quinta-feira, março 16, 2006

Cineminha maluco

Eu não fui ver o Match Point. Sinceramente, a minha paciência para o Woody Allen já se esgotou há muito tempo. Aliás: não sei se é a minha paciência para o Woody Allen, se é a mesma paciência, mas para o cinema minimalista-embora-comercial, na sua generalidade. Ou, até, por muita estupidez minha, para o cinema, globalmente falando. Cada vez mais, tendo invariavelmente para os filmes de terror de série B da minha infância e adolescência, não entendo porquê. Talvez porque toda a gente (eu, incluso) lhes reconhece uma tremenda falta de qualidade, particularmente a nível do argumento/história. É a mais pura das verdades, sim. São horríveis. Mas correspondem a um certo encanto. Não desapontam, não criam expectativas demasiado elevadas. São o que são. Proporcianam uma certa quantidade de sustos (ou uma certa quantidade de risos, caso se seja do tipo de pessoas que, para dar um ar de forte, goza com a coisa, e tal...), alguma nudez gratuita, meninas mortas em chuveiros, em pinhais isolados, após uma cena de coito vaginal com um parceiro demasiado magro e com um cabelo péssimo, mas já sabemos para o que vamos: vamos ver uma sessão de cinema de merda, sim.
Contudo, o cineminha minimalista-embora-comercial gera decepções. Decepções veladas por conversas envolvidas em tabaco e café, com livros de escritores franceses ou pelo menos francófonos sobre as mesas. As pessoas que analisam esses filmes geralmente falam as mesmas opiniões que os críticos dos jornais. Atribuem as mesmas estrelas que o DN, as mesmas bolinhas que o Público, ou vice-versa; "sim, sim, este realizador coreano, e tal, o Mário Pinho-Almeida, no Público, diz maravilhas desta obra prima poética e visual, com ilacções possivelmente aplicáveis ao consumo exacerbado de pastéis de nata e do esquerdismo perigoso e latente nas repúblicas ostracizadas do báltico sul". Note-se que eu não sei se existe algum indivíduo, de seu nome Mário Pinho-Almeida, nem tampouco se tal criatura fantástica escreve críticas de cinema para o Público. Marito, se estás a ler isto, peço, desde já, e publicamente, humilde perdão.
É óbvio que tamém abomino as comédias-românticas sem substância, e que aprecio algum tipo de cinema independente, sim, é certo. Mas, por favor, não me impinjam o cinema do Woody Allen, que eu estou tão cansado... e podem ir vê-lo tocar clarinete, ainda que ele toque tão mal, só porque adoram os filmes dele... eu irei ver o "V, for Vendetta" e o Underworld 2 e posso afirmar, desde já, que vou gostar. Muito.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois, gostos não se discutem. Eu fui ver o Match Point e gostei muito e não vou ver de certeza esses últimos dois...

groze disse...

Não fique zangadinha comigo... :( Estava só a expressar uma opinião, por mais merdosa que pareça e seja... quanto a isso de os gostos não se discutirem, já não sei se concordo tanto... por exemplo, se os gostos se discutissem, se educassem, imagina que pessoas como eu não iriam só ver desperdícios de película ao cinema. Iríamos ver coisas de qualidade, talvez...
Os gostos devem-se discutir. Sobretudo, devem-se educar. Se os gostos se discutissem mais, talvez não se ouvisse tanto pimba, tanta música pop sem qualidade, e por aí fora. Hence my point (para acabar ao bom estilo de estudante de Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Estudos Portugueses e Ingleses).