sexta-feira, fevereiro 24, 2012

primavera antecipada

devia só rebolar. só dormir. sofrer a dormir porque amo x ou y ou, vá, d, mas nem x nem y nem, sobretudo, d me amam de volta. dar amor é uma chatice. é aborrecido. dar, seja o que for, é aborrecido. mas dar amor ainda é mais. justificam-se (bem) com a falta de "cliques". nunca provoco "cliques" em ninguém. não sou "apaixonável". só me lembro de uma vez, uma única vez, em que não fui eu o indivíduo a abordar outrém, primeiro, porque essa pessoa me fez o "clique" emocional. e deixei-me "clicar" depois de ter feito "clicar" primeiro. oferece-se amor em vão mas a maior parte das vezes as pessoas nem sequer percebem que pode mesmo ser amor. é rápido, é assustadoramente rápido. conheço pessoas em dez minutos e apaixono-me porque o meu coração resvala em direcção a lábios, a mãos, a um cheiro. noto os olhares, a inteligência dos olhares, o gesticular das mãos, o interesse das mãos a trabalhar o espaço entre, o vácuo entre, as coisas invisíveis, afastando-as, chegando-as para o lado, a movimentar o ar, a fazer vento com cheiro de pele e de boca. apaixono-me e sei que é amor. e não se desama depois uma pessoa só porque sim. porque "foi rápido, foi vertiginoso e, nessas condições, meu caro, não é possível que seja amor".

lamentavelmente, é.

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