segunda-feira, setembro 28, 2009

rescaldo, ou isso, de um saboroso jantar com amigos

Isto vai como me sair. Atenção.

Às vezes, viver na província tem destas coisas. Portugal é um país pequeno e garantidamente Lisboa é a sua cidade mais cosmopolita, é provavelmente o único sítio do país onde tudo acontece. Estar na província, ou seja, na zona de Óbidos e de Caldas da Raínha, acaba por ser limitador em muitas coisas, ao que parece (e é, decerto). E o que me aflige mais nem é estar longe de um certo "jet set literário", e me irem passando ao lado tendências culturais de massas que se julgam minorias (nomeadamente o frenesim em torno do 2666, de Roberto Bolaño, que me escandalizou um pouco quando soube, porque o livro já é de 2004... e de nenhuma editora britânica, alemã ou norte-americana; falamos de uma editora espanhola, de Barcelona, aliás) a pensar a cultura supostamente underground de todo um país. Não, o que me custa é estar longe dos amigos. "Destes" amigos, com os quais me sabe sempre tão bem estar, quando nos reencontramos. E aos quais agradeço o facto de me acarinharem e de se deixarem acarinhar por mim como sempre fizeram - aos quais agradeço por me irem pondo por dentro destas modas da massa pseudo-minoritária, por mais que me escandalize (inserir gargalhada). Agradeço ao Paulo e à Sara e ao Luís por sermos sempre, juntos, qualquer coisa de muito especial, por podermos ter um espaço e um tempo onde as conversas fluem só porque sim, naturalmente, sempre com o mesmo grau de interesse, por mais variado que seja o tema, por mais rico ou mais banal que seja o discurso. Volto iluminado, sempre, destas coisas.

Qualquer dia temos de combinar qualquer coisa aqui nas Caldas. Que não é Lisboa, é certo. Mas, por um lado... ainda bem.

(Acho que sempre me senti um defensor desta minha província. E há coisas, aqui, que não trocava por nada que Lisboa tenha - ou achem que tenha.)

5 comentários:

aquelabruxa disse...

claro, ora bolas, caldas e lisboa não tem nada a ver, a não ser, claro, que faz tudo parte do mesmo planeta.- eu cá estou com os copos.

neverland disse...

Ou pela Benedita :-) As pessoas transportam-se, e isso é o mais importante - para mim fica claro que o importante não é estarmos em Lisboa, mas estarmos juntos. E as pessoas transportam os seus sítios também. Eu em ti sinto bastante coisas das Caldas, de Óbidos, das tardes e das noites que te vão acontecendo. É óptimo.

groze disse...

Ou pela Benedita, certamente. Subscrevo integralmente esse sentimento de que o que é realmente importante é que estejamos juntos. E a ver se, de próxima vez, conseguimos ter connosco a Joana e a Rita e o João.

R.Joanna disse...

Muito sentido, este pequeno texto, e o meu BI (sim, ainda não tenho o insosso cartão do cidadão) de naturalidade "Lisboa" subitamente começou a pesar-me =/

Para não dar azo a uma repetição de comentários desta índole, groze, para a próxima podem contar comigo. Até porque me parece óptimo ter mais gente para dizer mal do 2666, que ainda não li :)

R.Joanna disse...

Ah, e para que conste, gosto tanto de Lisboa como da Benedita. Já Óbidos é um bocado... Castelar :P
Mas das Caldas e do seu jardim terei sempre uma impressão muito boa, também.