quinta-feira, abril 30, 2009

"Se não se importasse, voltava antes amanhã?"

Hoje acordei com a minha cadela a ganir e a chiar como se estivesse doente, a transportar peluches na boca de um lado para o outro, entrando e saíndo da cama, e juro que pensei que, bem, graças a alguns documentários, hoje em dia sabemos tudo graças a documentários, a minha cadela estava a pressentir alguma doença, alguma dor, ou, num caso muito extremo, alguma morte.
Hoje telefonaram-me, a dizer que o meu avô tinha morrido. O meu avô tinha ido para o hospital há umas noites atrás, depois de uma operação a um olho que não tinha corrido muito bem, deixando-o nervoso e apreensivo. Falou-se em ataques de diabetes, especulou-se muito sobre o que teria sido, mas o facto é que isso, agora, não importa. O meu avô foi para o hospital há umas noites e, hoje, ligaram a dizer que ele tinha morrido.
Fiquei muito tempo a olhar para o tapete, sem saber se havia de chorar, se havia de fazer o quê... fiquei muito tempo a olhar para o tapete, a pensar no que devia estar a pensar. É verdade que não me identifico - nunca me identifiquei - com aquele lado da família, e o mesmo se passa da parte deles, para comigo. Não guardo recordações propriamente agradáveis nem acarinhadas do meu avô Manuel. Acho que o que me custa mais é toda a gente estar chateada comigo, por eu não estar "mal, como devia estar", enfim... e custa-me ver o meu pai mal, obviamente. Seja como for, uma morte é uma coisa que me assusta. Daqui a talvez pouco tempo pode ser alguém de quem eu goste mais, e não sei como é que se lida com isso, talvez seja isso o que me entristece mais, na morte do meu avô...
Ao menos escrevi-o, ou uma figura baseada nele, em tantos textos que fiz, sem ele nunca ter sabido. E acredito que isso terá servido para alguma coisa, uma espécie de... homenagem, ou algo do género.

sábado, abril 25, 2009

Bug, Hostel 2 e os filmes de terror


Bug



Hostel 2

Ok... ontem, aproveitando o facto de estar com dinheiro para isso - isso, e a selecção de filmes de terror na Rádio Popular das Caldas estar a preços tão acessíveis - comprei o Bug, do William Friedkin (realizador d'O Exorcista), e o Hostel 2, do Eli Roth (que, para além do Hostel 1, não faço ideia do que terá realizado). Confesso que as minhas expectativas em relação ao Hostel eram bem mais elevadas, sobretudo porque, para além de ter visto o primeiro, e ter gostado relativamente, pessoas cuja opinião cinematográfica prezo bastante me tinham dito maravilhas acerca do filme. Para dizer a verdade, embora tenha gostado imenso do filme (acho que está superior ao primeiro), não me parece que seja assim tão bom, pelo menos nitidamente não tão bom quanto me tinham feito parecer. Mas, adiante, trataremos deste assunto mais à frente.

Quanto ao Bug, assumo-o, comprei o filme meio às cegas. Fazia uma ideia básica do filme, tendo lido sinopses na wikipedia e na imdb, conhecia os actores e o realizador, mas nada mais. Devo dizer que uma das coisas que me deu mais vontade de comprar o filme foi, enfim, a capa e o título. A capa do dvd consiste num tronco masculino, nu, com algumas cicatrizes, feridas e escoriações, e a palavra "BUG" sob a pele, na zona das costelas, contra um fundo branco. Não é coisa que costume fazer, nem sequer aconselho ninguém a que o faça mas, neste caso, acabou por compensar. O filme estava na parte do terror, antes de mais convém aqui esclarecer uma coisa, que era, aliás, o assunto que me tinha levado a escrever este artigo: o Bug não é um filme de terror. É uma história de uma "paranóia contagiosa" (que só nos apercebemos ser paranóia muito perto do final, e é se quisermos considerar sequer que o mundo "psicológico" do filme é mesmo o mundo "falso", porque, na verdade, é tudo uma questão de interpretação, e nesse aspecto filme é incrível, deixando uma série de portas abertas à visão de cada um), violento, é certo, com cenas de difícil assimilação, mesmo coisas tão "simples" como a remoção caseira de um dente, mas é, vistas bem as coisas, uma história de amor. Um amor estranho, obsessivo, paranóico, mas amor, ainda assim. Poder-se-ia dizer que se trata de um thriller psicológico, género que está muito na moda, mas acho que é mais uma experiência claustrofóbica que nos obriga a assistir à espiral descendente de duas pessoas sozinhas (sozinhas ou, caso acreditemos nisso, infestadas de insectos), do que propriamente isso, de thriller psicológico. Vale muito, mesmo muito, a pena ver este filme; inclusivamente, dos dois que comprei, é sem sombra de dúvida o que aconselho mais vivamente.

Quanto ao Hostel 2... é um bom filme de terror, mas não tão explícito como me tinham feito parecer. E o mais ridículo é que os filmes de terror que cresci a ver e a adorar, coisas como os primeiros de Friday the 13th (a partir do 5 reconheço que perde a piada e o impacto, já é um bocado esticar a corda), os primeiros de A Nightmare on Elm Street (idem, em relação ao que já disse no Sexta-feira 13), a série Dead, de George Romero, os fabulosos e arrepiantes The Texas Chainsaw Massacre originais, quase tudo da saga Hellraiser, a trilogia Evil Dead, do Sam Raimi, grande parte dos Poltergeist, e por aí fora, são altamente gozados pelos seus efeitos ultrapassados que, aos olhos da cinematografia de hoje, cheia de efeitos computorizados, robots, CGI/IGC, e etc., são alvo de chacota para muita gente. Mas o facto é que, nem o Hostel, nem o Hostel 2 são mais explícitos nem mais gráficos do que qualquer um desses clássicos. Os efeitos de gore duram, no máximo, dois ou três segundos, e não estão assim tão bem conseguidos... quer dizer, um indivíduo querer mutilar a cara de uma jovem, e o cabelo ficar preso na serra eléctrica usada com esse intuito, fazendo um cortezinho que suja a cara de sangue não é sequer remotamente tão gráfico quanto um zombie a passear pelas ruas de uma cidade semi em ruínas, enquanto uma gaivota lhe debica os miolos fora do crânio... acho eu. E, por amor de seja-lá-o-que-for-em-que-se-acredite, na parte da menina dependurada de cabeça para baixo, custava muito mostrarem mesmo a foice a rasgar-lhe a carne? É que até no tão gozado Sexta-feira 13 se vêem os machados a ser cravados na cara, as flechas a atravessar os torsos, os varões de cortinado (sim) a empalar corpos deitados, os ancinhos a vazar olhos... é que, sinceramente... mostrarem a senhora a passear a foice pelo corpo nu da jovem, enquanto aquilo faz uns barulhos metálicos muito pouco naturais (parece mais metal contra uma pedra de amolar, do que contra pele humana), enquanto a dita criatura amarrada pelos pés a um engenho de correntes suspensas do tecto por roldanas geme e chora, e depois basicamente mudarem o plano para a mulher que dá azo à mutilação, só ouvindo o som de carne rasgada e os gritos da vítima... não me assusta propriamente. Lendo isto, parece que só me queixo, e que na verdade não gostei do filme. Gostei. Parece-me é que os filmes de terror contemporâneos perderam aquilo que os fazia ser verdadeiramente filmes de terror. Claro, continua a haver excepções, embora grande parte delas dentro do sub-género thriller psicológico, temos filmes actuais como El Espinazo del Diablo, do agora comercialíssimo Guillermo del Toro, até certa forma o primeiro Jeepers Creepers, um incrível e também incrivelmente subestimado Wolf Creek, o primeiro Saw (não me venham com lérias, é o único, dos 5, que vale a pena, mesmo sendo o menos gráfico de todos), o 28 Days Later e sequela, 28 Weeks Later, o adaptado The Grudge, e mais uns poucos, todos, na minha opinião de pessoa que praticamente viu tudo o que há para ver, no género de terror, superiores à série Hostel. É uma boa série, e o segundo filme é melhor do que o primeiro, simplesmente há filmes melhores por aí - mais assustadores, mais arrepiantes, mais claustrofóbicos, mais atormentadores e, garantidamente, muito mais explícitos. Portanto, da próxima vez que me gabarem o Hostel 2, ou mesmo o primeiro, não me venham com a história de ser "nojento" e de "mostrar mesmo tudo"... convenhamos: até em El Laberinto del Fauno se vê um nariz a ser empurrado para dentro da cara com uma garrafa de vinho. Que impressiona mais do que sons de foices a rasgar costas.

sexta-feira, abril 24, 2009

Não usar nunca um casaco preto de bombazina que seja justo e muito mais curto que a t-shirt que se leva por baixo.

- olha, desculpa, tens um cigarro que me arranjes?
- não, desculpa, a sério; não fumo.
- és gay?
- como?
- se és gay...
- não.
- há ali um barzinho gay em cima.
- pois, eu sei, sou de cá.
- se fosses gay, podias ir.

quarta-feira, abril 22, 2009

Obrigado!

Mónica, pelo livro! Gosto mesmo muito das pequenas coisas tão bonitas que já li por lá, na primeira vista de olhos! Hei-de retribuir o gesto em breve.

anotações

- sabes, comprei o último cd destes gajos, sem saber que era mesmo o último... estou um bocado chocada.
- não sei... por um lado, e sei que isto parece mórbido, acho que é bom as bandas acabarem assim. Acabarem, talvez, ponto final.
- porque é que dizes isso?! Não acho nada...
- eh, pá... não sei.
- a sério, diz lá...
- olha, por exemplo... enquanto uma banda não acaba, se fores sempre sendo fã deles, vais querendo comprar cds, álbuns, dvds musicais, etc, conforme forem saindo, certo?
- sim...
- olha, eu, por exemplo, ando a guardar dinheiro para o cd dos Menomena que há-de sair este ano, ainda. E tenho de ter esse dinheiro de parte. É uma espécie de ansiedade, e não no melhor sentido. Gosto de ter "tudo" deles e, portanto, quero ter o próximo álbum, já que tenho os anteriores.
- ok, percebo-te... e?
- como te disse, nao sei, isto é uma opinião pessoal. Eu não gosto de ter de andar a guardar dinheiro para um disco, não me sinto bem com isso, é que há tanta coisa que eu queria comprar ao mesmo tempo... discos, livros, filmes, entendes? Menos um disco dá-me mais margem de manobra.
- mas não acabavas por gastar o dinheiro à mesma?
- acho que não sei explicar isto lá muito bem, pois não?
- pois, acho que não...
- quando uma banda acaba, ao menos podes garantidamente afirmar: "tenho tudo deles." Nunca estás... "obsoleto". Bem, isto são só manias minhas.
- eu gosto das tuas manias.

A single poppy

Near my house, a lonely single poppy blossomed from amidst the pavement stones.

Tarde nas Caldas (da Raínha)

Eu não estive só no parque, mas foi onde me apeteceu tirar fotos. Começando por esta coisa coberta de folhas, que não sei o que seja.

A intenção, aqui, era capturar as velhas que se tapam com guarda-chuvas. Mas, mais uma vez, a medíocre camera do telefone não ajuda.

Casa dos Barcos. Este ano ainda não houve nenhuma exposição decente aqui. Infelizmente.

Populus, ao fundo, onde estavam duas gémeas sentadas, que me são particularmente aprazíveis. São elas e a voz da Mónica.

Lago. Upa, upa.

N.A.: Notei que, clicando na imagem, e vendo-a no seu tamanho natural, se vêem algumas das coisas que refiro e que, com a imagem apenas em thumbnail, não se notam. Peço, portanto, mais uma vez, que se dêem ao trabalho de clicar nas imagens, para as verem em tamanho normal.

terça-feira, abril 21, 2009

cabelo (lol)



(sim, eu tenho cabelos brancos)

segunda-feira, abril 20, 2009

duas razões pelas quais não gosto da primavera:

1. Há coisas brancas a flutuar.
2. Há o meu cabelo.

domingo, abril 19, 2009

novo exanimatus


Como não consegui recuperar o antigo, criei um "novo" exanimatus, alojado no mesmo endereço/url - http://exanimatus.blogdrive.com, com uma nova imagem (pelo menos, no que às imagens diz respeito - pode-se dizer que o novo exa já não é "o blog das caveiras", como tantas vezes lhe ouvi chamar). Por enquanto, ainda só tem um texto, mas tenho planos de o actualizar mais regularmente nos tempos próximos. Inclusivamente, planos para um projecto naquele espaço, mas isso será debatido depois. Obrigado a todos, pela força e pelo apoio incondicionais que me têm dado neste momento, aprecio a vossa amizade e o vosso carinho, de facto não é nada fácil, ainda ando mal e meio abananado, de ter perdido assim um blog que tinha tanto de mim.

Obrigado, sobretudo, por me lerem.

sexta-feira, abril 17, 2009

hush


A Silver Mt. Zion - Broken Chords Can Sing A Little

goodbye?

Sem que eu perceba muito bem porquê, o meu blog exanimatus, na blogdrive, desapareceu... eu não o apaguei, garantidamente, mas de repente deixou de existir. Isto é um choque, até porque nunca guardo os textos que coloco online, logo, tudo aquilo que lá tinha se perdeu, aparentemente de forma irremediável. Não sei se foi hack, se foi erro da blogdrive, o que sei é que, de súbito, nem quando entro na sessão encontro o blog...

terça-feira, abril 14, 2009

Parabéns, Sandra!!!


Graciano Saga - Gosto das Peludas

Tens direito a faixa musical alusiva, e tudo. E rítmica. Muito rítmica.

(outra) obsessão

- olha lá, isto, o que era preciso, era ter uma gastro-entrite. Como é que se apanha uma coisa dessas?
- para que é que querias uma gastro-entrite?! Olha que isso dói como poucas coisas na vida!
- sempre emagrecia. Conheço umas três ou quatro pessoas que estão magras que nem cães, depois de terem tido gastro-entrites durante uns dias.
- o melhor era fazeres exercício.
- eu já fui magro e nunca fiz exercício. Explica lá isso.
- é o metabolismo, sabes como é que é... também eras mais novo.
- pois, mas agora estou gordo demais, devia perder uns 15 quilos.
- também não exageremos, não estás assim tão mal. Enfim, nada que um exercício não resolvesse.
- foda-se, mais à merda do exercício...
- tem de ser, pá!
- prefiro morrer à fome e morrer magro, ao menos a fome estimula a mente.
- olha, ou isso.

quinta-feira, abril 09, 2009

À noite (2)

No Déjà vu, fotografias tiradas pela Luísa, com o meu telefone:

Nené, Marcelo e Pedro atentos à conversa.

Nené a ponderar sobre um assunto, Pedro a gesticular habitualmente conforme discorre sobre... o Wolverine?

Nené a reflectir intelectualmente, Marcelo a esboçar um semi-sorriso, Pedro a dedicar atenção à conversa ou, pelo menos, à pessoa que falava. Que, reconheça-se, era a Sónia, e era agradável.

Nené a... coiso.

Marcelo desfocado com as tendas do 120 lá ao fundo.

Marcelo e um copo de Famous Grouse, de que só se vê o topo.

quarta-feira, abril 08, 2009

Mais Óbidos! (^o^)

Panorâmica da Cerca do Castelo, utilizando uma bela função do telemóvel, que é a de tirar três fotografias e juntá-las numa só - esta foto foi tirada com a perfeita noção de que está uma bela merda.

Restos do Festival do Chocolate, escondidos contra a muralha.

Pato Matino, a fugir à foto. Na versão ampliada (clique-se na dita foto e ela surgirá em seu esplendor real), vê-se melhor o Pato per se.

No Miradouro, ainda sem ginja nenhuma em cima, o que, diga-se, é pena.

No Miradouro, já a ponderar gastar €2.50 num copo de ginja.

No Miradouro, mas, agora, a apontar para o outro lado.

Este arco sempre me aprouve, sei lá bem porquê.

Selecção feminina de futebol... Sub-21? Belga, a atravessar a Rua Direita, e nós, predadores sexuais desesperados, no seu encalço.

Exposição na Galeria Ogiva.

Sei lá porquê, chamam a isto "a casa do Romeu e da Julieta". Quer dizer, até sei, mas é tão ridículo, que me custa a contar.

O meu pai guardou esta imagem quando a casa (no caso, a casa "do Romeu e da Julieta") esteve em reconstrução. Não se vê muito bem e, mesmo que se visse, a verdade é que não há muito para ver.

Este puxador de porta em forma de canídeo é mostrado num percurso turístico específico, que só mostra pequenos pormenores interessantes da vila. Poupo já trabalho aos guias.

Porta da Vila, com velhos sentados do lado direito e um motard do lado esquerdo.

Aqueduto, no caminho do Bairro dos Arcos até à vila.

Parece que, em Óbidos, ce vende um terreno. Seria de valor mandar uma sms para este número só a dizer "Vende-se."

Casa das Fadas. Gosto deste sítio, e lembra-me bons amigos, boas tardes, boas leituras, boas músicas. Uma parga de coisas boas, portanto.

Pelourinho, Solar de Santa Maria/Museu Municipal e, enfim, Rua Direita, que, para muito turista (e não só) parece ser a única rua que Óbidos tem.

Santuário do Senhor da Pedra, ao fundo. Não estava assim tão ao fundo, mas, por mais cliché que pareça e seja, foi com o telemóvel e, embora a camera seja de 2 mega pixel, não tem zoom e fotografa tudo dando a impressão que as coisas estão mais afastadas do que na realidade estão. Talvez devesse arranjar uma máquina fotográfica "a sério"...

Eu (esquerda) e Nené (direita) a voltar para casa.

À noite

No CCC, com um cavalheiro alheio a ficar na foto, com ar de quem não está assim tão alheio.

No Trombone, com um dos dois elementos de um casal da mesa em frente.

Xana, ou "como deixar de saber meter conversa com pessoas agradáveis à vista"

- eras pessoa para ir ver Dead Combo?
- hm... era, pois.
- não... quer dizer... o que eu queria dizer era se eras pessoa para ir ver Dead Combo
comigo...
- ah... ok.

terça-feira, abril 07, 2009

Impressões d'Os Três Macacos


Confesso que, depois de ter visto A Valsa com Bashir há duas semanas, não pensei ver um filme tão bom assim tão depressa. Serei rápido na minha apreciação, e o mais certo é que me repita, já que noto que, por estupidez e casmurrice em me educar relativamente ao cinema, acabo sempre por dizer as mesmas coisas. Mas, vá...
Como todos os filmes que tenho visto no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Raínha (e já são alguns, estive ainda agora a contar os bilhetes, e já é um maço razoável), não é um filme fácil. Se calhar, comparava-o, no que à história diz respeito, ao Sügisball - indiscutivelmente um dos meus favoritos - já que as personagens, embora menos e mais exploradas individualmente, vivem num estado de apatia e conformismo que as leva a, como na fábula dos Três Macacos, nunca ver o mal, nunca ouvir o mal, nunca falar do mal. O filme está cheio de bonitas (ou perturbadoras, conforme o ponto de vista) metáforas visuais, como sejam as visões de um membro da família que morreu afogado num passado nunca realmente explicado, acompanhadas de um calmo e, passado uns minutos, bastante irritante som de água a pingar no que parece ser um recipiente. O filme é lento, tem uma cadência muito própria, e usa filtros de imagem sempre cinzentos ou creme, o que ajuda a acentuar a melancolia em que tudo está embebido. As personagens não são carismáticas, são, até, apresentadas numa sub-vulgaridade estarrecedora, na qual muito poucos espectadores se poderão rever totalmente. Ao contrário, por exemplo, d'A Valsa com Bashir, ou de Por Entre os Dedos, ambos filmes que também vi no CCC, ou, até, de um certo ponto de vista, Quatro Noites com Anna, Os Três Macacos não é um daqueles filmes a que possamos chamar de "um murro no estômago". É violento, e tudo isso, mas é simplesmente demasiado melancólico e "surrealmente real", para causar uma reacção instantânea, quando acaba. É mais como uma espécie de sonho subliminar, uma coisa que vai acontecendo devagar, mas que deixa, indelevelmente, marcas profundas.

Quem estiver interessado a ver um bonito, lento e poético exercício de cinema, a contar a história das estórias de uma família turca de classe baixa, é, sem dúvida, um filme a ver. Todos os que contarem com mais movimento, interacção, diálogo e, no fundo, mais coisas a passar, não é este o filme que devem buscar. Para quem estiver num ponto intermédio, ou para quem não entendeu nada do que estive para aqui a dizer, é de aconselhar, porque, dito simplesmente, o filme é soberbo.

segunda-feira, abril 06, 2009

sexta-feira, abril 03, 2009

Se ao menos eu soubesse tirar fotografias decentes/-mente...



Sim, eu sou daqui. As cerejeiras estão em flor - que ainda é o que escapa no meio disto tudo.

N.B.: Na foto de baixo, i.e., a das casas e da muralha ao fundo, para aqueles com um sentido de orientação alternativo e funcional a seu modo especial, em cima, à direita, a estrutura que se avista é a antena de comunicações do posto da GNR de Óbidos. Só aí se vê o quão sou um fotógrafo de valor.