terça-feira, abril 15, 2008

Lançamento do disco dos Dead Combo, "Lusitânia Playboys", fnac Chiado, 14.04.08


Lá estávamos nós, eu, a minha irmã e o Jorge, a ver livros, eu já com uma cópia do álbum debaixo do braço, assegurando para mim mesmo que "este, já ninguém mo tira". Tinha sido a última cópia que tinha encontrado na estante da música portuguesa, e por nada a queria perder. Nas colunas um funcionário da loja anunciava o lançamento do disco, pelas dezoito horas e trinta minutos dessa mesma tarde, Lusitânia Playboys, dos Dead Combo - nome que, de resto, pronunciou estranhamente demasiado à inglesa. Mas nada de mais.
O disco estava mais barato do que me tinha sido assegurado por Pedro Virtuoso Gonçalves, contrabaixista e "multi-instrumentista" dos Dead Combo, dado que me custou menos dois euros do que estava a contar gastar. Foi uma pequena felicidade. Graças à fnac pelos preços verdes, ainda que isso seja extremamente ecológico-natural.
Um pouco antes das seis e meia, dirigimo-nos para a pequena sala de concertos da fnac do Chiado, a fim de arranjarmos um lugar mais ou menos decente, de onde assistir ao espectáculo. Já só havia uns no chão, perto de pessoas que, pelo aspecto, pelo cheiro e pelas conversas, seriam alunos de Belas Artes. Isto pode parecer estranho, mas dentro de minutos dávamos graças a qualquer entidade divina pelos lugares que arranjámos, já que a sala mínima da fnac tinha ficado a abarrotar.
Sons de rua, havia ali qualquer coisa que me fazia lembrar os anos trinta ou quarenta do século passado, naquela gravação que criou o ambiente para a entrada do Tó Trips e do Pedro Gonçalves, já nos trajos que lhes proporcionam entrar na "verdadeira" pele de Dead Combo - a cartola do Tó e o fato completo, roçado, do Pedro, e ali os tínhamos, os Dead Combo, sentados frente a frente, a abrir com Sopa de Cavalo Cansado, aliás, a primeira música do cd. O Jorge alegava que nunca houvera visto um contrabaixo e eu fiz questão de informar que ainda dois dias antes tinha assistido a um concerto de um dos melhores contrabaixistas nacionais. Quem pode, pode, caramba! Como era uma apresentação (não, não vou chamar-lhe showcase, peço perdão), eu já contava que fosse curta. Ainda assim, tempo para ouvir Rak Song, Like a Drug (uma versão de uma música dos Queens of The Stone Age, que creio estar melhor no arranjo dos Dead Combo, do que na versão orignal), Canção do Trabalho D.C., Putos a Roubar Maçãs, Malibu Fair, Manobras de Maio 06 e Cuba 1970 (são as de que me lembro, anunciadas pelo Tó Trips num tom monocórdico, fazendo lembrar vagamente locutores de rádios antigas). Muita guitarra, muito contrabaixo, muita melódica - dir-se-ia que tínhamos entrado num saloon típico dos filmes de Sergio Leone, onde, em vez do piano desafinado e das dançarinas de can-can, a Hermínia Silva puxava o Pacheco para que tocasse um fado qualquer. E o Homem sem Nome (a personagem do Clint Eastwood na trilogia Dollars) bebia um whisky ao balcão, entre velhos que acabavam de chegar da vindima e da poda das macieiras - tudo isto na Baixa de Lisboa, numa loja de franchise internacional. Um pouco menos de meia hora, mas excelentemente brutal, de princípio ao fim. Nas palavras do Trips: "amanhã há mais." E despediu-se, seguindo ambos para os bastidores. Fiquei desolado, porque tinha mesmo de me ir embora, voltar para Óbidos na Rápida das 20:15, já que a seguir a essa só tinha uma última, às 21:00, e queria um autógrafo. Pedrocas: para a próxima, cravo-vos um autógrafo antes, enquanto andarem a vaguear pela loja sem estarem na pele de Dead Combo. Garanto. Serei um stalker de gabarito.

Já agora: o cd é, na minha opinião, até agora, o melhor deles, e sugiro que quem gostar se dirija imediatamente a uma loja de discos e o adquira. Para além do mais, vem com um dvd que inclui um concerto no Maxime, o making of do Lusitânia Playboys e todos os videoclips oficiais que já foram lançados, até hoje. Por cerca de 17 euros, vale bem a pena, sem pensar duas vezes, comprar este álbum, que é uma preciosidade da música alternativa/indie nacional (e não só nacional, bem entendido). Vão comprar. A sério.

N.A.: Dei por mim, quando estava a ver o dvd, a reconhecer o Carlos Bica no making of do Lusitânia Playboys. Tendo ido conferir aos créditos do disco, posso, de fonte segura, afirmar que realmente Carlos Bica, esse deus do contrabaixo, é artista convidado dos Dead Combo neste álbum. Iupi (inserir smiley indicativo de folia/pândega/alegria/maluquice exacerbada)!

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