queria-me vir queixar nem sei bem de quê

porque são seis da manhã e não durmo coerentemente há umas noites, a pensar (e penso que não faço mais nada) na minha vida e a fazer comparações estúpidas. para além de achar que o Sá Carneiro se matou por estupidez e casmurrice, cada vez mais me vou identificando com ele numa data de aspectos, sobretudo no que à minha querida existência diz respeito. e faço bastantes comparações entre a geração do Orpheu e esta, minha, com o querido grupo de amigos que tive o prazer de conhecer na faculdade (tenha, ao menos, servido para alguma coisa de positivo, o tempo que lá desperdicei), onde acho que também não sou mais do que esta espécie de "Sá Carneiro" procrastinador, diletante, conformista inconformado. e digo isto, se calhar, porque, da geração referida, sem dúvida que Sá Carneiro não é das minhas predilecções, tal como não me considero, do nosso grupo restrito e, infelizmente, separado, o melhor. não trabalho para isso. não tenho o génio. nem sequer uma mistura doseada de ambas as coisas. e cada vez escrevo menos, acho que quando se perde certo tipo de "público", também se acaba por não se partilhar tanto isso... a minha vida, ou, para sermos mais específicos, a minha vida literária, anda num estado de morte iminente.

acho que se chegar à proximidade do fim dos meus 26 anos e vir que a minha vida está na mesma, muito francamente, me vejo quase forçado a terminá-la por aí.