quinta-feira, agosto 20, 2009

queixumes das seis e vinte da tarde

É um facto: não consigo escrever quando me forço a isso, e por isso tenho algum medo de começar o blog novo. Sei que, quando o começar, sou "obrigado" a pôr lá alguma coisa todos os dias e, francamente, não ando com capacidade de escrita absolutamente nenhuma... o último texto que pus no lonely gigolo saiu-me tão mal, que pensei sinceramente em apagá-lo, deu-me mesmo vontade de chorar... e só o deixei lá ficar, porque acredito numa certa existência dos textos, independemente do seu escritor, e acho que, pronto, já que está "cá fora", deve ficar. Mas não gosto do resultado, e, acreditem, isto nem sequer é humildadezinha falsa de jogos psicológicos e auto-comiseração fingida, como que a pedir "vão lá ver e comentem, afinal até nem está assim tão mau"... pode não estar mau, mas não é de certeza um dos meus melhores textos/poemas/etc. E isso entristece-me bastante. Não vou tentar explicar pela enésima vez porque é que não consigo escrever, sinto que já analisei essa situação vezes sem conta, só para nunca chegar a nenhuma conclusão, e simplesmente perder tempo a arranjar desculpas para o facto de estar a desaprender a escrever. Que é o que se passa, pronto.

E o desinteresse em meu redor é tal, que me desmotiva terrivelmente, também, e queria falar disto. Há pessoas que às vezes pedem para se encontrar comigo e me dizem "Pedro, traz os teus cadernos!", e lá vou eu, de cadernos em punho, para depois os ditos cadernos não terem atenção nenhuma... as pessoas lêem assim umas coisitas superficiais, fecham os cadernos e devolvem-mos sem sequer dizerem nada... e isto é triste para mim, porque isso é uma parte muito importante (se não a mais importante) da minha vida, e vejo as pessoas a negligenciar isso, porque não lhes interessa. Onde é que andam os meus amigos do liceu, os meus amigos da faculdade, que ligavam a isso como era suposto ligarem? Fui-me rodeando de pessoas que não querem saber disso para nada, que não podem querer saber disso para nada, e quero sair disto tremenda e urgentemente.

Também para reaprender a escrever.

N.A.: é um bocado mau andar sempre a culpar os outros, como se as pessoas que me rodeiam é que tivessem culpa, mas é mesmo assim que me sinto, e mentia se não dissesse isto desta forma. Não pretendo culpar nenhuma das pessoas que me rodeiam, dos meus amigos de agora, simplesmente sinto falta de outro tipo de amigos, que me podiam dar coisas que estes, agora, não podem. Acrescentar amigos, sem tirar.

5 comentários:

aquelabruxa disse...

deve ser porque ainda escreves português arcáico :P

groze disse...

Olha que isso de meter acentos é muito arcaico! Sabes, eu não acho o "novo" português nada mais fácil que o "arcaico"... aliás, vem tirar-nos regras a que estamos habituados e as quais, quer queiras, quer não, fazem sentido a muitos níveis (sobretudo etimológicos, mas outros, também). E o "novo" português não vem facilitar nada, na verdade... já vi um homem a defender, na televisão (um dos "criadores" políticos do acordo), que "se diz assim, escreva assim, é isto que pretendemos com o acordo". O problema é que, se diz assim, escreva assim, irá dar em demasiadas regras regionais, porque o Português não é uniforme nem num território tão pouco extenso, como Portugal (continental e insular), logo, geram-se regionalismos, que como é que eles esperam que sejam resolvidos? Uns a escrever "adéga" e, outros, "adêga"? Uns a escrever "coêlho" e, outros, "coâlho"? Não há um Português "correcto" a nível da oralidade, nem sequer um Português padrão, ao contrário do que se calhar nos ensinaram na escola primária e no segundo ciclo do ensino básico... e o que fazemos com esses regionalismos? Pomos cada região a ter um Português escrito correspondente ao oral, porque "se diz assim, escreva assim"? Ou seja, um lisboeta escreveria "tiú" e "riú" e "friú" (com ou sem acento, dado que isto dos acentos é questão de muito celeuma, dentro do acordo - "cágado" passará a ser "cagado", entre outras lindas pérolas), só porque é assim que dizem "tio", "rio" e "frio"... desculpa lá, mas não aceito muito bem essa tua ideia do acordo, e acho que não tens grandes razões para o defenderes como defendes, sinceramente. O Português falado não evoluiu o suficiente, ainda, para que haja um novo acordo ortográfico que se justifique, naturalmente.

André Capinha disse...

O inglês é assumido como língua universal e não tem nenhum acordo ortográfico... Porquê tanta necessidade de um acordo para a nossa língua? Na união dos diferentes é que se encontra a igualdade, não num forçar da unidade da língua, que nunca existiu, e que na minha opinião se chama "os portugueses a dar o cúzinho aos brasileiros"...

André Capinha disse...

E já agora, se o poeta é um reinventor e recriador da língua, por que razão há-de sujeitar-se a um acordo?

aquelabruxa disse...

eu quando acordo não estou de acordo. ai, espera, tenho de escrever acórdo e acôrdo porque senão ninguém percebe o que estou a dizer, ou talvez devesse escrever em inglês, pois o inglês é uma língua universal...
ouve lá, que disparate é esse do cágado se escrever cagado?
e mais vale concordar que discordamos, pois sinceramente esta discussão não vai mudar nada, somos os dois igualmente teimosos. eu estava a brincar, mas já vi que não posso.