quinta-feira, janeiro 22, 2009

Pós-Sügisball


Acontece, e aqueles que seguem relativamente este blog sabem-no, que nutro um fascínio pelo filme de Veiko/Vejko Öunpuu, Sügisball/Baile de Outono, e que o quis ir ver quando esteve no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Raínha. Acabei por não o ver, porque, segundo informações cedidas na bilheteira, nessa mesma noite, a Atalanta filmes, distribuidora em Portugal do filme tinha, e cito, "perdido a cópia do filme, não havendo outra para substituir". Fiquei desapontado e perdi qualquer esperança de sequer chegar a ver o dito, indo-me distraindo com as outras coisas que por aqui iam passando, nomeadamente filmes do Jim Jarmusch e outros que tais. Que iam chegando, diga-se, tendo delirado com o fabuloso The Tracey Fragments, como já referi anteriormente neste mesmo blog. Mas, reconheço-o, foi ficando sempre aquela coisa de "e agora, o Sügisball? Nunca vou ver? Vou ter de perder meses à procura do filme na net, e sacar uma versão de qualidade duvidosa, para depois perder outros mesmos meses à procura das legendas? E se nem houver para sacar da net, como o Luna Papa? Ah, bolas!", situação que é assaz desagradável. Ora, no mês de Janeiro a coisa afigurava-se má, com uma panóplia de filmes que, francamente, não sendo maus, também não são das coisas que mais me apelam a que vá dispender €2.50 num bilhete (bastante barato, sim, mas, mesmo assim...), até porque os únicos que me puxavam a atenção eram apenas o Entre os Dedos, filme português que deu há uma semana atrás, e Quatro Noites com Anna, que era suposto ter dado esta semana. Fortuitamente, noto, umas três noites antes do anunciado Quatro Noites com Anna, mudarem o poster do filme, trocando-o por um do Baile de Outono, presumindo eu que a trágica notícia da perda da película tinha sido um dramatismo e um exagero por parte da senhora da bilheteira. Contudo, no site oficial do CCC e nos panfletos, continuava a anunciar-se o polaco Quatro Noites com Anna. Nunca seria um risco, para mim, uma vez que pretendia ver os dois, embora preferisse o Sügisball, portanto, lá comprei o bilhete, que dizia, também ele, Quatro Noites com Anna (para além das informações de horário, de fila e número do lugar). Sentei-me, vi as apresentações bastante desinteressantes dos filmes que se seguem (filmes que não me farão gastar qualquer cêntimo, de resto) e, felizmente, o filme que começou a passar era de facto o Sügisball, coisa que reconheci mal dei por uma das personagens principais (a de maior destaque no cartaz do filme) tragando um cigarro com um ruído algo irritante.
Houve criaturas que abandonaram, a contar que fosse o filme de Jerzy Skolimowski, com vociferações que indicavam raiva e frustração, ameaçando pedidos de reembolso e, mais do que isso, de explicação e gratificação por nítidos danos morais. Mas deviam ter ficado. Porque perderam um dos melhores filmes que já vi. Francamente.

P.S.: Um jovem de aspecto demasiado efeminado veio conversar comigo após o visionamento da película, alegando que eu estava deprimido, pois pedia um copo de Cardhu em balão largo e aquecido. Convém explicitar que aprecio whisky. Não foi por estar deprimido após o filme que pedia um copo, muito pelo contrário. Ah, já agora clarifico também que a cena em que o porteiro inconformado com a sua condição desfaz a face do actor/realizador de comédias românticas não me incomodou de forma alguma. Até porque sou um homem com um mau fígado. E uma alma gentil. Que está sozinho à noite. De cuecas. E decoro frases. Dos cartazes.

1 comentário:

aquelabruxa disse...

lol, belíssimo texto!
e belíssima fotografia do filme, e estranha história, ou nem tão estranha, talvez mais... falta-me a palavra... dreamy.
ah, ah... finalmente alguém que também responde à pergunta aleatória no perfil!