as atrocidades que cometeram, num festim de sangue, balas e fogo que tem lugar no fim da película. O que acontece é que o caminho para lá chegar é sinuoso, e obviamente passa por momentos mais "cómicos", para fazer a viagem não custar tanto.
Também como Leone, Tarantino não se preocupa muito com o tempo de duração médio de um filme, à luz dos padrões de hoje em dia. O filme tem quase três horas, e o realizador leva todo o tempo que quer para contar a história da maneira que a quer contar.
Portanto, termino este texto a recomendar o filme a toda a gente que seja fã de bom cinema, com as devidas ressalvas, é certo, pois presumo que este filme não seja "O filme" para muitas pessoas, por variados motivos. Mas, para a maioria das pessoas que conheço (e até para aquelas que não gostam de westerns, nem de western spaghetti), este é absolutamente um filme a recomendar. E, claro, peço também desculpa por causa do texto anterior, todo ele composto de muita ira e variados sentimentos dessa índole.

Contudo, não retiro o que disse sobre padecer desta doença anti-hype. E certamente que existem filmes e bandas e livros que perdi, por causa disso, mas não me arrependo de forma alguma.

P.S.: é, claramente, um filme que aguardarei em DVD num futuro próximo.