quarta-feira, abril 11, 2007

constatações do óbvio numa tarde desocupada

um vilão é uma personagem que as outras personagens odeiam ou que o autor apresenta como necessária e/ou inteiramente má. pelo menos inerentemente má. não creio que na vida real existam pessoas inerentemente más ou inerentemente estúpidas ou inerentemente boas, apenas pessoas que querem ser felizes e fazem o que acham que devem, para o serem. haverá decerto pessoas que procuram a infelicidade e a miséria mas, não será essa ideia, em si mesma, uma ideia de objectivo, de plenitude, de felicidade?
toda a história que se proponha imitar a realidade, transmiti-la, será, pois, falhar e mentir desde essa premissa inicial. um vilão, se - e é geralmente - requerido, é a figura através da qual é impossível transmitir a imagem de uma pessoa que, não sendo "má", acabou por fazer coisas que invariavelmente levaram outras pessoas a não gostarem dela. como desconstruir isto e poder criar, dessa forma, a mimese quase total de uma vida? por outro lado, será isso o objectivo, o plano, o ideal? ou a criação de um universo inexistente, fantástico, outro? nos dias de hoje, bastará a vida real que o jornal e o telejornal mostram? ou não será ela mesma, a vida real do telejornal, um ponto de vista em que existem os heróis e os vilões? todo o relato da verdade e do real é um ponto de vista e, por isso, o real total e absoluto é inexistente.
haverá na realidade, na totalidade absoluta do concreto, bons e maus? o que é a verdade? o que interessa?

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