quarta-feira, novembro 19, 2008

António Lobo Antunes apresenta o seu mais recente livro, "O Arquipélago da Insónia"



Não sei ao certo o que dizer de tudo isto. Com o que concordo, ou do que discordo; não sei até que ponto tudo isto que é dito pelo autor é mesmo a verdade do que sente, ou se são somente palavras que aprendeu a ir dizendo ao longo dos tempos, nos milhares de entrevistas, cafés literários, apresentações de livros, colóquios, seminários, debates e demais exposições de ideias que tem vindo a fazer, ao longo da sua carreira literária. Se concordo com as suas palavras? Sim, em grande parte, sim; demonstram certamente um certo ponto de vista que me é comum. Mas, sobretudo, deleito-me com os seus livros, e creio, tenho a certeza, aliás, que é isso que importa. No documentário que se fez, há tempos, sobre Herberto Helder, na RTP2, alguém dizia que o escritor se quer afastar do mundo para que as pessoas o conheçam pela sua obra, que é o que verdadeiramente é pertinente, e não através da sua pessoa e da sua personalidade e de todas as idiosincracias inerentes a isso. E, pelo menos, a mim, parece-me que António Lobo Antunes vale sozinho pelas suas obras, pelos seus livros, pelas suas cartas, pelas suas crónicas, independentemente do António Lobo Antunes pessoa viva e real e existente. Portanto, obviamente que os visitantes do blog não são obrigados a concordar com o que é dito. Nem sequer obrigados a gostar de ler o autor. Ou de gostar de alguma coisa que tenha sido escrita por ele. Mas saibam, então, que é o meu romancista predilecto. E que gosto de pensar que sei que daqui a muitos anos esta pessoa será referida como o escritor português da nossa época. O que devia ter ganho o Nobel em 98. Mas não ganhou.

(Quanto a essa questão do Nobel, lamento também informar que não gosto de Saramago, quanto mais tento ler e gostar, menos consigo atingir esse intuito. E, sim, há alguma proporcionalidade entre o meu carinho e espanto perante a obra de Lobo Antunes e o meu desencanto e desinteresse pela obra do prezado José Saramago.)

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