sexta-feira, abril 06, 2012

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Sinto, por vezes, que devia sentir a tua falta e, nessas ocasiões, sinto-a. Não é que goste mais de quem quer que seja de quem esteja a gostar, agora (a amar, é o verbo acertado), do que gostei (amei, é o verbo certo) de ti. É só que complicámos tanto as coisas que, infelizmente, em certas alturas nem sei bem o que foi que tivémos. Gosto de pensar que foi bom, mesmo esta coisa mais para o final, que se arrastou tanto tempo (e a culpa de não o ter sabido ver mais cedo foi inteiramente minha), em que provavelmente te amava sem que ainda me amasses, já. Ou amavas, sim, de uma maneira própria que, no meu egoísmo, não consegui ou soube ver.
Não adianta de nada lamentar as coisas, dizem-me, "não há volta a dar", "estás melhor assim". Todos os dias tento convencer-me disso. Que se trata de um desígnio universal, um alinhamento cósmico, uma espécie de destino. Fui feliz contigo. Por isso arrependo-me. Todas as coisas bonitas que te disse eram verdade de todas as vezes em que tas disse. Tens música e poesia em ti. És linda. 
A sério, deixem-me arrepender disto... por favor. Poupem-me às considerações muito correctas da racionalidade. Eu amei uma pessoa que tocava violino e cantava. Que me comprava xaropes e comprimidos quando eu adoecia. Que me fazia companhia em casa, numa casa que já nem sequer existe, para mim. Mas foi a minha casa durante dois anos e pouco, albergou-me a mim e a um amor tantas vezes doentio, doente, mas um amor.
Há dias em que chove e me canso de ser assim, julgo que seria melhor livrar-me do amor de uma vez por todas, não conhecer mais mulheres, não falar mais com mulheres, não as deixar aparecer na minha vida e fazerem, sem quererem, sem o saberem, com que me apaixone por elas. Ainda sinto que tenho tempo e que há pessoas que valem a pena o meu investimento emocional, mas cada dia que passa a minha paciência decresce, inversamente proporcional ao que sinto em relação ao tempo que tenho para as pessoas que valem a pena.
Ainda sinto que tenho tempo e por mais que queira que isto não fosse assim, há sempre uma mulher a seguir a outra, que me prende e a quem preciso de me prender e desperdiçar mais uns meses antes de ponderar seriamente desistir disto tudo, ou até (que às vezes calha) essa pessoa decidir ficar comigo durante uns tempos, nunca correspondentes ao sempre que eu queria de todas as vezes.

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