terça-feira, abril 17, 2012

lagostim

(tudo faz tanto ruído, em certas alturas, era melhor que se resumisse a essência das pessoas a qualquer coisa como um casaco, estar aqui sozinho, nunca ter conhecido outra forma de estar, toda a gente ter sido gatos, cães, periquitos, um cágado. não me doer a cabeça, não me doer o coração, poder comprar gelados e bolos em pastelarias desertas, muitos milénios depois de toda a gente ter desaparecido. não ter tido o convívio com o roncar dos aparelhos de ar-condicionado, com os olhares dos outros a não me deixarem chorar, sempre aquela peninha, aquela compaixão, mas sem nunca me virem abraçar, sem nunca me oferecerem um cigarro, e assim.)

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