terça-feira, dezembro 14, 2010

depois de toda uma tarde passada no hospital Curry Cabral (que se estenderá para a manhã de hoje):

HOSPITAL CURRY CABRAL

A Colien Honegger

Parecem as termas de Fellini, disse ela, a catalã
que não sabia nada dos hospitais
de Lisboa.

De facto, o chão fumava,
um vapor espesso subia-lhe pelas pernas
e acalorava os gatos.
E até um garnisé que por ali passeava em busca
das migalhas das visitas
cantou
desirmanado.

Mas era quase erótico o tom da sua voz
como a da vedeta italiana
desse filme barroco
caindo inocente da doença ambulante
levada por maqueiros gordos
e libidinosos.

As palmeiras derramavam um choro
no vento melancólico.
E ela a catalã, jovial e magra,
ia batendo palmas às aves embaraçadas,
e avançava a sorrir
pelas zonas infecto-contagiosas.
Mas não lhe era preciso aplaudir um tal cenário
de figurantes mudos e fantasmagóricos
com os seus roupões azuis
de sida
com os seus pijamas de cinza
e tuberculose.
Bastava-lhe olhar a direito ou fechar os olhos
e perguntar pelo Hotel Barcelona.

Mas ela preferiu tropeçar nos varões com soro
arrastados pelo verde do jardim
e passar rente a precipícios que deslizam deitados
à sombra da morte.

E é preciso amar e partir depressa.
Ou atordoar-se com os perigosos jogos do contágio.
Eu respiro a calma que a desgraça me oferece
entre galinhas-da-índia
a encurtar caminho
nesse antigo lugar de mulheres da vida
arrependidas.

Normalmente vou só e não me engano.
A amiga catalã é um devaneio
numa rambla de encontros tenebrosos
com outra espécie de morte.

Tantas vezes passei
e o poema não veio ao meu encontro.
Tantas vezes devorei este fumo quente e sensual
que começa por lamber-me as calças
e faz de mim um animal em erecção precoce.
Belas termas, estas, amiga tão distante,
nas tuas quimeras musicais
no teu regaço de coloridas risas de passagem.

Passa comigo e pede um copo de água
ou de cólera, como diz o brasileiro,
àquele rapaz com a morte a prazo.
A menina do filme, essa perversa inocente
Cardinale, fica-te tão bem,
diria ele,
esse jovem director de espectros
que te tira o chapéu
e deixa ver um quisto inquietante
na cabeça pelada de trapezista mortal.
Traz contigo mais música.
E passeia comigo entre pavões rubros-azuis
e corpos que rolam
sentados ou jacentes e avançam
para a saída
da vida.


Armando Silva Carvalho, Lisboas, Lisboa, Quetzal, 2000; ed. ut. O que Foi Passado a Limpo, Lisboa, Assírio e Alvim, 2007; in Poemas com Cinema (org.: Frias, Joana Matos; Queirós, Luís Miguel; Martelo, Rosa Maria), Lisboa, Assírio & Alvim, 2010


NB: por favor, notem, com agrado, ou não, que Armando da Silva Carvalho provém do mesmo concelho que este vosso humilde amigo: Óbidos.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

dia de frequência de Leituras Orientadas


Com mais um screenshot de Silent Hill 2 a ilustrar.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

such a nice sunday afternoon


Pôr assim umas coisitas de vez em quando, para não cuidarem que faleci, ou isso.

domingo, novembro 14, 2010

grão-de-bico

uma bolsinha numa gaveta não é apenas uma bolsinha numa gaveta, nem um tupperware com massa no frigorífico se resume apenas a isso, ou um cheiro ou uma mancha num lençol, ou vagas memórias de corpos a amarem-se num colchão estreito, no chão mal envernizado da sala; nem tampouco o caminho de todos os dias é o caminho de todos os dias, passando pelos cafés e pela estação dos comboios, se sei que tocámos em tudo isso e aí permanecemos numa eternidade de sentidos, só que, agora, isso acabou-se e o que resta são só fragmentos de memórias, como estilhaços de espelhos.

e tudo aguça uma dor imensa que não se cala, mesmo que eu queira.

sexta-feira, novembro 12, 2010

apneia para uma barracuda




daqui a uns anos, quando talvez te souber com outra pessoa, é possível que queira desaparecer ainda mais do que já quero hoje, só que vivemos em sociedade e, se queremos parecer sãos, não podemos estar magoados nunca. e talvez tenha de fingir coisas falsas. mas o meu coração há-de estar morto à mesma, digo eu, para todos os que estiverem para aí e que factualmente acreditem na verdade absoluta e concreta destas coisas do amor.

terça-feira, novembro 09, 2010

à minha querida Oliveira Martins (de facto querida, sem ironias)

Não é que discorde de tudo o que é dito nas aulas da professora (doutora, para quem fizer mesmo muita questão) Isabel Oliveira Martins, mas, enfim, há uma coisa que me irrita bastante, quando fala dos "cowboys", com toda a propriedade, é certo, que é pôr-se a falar do Clint Eastwood e do Lucky Luke como imagens míticas do oeste selvagem. Até aqui, tudo bem, são-no, de facto... agora, convém esclarecer uma coisa: são imagens míticas do oeste americano, sim, mas criadas e popularizadas por europeus. Se quiser referir-se a John Wayne, concordo plenamente, ou, enfim, aos filmes do velho oeste de, por exemplo, Sam Peckinpah, sim, tudo bem... mas falar sempre do Clint Eastwood e do Lucky Luke, não, a sério.
Também é verdade que o Clint Eastwood fez uns westerns dele mesmo, e poder-se-ia argumentar que esses filmes são "americanos", mas passa-se que o próprio Eastwood alega ter tirado toda a inspiração, para os filmes, do que aprendeu com Sergio Leone. E Leone, isto é bom que se saiba, dizia que queria mesmo "europeízar" os westerns, quase num acto de vingança contra a indústria cinematográfica norte-americana, por terem "americanizado" imagética clássica europeia nos filmes.
Já Lucky Luke trata-se de uma personagem de banda-desenhada franco-belga, criada pelo belga Morris (Maurice de Bevere, para quem estiver interessado) que, embora pegando nalgumas imagens tiradas dos filmes clássicos norte-americanos, nomeadamente a do cowboy/pistoleiro solitário, que parte, no fim de cada aventura, em direcção ao pôr-do-sol, assobiando uma melodia, montado no seu cavalo, tem muito pouco de americano... são notórios o humor e sarcasmo próprios da banda-desenhada europeia, particularmente a franco-belga, que estão longe de caracterizar os cowboys típicos dos westerns tradicionais.
Portanto, o meu ponto de vista é apenas o de que falar destas duas personagens (Clint Eastwood, aqui, como personagem, claramente tirada da trilogia italiana que o popularizou, mais do que os seus próprios filmes, anos mais tarde) é errado, porque isso não retrata a visão norte-americana deles mesmos. E digo-o aqui porque, enfim, nunca tenho oportunidade para o fazer nas aulas, e já venho com esta vontade entalada há uns semestres valentes.

quinta-feira, outubro 28, 2010

oh, pá, a sério...

Um dia planto uma bomba na sede da Nicola (ou na casa do(s) "criativo(s)" que teve(tiveram) a brilhante ideia das "frases Nicola". Hoje é o dia.

Juro... não há pachorra, já, para tanta idiotice em pacotinhos de açúcar, e gente a citar aquelas baboseiras à parva...

domingo, outubro 24, 2010

a propósito de um sem-número de coisas:

É preciso dizer-se que este blog não está morto. Eu é que não tenho tido pachorra (e o termo é mesmo esse, pachorra, não é falta de tempo, nem incapacidade, nem motivos afins) para escrever nada aqui. Tenho tentado escrever nos outros blogs e nos cadernos, mas mesmo isso tem sido bastante forçado, não sabendo, eu, a razão ou razões para tal. Eventualmente deve-se a um desentendimento com amigos, na consequência de uma tentativa gorada de publicar o meu livro (físico) através da editora deles, e de uma conversa com uma dessas pessoas que veio no seguimento desse facto, em que a pessoa me dizia coisas que me deixaram a pensar seriamente (provavelmente mais do que devia) nas minhas rotinas de escrita, na minha escrita em si e numa série de rituais, processos e relações advindos disso. Por isso - também -tenho escrito menos, mas é possível que pesem ainda factos como andar, ainda por cima, a ler menos, mais cansado, por causa da faculdade e de um ritmo novo (mudei de casa, este semestre), ao qual ainda não me habituei, por causa de mudanças de cadeiras à última hora, não ter ninguém a ler-me, ou a conversar comigo acerca destas coisas, ter um crédito estudante para tratar, sem o qual ando aqui sem dinheiro e cheio das preocupações estupidamente práticas que surgem daí, e etc.

Mas, enfim, no meio disto tudo, há uma coisa, pelo menos, que vale a pena. Existe esta pessoa que me tem, e que me vai acompanhando e fazendo com que as coisas sejam boas. E, aliás, este texto, ainda que com um início em forma de lamúria, é para ela. Porque ela é linda e mantém-me numa sanidade ao longo disto, numa serenidade apaixonada, que nunca ninguém me soube dar. Por todas essas coisas, sou cada dia mais Eu, juntamente com aquilo que é ela, e somos juntos uma outra coisa, melhor, mais capaz, a evoluir todos os dias. Isto é mais um obrigado, do que uma queixa. Sabe que me tens, só tu, sempre, se quiseres que seja para sempre, e cada dia mais e mais, dentro do sempre, se o quiseres e se mo pedires.

Amo-te. Mesmo muito.

quinta-feira, agosto 12, 2010

éapmidmv

(tudo o que faço, faço-o por tua causa, e tudo o que faço por tua causa, faço-o por minha causa.)

quinta-feira, julho 29, 2010

a propósito da amizade que retribuo, ou não

tenho de pedir desculpa a alguns amigos. tenho mesmo. mas é que também não tenho realmente paciência para os aturar todas as noites, quando todas as noites estou mal por causa da(s) mesma(s) coisa(s)... e é chato, é mesmo muito chato, muito irritante, mesmo, não poder falar disto com ninguém e ter de estar mal para eles, não aguentar uma noite inteira a ouvir pessoas a assobiar ao meu lado, a falar de banalidades, com o nobre e despretensioso objectivo de me distrairem... essas coisas nunca funcionaram comigo, esses intuitos de "puxar para cima". quando estou mal, estou mal, não estou mal a querer fingir que estou bem. e, sim, quero estar com pessoas, mas pessoas que até me podem ignorar, só não quero estar ali fisicamente sozinho, não gosto mesmo que digam piadas para me animar, isso só me deixa pior, porque não consigo rir, e dói-me ainda mais quando me apercebo disso. quero uma pequena bolsa de depressão e angústia partilhadas, à minha volta, é isso que quero; quero os meus amigos bem, mas a deixarem-me estar mal, a perceberem que é mesmo assim que estou, por mais que queira tê-los ali à minha beira.

de novo, desculpem-me. a sério...

terça-feira, julho 27, 2010

à falta de outro sítio onde pôr isto

por favor não te vás embora de encontro aos becos levando uma mulher pela mão. por favor, fica comigo, tenho frio, tenho uma flor de lótus, o coração a rebentar-me nas mãos como se idêntico a uma flor de lótus atrasada, a ter de morrer por causa de uma idiossincracia anacrónica, como se existisse mas não devesse existir.
come lá o meu coração e eu poderei imaginar uma imagem bíblica para isso.

segunda-feira, julho 26, 2010

adenda

(É tão possível que esteja - que seja - errado. Mas tudo o que digo, digo-o porque o sinto. E essa é a maior verdade que posso dar a quem me conhece, a quem me ouve, a quem me lê.)

domingo, julho 25, 2010

monólogo a pedido

Tenho uma pessoa muito especial (se não a pessoa mais especial) que me pediu isto: que escrevesse no meu blog sobre as minhas teorias ou sobre literatura. Ao certo, sobre o quê? As minhas teorias são desconexas e não fazem sentido, sem ser para mim. Nem sequer posso dizer, em boa verdade, que tenho teorias.
As minhas teorias são numa veia de "anti-teoria", isto é, abomino quem pensa por todos, quem presume e pretende e deseja pensar por todos, oferecer uma verdade universal embrulhada em boas intenções e um intuito qualquer de evolução mental. A única teoria, que tenho, ou, pelo menos, a única que sigo, é a de que devemos ser o que somos, que devemos parar de tentar explicar o que sentimos às luzes tão desfocadas de um conhecimento científico e psicológico/psiquiátrico, tudo sempre sendo refutado dia após dia. Somos só um composto de coisas, depende de nós se lhes queremos chamar doenças ou cartilagens ou nervos, se lhes chamamos alma, genuidade, características, carácter, ser, propriedade. Somos isto: existimos, sentimos. O que somos é, em última análise, o que sentimos, somos todos muito egoístas, a esconder isso porque a sociedade ocidental milenar e patriarcal e judaico-cristã e platónica e socrática nos ensina: "o egoísmo é mau". E talvez seja, mas, vistas bem as coisas, somos todos egoístas. A pedir que nos deixem em paz, a não saber deixar os outros em paz, numa demanda quase absurda, de impossível, em busca da nossa própria felicidade e auto-preservação. Mantemos um altruísmo de causas sociais, de abnegação, para esconder um egoísmo último que carregamos cá dentro. E somos altruístas porque alguém nos prometeu o céu ou uma recompensa por esse altruísmo.
Se a nossa genuidade é a única coisa que temos, e a nossa genuidade e a nossa integridade comportam um egoísmo, porque não assumir esse mesmo comportamento? Porque, depois, enfim, recebemos o comportamento de volta. Só recebemos o que damos. Pedimos muito e às vezes não damos nada, portanto, ninguém nos devolve o que não demos. Não há o que devolver. Mas devíamos, ao menos, assumir o nosso egocentrismo inerente a ser humano. A nossa necessidade de ser, de ser tudo, de ser o centro de tudo. Preservamo-nos, apesar de tudo, e vamos desaprendendo uma inocência infantil que nos deixava, enfim, vulneráveis às armadilhas de viver: ao amor, à entrega, ao compromisso, à responsabilidade. E a vida deixa de ter piada, porque complicamos as coisas que à partida seriam simples. O amor, no seu estado puro, é simples. Mas nós não aguentamos. Não aguentamos, porque complicamos. Não nos basta sentir, temos que explicar, temos que sobreviver, que decidir que o amor não chega, que já não somos crianças, que o mundo não é um lugar para crianças.

Enquanto eu for uma criança o mundo há-de ter que ter um espaço para mim, dê lá por onde der.

sexta-feira, julho 16, 2010

\m/_



Queens of the Stone Age - In My Head

quarta-feira, julho 14, 2010

Linoleum and Love

They were older then, like their kitchen floor,
linoleum and love worn together more
by each treading heart. They were never sure:
had they found happiness, or simply a way to endure?

My grandfather’s faithfulness was tough and taciturn.
Builder and fisherman, he did not learn
patience, except for fish. He’s hook his fingers in the air,
alive with cigarettes, and catch its burning as ashes in his hair.

His eyes were full of stories we never dared
disbelieve. Looking back, I think he cared,
at least as best he could,
his hands hard with working over water and wood.

Every time we visited, my grandmother gave
us scraps. “For the dogs,” she’d say.
Staying in love; knowing how to save,
make a little go a long way.

Such a brave economy of emotion.
it was the best lesson my grandmother taught,
something we might lean on,
knowing how she’d fought

her way into believing. Her rough
knuckled rosary, her tea-towel with its thin-skinned pride,
had to be, for her, hope enough
until at last: a knocking at the door, a veil drawn aside.


Noel Rowe, Next to Nothing, Vagabond Press, Sydney, 2004

sábado, julho 10, 2010

cede-se

vida. a quem quer que seja que a queira vir buscar.

segunda-feira, junho 14, 2010

luminária

gostava de agradecer a uma pessoa por estar assim na minha vida, sem acabar por expôr nada de mais, sem dizer nomes nem nada dessas coisas. fazê-lo publicamente, onde mais pessoas leiam e saibam que és o melhor do mundo. com toda a lamechice e pinderiquice possíveis.

domingo, junho 13, 2010

domingo, maio 23, 2010

para quê ir ao Rock In Rio,

se se mora em Chelas e se ouvem todos os concertos a partir de casa?

sábado, maio 15, 2010

Google Earth

The poet’s eye, in fine frenzy rolling,
Doth glance from heaven to earth, from earth to heaven.
Theseus from A Midsummer Night’s Dream (Act V, Scene 1) by William Shakespeare


We started in Africa, the world at our fingertips,
dropped in on your house in Zimbabwe; threading
our way north out of Harare into the suburbs,
magnifying the streets—the forms of things unknown,
till we spotted your mum’s white Mercedes parked
in the driveway; seeming—more strange than true,
the three of us huddled round a monitor in Streatham,
you pointed out the swimming pool and stables.
We whizzed out, looking down on our blue planet,
then like gods—zoomed in towards Ireland—
taking the road west from Cork to Kinsale,
following the Bandon river through Innishannon,
turning off and leapfrogging over farms
to find our home framed in fields of barley;
enlarged the display to see our sycamore’s leaves
waving back. Then with the touch of a button,
we were smack bang in Central London,
tracing our footsteps earlier in the day, walking
the wobbly bridge between St Paul’s and Tate Modern;
the London Eye staring majestically over the Thames.
South through Brixton into Streatham—
one sees more devils than vast hell can hold
the blank expressions of millions of roofs gazing
squarely up at us, while we made our way down
the avenue, as if we were trying to sneak up
on ourselves; till there we were right outside the door:
the lunatic, the lover and the poet—peeping through
the computer screen like a window to our souls.


Adam Wyeth in Landing Places: Immigrant Poets in Ireland, Dedalus Press, Dublin, 2010

sexta-feira, maio 14, 2010

tenho a mulher mais linda do mundo deitada ao meu lado e nunca vai conseguir saber como é tão linda (também) quando dorme.

quinta-feira, maio 13, 2010

Oh as Casas as Casas as Casas

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas


Ruy Belo, in Todos os Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000

alguma tristeza e desencanto com isto, que resumirei numa frase aparentemente positiva:

ao menos já não vou mesmo ter de conviver com o Nuno DUMPSTER.

quarta-feira, maio 05, 2010

La femme de trente ans

Amarás
o meu nariz
brilhante
as minhas estrias
os meus pontos pretos
os meus textos
os meus achaques
e as minhas manias
e as minhas gatas
de solteirona
ou não me amarás

Adília Lopes, in Obra, Mariposa Azual, Lisboa, 2000

segunda-feira, maio 03, 2010

haja gente que fique feliz!

"Tu e a Mariana são a coisa mais poética que eu já vi."
- um Amigo

quinta-feira, abril 29, 2010

"faz um post mais animador no blog", com direito a copy-paste.

Manifestação de Vida says:
*eu amo-teee
*nao sei dizer mais nada, desculpa
Manifestação de... Coisa Boa? says:
*dizes-me a melhor coisa do mundo
*e ainda pedes desculpa
*:\
*vou colar esta conversa no blog e fazer um post

quinta-feira, abril 22, 2010

chego a casa e quero dormir. preciso que o tempo não passe, que seja sempre amanhã e que amanhã seja melhor que hoje, ou que hoje nem sequer exista. não consigo dormir. pelo menos não consigo dormir tanto quanto queria.

sábado, abril 17, 2010

há dias em que isto já só ia lá assim.


Eels - Novocaine for the Soul

notificação:

vou fumar à chuva. que enquanto fumo à chuva não penso noutras coisas. bom, bom, era mesmo morrer afogado.
queria que alguém me amasse hoje à noite. queria mesmo muito chegar ao trinca e trazer alguém para casa, para fodermos. mas a verdade é que não queria mesmo nada disso.

quero uma pessoa só, com toda a lamechice e romantismo piegas possíveis. há uma pessoa que me tem, mesmo que não saiba, não queira saber, não possa saber. e o resto não me importa.

falta de paciência #?

"ai, filho, tens de fazer qualquer coisa em relação a essa barba, que já me vieram dizer que parece que há um bandido ou um vadio a entrar-nos na casa!"
- Dona Maria, natural do Pico, Açores, reformada

sexta-feira, abril 16, 2010

insónia com ridículo pelo meio, se bem que algumas coisas boas, também.

Tenho de aprender um certo respeito por alguém que me diz "não posso", porque não pode, mesmo. E essas coisas não se controlam, mesmo que fossem, não sou cá tipo de controlar seja o que fôr. Tenho, no entanto, um problema com isso, que é o facto de não poder entender esse conceito, uma vez que, desde há demasiado tempo a esta parte, me convenci de que posso tudo o que me apetecer, que devo tudo, que tenho que tudo o que me apetece, tudo o que quero ou nada do que quero. E, convenhamos, se fosse outra pessoa qualquer, e não esta pessoa, eu nem sequer "tinha" de aprender um certo respeito. Era para o lado que eu dormia melhor (usualmente durmo melhor voltado para o lado direito). Hoje, nem melhor, nem pior. Tenho a cabeça e - usando uma imagem que é das poucas que não sinto, quando as digo - o peito cheios de silvados metafóricos e encruzilhadas imagéticas e essas coisas. Já há demasiado tempo que não sentia uma coisa destas por uma pessoa. Disse-lhe coisas tão ridículas, tão impensadas, tão... pindéricas, e, pior ainda, ditas ali, em primeira mão, coisas que, em vinte e seis anos, ninguém mais ouvira antes... escrevi um texto, e tudo...

Quero mesmo muito que isto tudo corra bem e não escondo que o correr bem, do meu ponto de vista, implica coisas que sei serem quase impossíveis.

quinta-feira, abril 15, 2010

. . .

eu já sei mais ou menos que sou uma pessoa confusa e confundida e de vez em quando sem princípios ou pelo menos de vez em quando sem princípios aparentes, mas magoo-me como qualquer outro indivíduo "normal" (vistas bem as coisas, com tanto queixume, até me magoo mais - queixo-me mais, vá!).

eu não me devia encantar tanto, não me podia encantar tanto, mas a verdade é que me estou mais é a cagar para isso. e acabo por me meter em situações bastante estúpidas em que nem sequer consigo ser absolutamente sincero e o meu coração é um animal assustado para aqui a correr entre costelas envelhecidas.

não sei parar-me nisto.

terceiro post

eu tinha prometido que não escrevia isto, mas acabei por escrever à mesma.

quarta-feira, abril 14, 2010

ainda a propósito de uma tal albicastrense onírica

Acontece que ter estado em contacto com esta criatura me fez ter vontade de ouvir coisas que não ouvia há uns oito anos, para ser simpático (nomeadamente, essa senhora genial, que é a Nina Simone - e não digo era, porque, nestas coisas da arte, acredito piamente que É). E, enfim, até é possível que a tarde de sexta-feira tenha sido uma coisa demasiado esporádica; esporádica e "cordial" (quase de pena por mim) o suficiente, para nunca mais ter repetição. Mas eu queria mesmo que tivesse repetição, aí está... e, pronto, se entra um início de encanto em cena - que entra, realmente, e pesa, também -, não tira mérito nenhum ao facto de querer mesmo conhecer melhor as pessoas, perceber se afinal é encanto ou é só um sentimento próprio da amizade que poderá vir a existir. Seja lá o que for, tenho mesmo alguma necessidade dessa criatura e custa-me aparecer na faculdade com o pensamento nisso, ficar triste se passa um dia e não a vislumbrei, sequer. Ter cds na mala, para entregar, e tudo, como um menino bonito.

domingo, abril 11, 2010

Mariana, a albicastrense Gémeos

por um lado, ainda bem, por outro, ainda mal, que não tenho o número da Mariana.
porque conheci a Mariana ontem. e a Mariana é bonita. e a Mariana toca violino. e a Mariana gosta de ler. e a Mariana tem um sorriso lindo. e a Mariana gosta de gatos e de cães. e a Mariana é interessante. e a Mariana é bonita.
mas, sobretudo, porque a Mariana é a Mariana. e porque, esta noite, já bebi demais. e queria que a Mariana soubesse isto tudo. e já lhe tinha mandado tantas mensagens a dizer as mesmas coisas, repetidamente, até a Mariana ter medo de mim na segunda-feira.

quinta-feira, abril 08, 2010

quarta-feira, abril 07, 2010

tenho um grandessíssimo prazer quando as pessoas me ignoram só porque lhes disse coisas que, provavelmente, não devia ter dito. *

não sei se o problema é meu, acho que não, sinceramente. há mais do que um problema, decerto... e o meu é só um de muitos. não sou, garantidamente, um belíssimo homem, mas custa-me mesmo ver tanto tipo bastante mais feio e desinteressante com mulheres realmente bonitas. só posso presumir que esses queridos senhores sejam, ou muito bons na cama, ou possuidores de um sentido de humor acima da média. como muitos deles não parecem, de todo, corresponder à opção do sentido de humor, só me resta calcular e inferir que sejam génios do prazer sexual. eu lá vou fazendo as minhas coisas, encantando-me com as minhas pessoas, mesmo que me fujam, tentando evitar-me como à peste ou qualquer epidemia desse género pandémico. e vou continuar a cometer sempre os mesmos erros, até que alguém se deixe encantar também comigo e com estas coisas estúpidas todas, que me compõem. e até estou disposto a insistir com uma ou outra pessoa, que apareça, e me faça crer que, no fundo, até vale a pena um certo trabalho emocional mais árduo.

e até pode ser que tenha sido só hoje. e amanhã uma tal criatura de sonho já se digne a falar comigo e cumprimentar-me com um beijo, em vez do aperto de mão que me facultou no dia corrente.

* - esta frase pretende ser irónica.

sexta-feira, março 26, 2010

pífaro de plástico

se não tivesse tanta vontade estúpida e incontrolável de ter alguém, estava bem era sozinho. porra.

quinta-feira, março 25, 2010

paráfrases anichadas numa coisa que é coisa

Ao menos a Sofia acha-me bonito e, como se isso não bastasse, ainda alega que fico SEXY de blazer. Upa!

segunda-feira, março 22, 2010

coisinha mais ou menos ridícula (ridícula, pronto)

eventualmente não seria nada bom que eu te escrevesse uma carta a dizer que me estou a apaixonar por ti (que é como quem diz estou apaixonado por ti), pois não?

Jump Leads

As the eggbeater spy in the sky flickered overhead, the TV developed a facial tic
Or as it turned out, the protesters had handcuffed themselves to the studio lights.
Muffled off-camera, shouts of No. As I tried to lip-read the talking head
An arms cache came up, magazines laid out like a tray of wedding rings.
The bomb-disposal expert whose face was in shadow for security reasons

Had started very young by taking a torch apart at Christmas to see what made it tick.
Everything went dark. The killers escaped in a red Fiesta according to the sources.
Talking, said the Bishop, is better than killing. Just before the Weather
The victim is his wedding photograph. He's been spattered with confetti.

Ciarán Carson, Belfast Confetti, Wake Forest University Press, Winston-Salem, 1989

quinta-feira, março 18, 2010

Lunchtime

At lunchtime on September 16, 2001,
I squatted on the grass of the riverbank
and looked across at rubber tires
shining here and there on the other side.
If suddenly a stranger
had come up from behind me
and whispered in my ear,
“Today’s May 9, 1961, right?”
I couldn’t have denied it.
The way you do when you finish a meal
without messing your hands,
I felt that day
as if I could fuse easily
with anything, however hard.
Things like the thin body
of a little dog running in circles and sniffing the grass,
a dark-gray cloud skimming the surface of the water,
and even
phrases of poetry I’d yet to read
melted like butter
grew into a creature with no arms or legs
and quietly set about swallowing the earth.
I imagined the scene,
my mouth full
of a rice-ball I’d bought
at the boxed-lunch store across from the station,
the cheapest one of all.


Kiji Kutani, trad. Juliet Winters Carpet, in Day and Night, Yamaguichi, Cidade de Yamaguichi, 2005

sexta-feira, março 12, 2010

revelações num dia em que não me apeteceu ir a Leituras Orientadas mas acabei por ir na mesma

À saída da aula de Literatura Norte-Americana Contemporânea, noto uma coisa preta no chão: era o passe Lisboa Viva Sub-23 de alguém. Viro-o, e, enfim, pertencia a Mafalda Correia. Ora, isto não significa nada, entenda-se, assim, só. Mas Mafalda Correia, constatei-o pela foto, trata-se da criatura semi-élfica por quem nutro, desde o reingresso no curso, um fascínio incrível. E, devido a esse percalço do destino (ou qualquer coisa em que se acredite, já que eu, pelo menos, no destino não creio), não só fiquei a saber o nome da mulher - com as devidas ressalvas, já que o cartão é sub-23 -, como já a abordei para lhe indicar que tinha deixado o mesmo na portaria, nos perdidos e achados.

Life moves in misterious ways.

segunda-feira, março 08, 2010

Mohammed trains for the Beijing Olympics, 2008

In the 69-kilogram-weight class,
the Bulgarian, Boevski, is the world-
record holder. He cannot be beaten.
At least, not by Sawara Mohammed.
Mohammed, at 26, has shoveled cement
longer than he cares to remember. In Arbil,
in Kurdish northern Iraq, he strains hard
to lift the barbell with its heavy plates,
round as the wheels of chariots—then, muscles give
and the wheels bounce in dust before him. No,
he cannot defeat the Bulgarian.

The problem is in lifting weight over distance.
It isn’t a matter of iron, or of will.
Boevski’s records, in Beijing, will go
unnoticed, because Mohammed is training now
to lift the city of Arbil, with its people;
his quadriceps and posterior chain
straining, the muscles tremoring to lift
the Euphrates and Tigris both, mountains
of the north, deserts of the west, Basra,
Karbala, Ramadi, Tikrit, Mosul—
three decades of war and the constant suffering
of millions—this is what Sawara lifts,
and no matter what effort he makes, he will fail
completely, and the people will love him for it.

Brian Turner, Talk The Guns, Alice James Books, Farmington, ME, 2010

domingo, março 07, 2010

e é isto...

Aparente e infelizmente, Mark Linkous, dos Sparklehorse, suicidou-se ontem, dia 6...

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sexta-feira, março 05, 2010

rocambolescas existências

Esta chuva é um fastio de alma, mas ao menos tenho colegas de Cultura Norte-Americana Contemporânea que me deixam boquiaberto quando, ao abrirem o fecho do seu casaco impermeável, deixam à vista um aprazível e abundante par de seios que, de outra forma, passaria despercebido. E acabam por salvar uma aula eventualmente aborrecida.

N.B.: A aula também não teria sido assim tão má... e as protuberâncias mamárias alheias, per se, eram até grandes demais para a minha sensibilidade estética. Mas é que a minha testosterona já se ressente de me encontrar há "demasiado" tempo sem ninguém especial a acompanhar o meu percurso existencial.

quarta-feira, março 03, 2010

uma pertinente questão:

será que o B(ernardo) Fachada lava o cabelo?

segunda-feira, março 01, 2010

em certos dias não há é pachorra

Gostava que as coisas fossem do seguinte modo: eu encontro uma rapariga bonita. Às vezes muito bonita, mas isso não vem ao caso. Acerco-me. Digo-lhe: "és bonita, gosto de ti" e o que devia suceder em seguida era essa pessoa apaixonar-se perdidamente por mim, que dizer qualquer coisa como "és muito bonita" fosse o gatilho de uma paixão avassaladora, que não terminasse nunca, e com direito a conversas sobre James Joyce e Herberto Helder e, obviamente, Boris Vian, noite dentro, com direito a sexo conforme nos apetecesse, a pequenos-almoços em pequenos cafés que só duas ou três pessoas conhecessem, a viagens de autocarro e comboio por esse país fora - porra, por esse mundo fora! E essa pessoa também escrevia e líamo-nos e admirávamo-nos um com o outro, éramos um alimento mútuo que não se esgotava, éramos uma espécie de energia alternativa existencial um para o outro.

Mas, infelizmente, se digo a alguém "és muito bonita", o mais certo é a pessoa assustar-se. Pelo menos há-de estar ocupada com um tipo qualquer que nunca sonhou nada disto para eles os dois, sem sequer a conhecer de lado nenhum.

domingo, fevereiro 21, 2010

fim de noite com western e resident evil 4

estou cansado. gasto. existencialmente e não só.

por isso vou acabar a minha noite a ver Sergio Leone, e depois vou matar hordas de espanhóis virtuais poligonizados, infectados com uma praga insectóide milenar.

sábado, fevereiro 20, 2010

terça-feira, fevereiro 16, 2010

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

citações parvas número... olha, que se lixe.

(ainda em torno do sensível tema "Pedro e os sorrisos dos outros")

- que é que achas disto, afinal?
- disto, o quê?
- disto... desta gaja, por exemplo. não é tão bonita?
- não se devia rir.
- credo... as pessoas ficam mais bonitas a sorrir, nem toda a gente tem esse teu ar macambúzio, sabes?
- que se foda. há pessoas que têm sorrisos feios. há gente que não devia rir. nunca.
- és uma merda.
- e tu não és melhor, que só lhe estás a olhar para as mamas.
- e não são boas?!
- a outra, ao lado, tem as mãos bonitas.
- és uma merda.
- pois sou.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

novas crónicas de um recém-fumador #3

Hoje, no meu primeiro dia de regresso às aulas, furtaram-me logo um maço de tabaco e o meu querido isqueiro da Cricket, que já me acompanhava desde o início das minhas actividades enquanto ser que maltrata o seu próprio pulmão. Não dei por nada e pondero se talvez os tenha apenas perdido ou negligenciado em cima de uma mesa, ou algo do género.

N.A.: Lamentavelmente, após ter andado a espalhar falsos testemunhos e acusar anónimos de cometerem roubos, convém esclarecer que, na verdade, o dito conjunto de maço e isqueiro tinha ficado olvidado sobre uma das mesas da esplanada, sendo que, passadas duas horas, quando passo pelo mesmo sítio, ainda os vou encontrar. O maço já inutilizado pela chuva (salvei três cigarros, dos doze ou treze que ainda tinha), e o isqueiro completamente molhado. O isqueiro, assim que seco, retomou a sua funcionalidade normal.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

novas crónicas de um recém-fumador #2

Na minha qualidade de recém-fumador que começou nessa actividade não por pressão social/de pares/seja o que fôr, não por experimentação, não por moda (nos tempos que correm vai sendo tudo, menos uma moda), mas apenas porque uma querida criatura do sexo feminino me deixou, sejamos claros, na merda (e preferindo fumar a cortar-me, lá entrei no mundo maravilhoso do tabagismo), dou-me ao luxo de só fumar o que gosto. Ou seja, vou fumando Lucky Strike e, ocasionalmente, Camel, à falta dos primeiros. Sou muito esquisito e picuinhas com o tabaco, é certo. O SG Ventil não é mau, mas acho demasiado suave, não me sabe a nada, para além de que se consome num instante - como se não bastasse já ser menos um quarto do que um cigarro "normal", a porcaria do papel arde num ápice e, se nos distraímos, só o ar à nossa volta já nos fumou meio cigarro; o Português (Suave, que ainda sou do tempo disso assim) faz-me catarro; o Marlboro sabe mal, pelo menos mal para o que se paga por um maço; o Chesterfield seca-me a língua; o Águia é INTRAGÁVEL; o L&M é ela por ela com o Marlboro, para mim, em termos de sabor; o Davidoff não consigo não achar que é tabaco de fascista, o que, por si só, me faz nem querer experimentar; o Pall Mall, enfim, até pode ser o tabaco preferido do Phillip K. Dick, do Kurt Vonnegut, e assim, tudo gente de que gosto, mas não consigo achar grande piada; e por aí em diante.
Mas o que me irrita mesmo é o tabaco com sabores. Todos estes que disse, por mais que não goste, até tolero (tirando o Davidoff), mas, eh, pá... tabaco de sabores?! Para mim, o tabaco é para saber a tabaco. Se eu quero sentir o sabor do chocolate, compro chocolate. Ou do caramelo, ou de morango, ou seja do que fôr. Deixo até um repto para todas as pessoas que, por esse país fora, andam de Black Devil na boca, espalhando o seu cheiro a chocolate atabacado (que cheira, convenhamos, bastante mal): se querem tanto ter um cigarro na boca que saiba a chocolate, comprem daqueles maços de cigarros de chocolate, para as crianças. Para além de tudo o mais, sai mais barato.

domingo, janeiro 31, 2010

novas crónicas de um recém-fumador #1

Nunca me lembro de ter tido grande coragem para abordar as mulheres bonitas acerca de quem escrevo noites inteiras, nos cadernos. Penso sempre "ai, se fosse há uns anos atrás...!", como se, de facto, há uns anos atrás, tivesse tido a coragem de me acercar delas e perguntar-lhes sequer os nomes. Empregadas de balcão, raparigas em bares, é sempre a mesma coisa. Fico só a olhar de vez em quando, a desejar acabar a noite com a cabeça entre as suas pernas, ou algo do género. E vou fumando muito, no intervalo existencial de tudo isso, quando fico sozinho noites inteiras.
O mais triste é quando me levanto e ouço uma dessas criaturas alegar "este rapaz vai-se embora, por isso também já podemos ir". É o que ganho, por passar a noite toda a ouvir música no leitor de mp3, com os auscultadores a abafar-me de todo o ruído das vidas à minha volta.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

saltar de felicidade


Foto tirada no centro comercial Vivaci de Caldas da Raínha, de onde, saiba-se, o filho de alguém saltou de felicidade de um andar para outro, estando em coma no hospital. E, sim, isto ainda continua lá.

terça-feira, janeiro 12, 2010

um Lucky Strike em cima de um iogurte de ananás não é coisa que eu aconselhe. se bem que também pudesse ter sido do frio estúpido que estava na rua, e de eu ter saído sem casaco.

terça-feira, janeiro 05, 2010

(pois!)

preciso realmente de aprender a desaprender o amor desta forma meio doentia e doente.

sexta-feira, janeiro 01, 2010