sábado, abril 25, 2009

Bug, Hostel 2 e os filmes de terror


Bug



Hostel 2

Ok... ontem, aproveitando o facto de estar com dinheiro para isso - isso, e a selecção de filmes de terror na Rádio Popular das Caldas estar a preços tão acessíveis - comprei o Bug, do William Friedkin (realizador d'O Exorcista), e o Hostel 2, do Eli Roth (que, para além do Hostel 1, não faço ideia do que terá realizado). Confesso que as minhas expectativas em relação ao Hostel eram bem mais elevadas, sobretudo porque, para além de ter visto o primeiro, e ter gostado relativamente, pessoas cuja opinião cinematográfica prezo bastante me tinham dito maravilhas acerca do filme. Para dizer a verdade, embora tenha gostado imenso do filme (acho que está superior ao primeiro), não me parece que seja assim tão bom, pelo menos nitidamente não tão bom quanto me tinham feito parecer. Mas, adiante, trataremos deste assunto mais à frente.

Quanto ao Bug, assumo-o, comprei o filme meio às cegas. Fazia uma ideia básica do filme, tendo lido sinopses na wikipedia e na imdb, conhecia os actores e o realizador, mas nada mais. Devo dizer que uma das coisas que me deu mais vontade de comprar o filme foi, enfim, a capa e o título. A capa do dvd consiste num tronco masculino, nu, com algumas cicatrizes, feridas e escoriações, e a palavra "BUG" sob a pele, na zona das costelas, contra um fundo branco. Não é coisa que costume fazer, nem sequer aconselho ninguém a que o faça mas, neste caso, acabou por compensar. O filme estava na parte do terror, antes de mais convém aqui esclarecer uma coisa, que era, aliás, o assunto que me tinha levado a escrever este artigo: o Bug não é um filme de terror. É uma história de uma "paranóia contagiosa" (que só nos apercebemos ser paranóia muito perto do final, e é se quisermos considerar sequer que o mundo "psicológico" do filme é mesmo o mundo "falso", porque, na verdade, é tudo uma questão de interpretação, e nesse aspecto filme é incrível, deixando uma série de portas abertas à visão de cada um), violento, é certo, com cenas de difícil assimilação, mesmo coisas tão "simples" como a remoção caseira de um dente, mas é, vistas bem as coisas, uma história de amor. Um amor estranho, obsessivo, paranóico, mas amor, ainda assim. Poder-se-ia dizer que se trata de um thriller psicológico, género que está muito na moda, mas acho que é mais uma experiência claustrofóbica que nos obriga a assistir à espiral descendente de duas pessoas sozinhas (sozinhas ou, caso acreditemos nisso, infestadas de insectos), do que propriamente isso, de thriller psicológico. Vale muito, mesmo muito, a pena ver este filme; inclusivamente, dos dois que comprei, é sem sombra de dúvida o que aconselho mais vivamente.

Quanto ao Hostel 2... é um bom filme de terror, mas não tão explícito como me tinham feito parecer. E o mais ridículo é que os filmes de terror que cresci a ver e a adorar, coisas como os primeiros de Friday the 13th (a partir do 5 reconheço que perde a piada e o impacto, já é um bocado esticar a corda), os primeiros de A Nightmare on Elm Street (idem, em relação ao que já disse no Sexta-feira 13), a série Dead, de George Romero, os fabulosos e arrepiantes The Texas Chainsaw Massacre originais, quase tudo da saga Hellraiser, a trilogia Evil Dead, do Sam Raimi, grande parte dos Poltergeist, e por aí fora, são altamente gozados pelos seus efeitos ultrapassados que, aos olhos da cinematografia de hoje, cheia de efeitos computorizados, robots, CGI/IGC, e etc., são alvo de chacota para muita gente. Mas o facto é que, nem o Hostel, nem o Hostel 2 são mais explícitos nem mais gráficos do que qualquer um desses clássicos. Os efeitos de gore duram, no máximo, dois ou três segundos, e não estão assim tão bem conseguidos... quer dizer, um indivíduo querer mutilar a cara de uma jovem, e o cabelo ficar preso na serra eléctrica usada com esse intuito, fazendo um cortezinho que suja a cara de sangue não é sequer remotamente tão gráfico quanto um zombie a passear pelas ruas de uma cidade semi em ruínas, enquanto uma gaivota lhe debica os miolos fora do crânio... acho eu. E, por amor de seja-lá-o-que-for-em-que-se-acredite, na parte da menina dependurada de cabeça para baixo, custava muito mostrarem mesmo a foice a rasgar-lhe a carne? É que até no tão gozado Sexta-feira 13 se vêem os machados a ser cravados na cara, as flechas a atravessar os torsos, os varões de cortinado (sim) a empalar corpos deitados, os ancinhos a vazar olhos... é que, sinceramente... mostrarem a senhora a passear a foice pelo corpo nu da jovem, enquanto aquilo faz uns barulhos metálicos muito pouco naturais (parece mais metal contra uma pedra de amolar, do que contra pele humana), enquanto a dita criatura amarrada pelos pés a um engenho de correntes suspensas do tecto por roldanas geme e chora, e depois basicamente mudarem o plano para a mulher que dá azo à mutilação, só ouvindo o som de carne rasgada e os gritos da vítima... não me assusta propriamente. Lendo isto, parece que só me queixo, e que na verdade não gostei do filme. Gostei. Parece-me é que os filmes de terror contemporâneos perderam aquilo que os fazia ser verdadeiramente filmes de terror. Claro, continua a haver excepções, embora grande parte delas dentro do sub-género thriller psicológico, temos filmes actuais como El Espinazo del Diablo, do agora comercialíssimo Guillermo del Toro, até certa forma o primeiro Jeepers Creepers, um incrível e também incrivelmente subestimado Wolf Creek, o primeiro Saw (não me venham com lérias, é o único, dos 5, que vale a pena, mesmo sendo o menos gráfico de todos), o 28 Days Later e sequela, 28 Weeks Later, o adaptado The Grudge, e mais uns poucos, todos, na minha opinião de pessoa que praticamente viu tudo o que há para ver, no género de terror, superiores à série Hostel. É uma boa série, e o segundo filme é melhor do que o primeiro, simplesmente há filmes melhores por aí - mais assustadores, mais arrepiantes, mais claustrofóbicos, mais atormentadores e, garantidamente, muito mais explícitos. Portanto, da próxima vez que me gabarem o Hostel 2, ou mesmo o primeiro, não me venham com a história de ser "nojento" e de "mostrar mesmo tudo"... convenhamos: até em El Laberinto del Fauno se vê um nariz a ser empurrado para dentro da cara com uma garrafa de vinho. Que impressiona mais do que sons de foices a rasgar costas.

5 comentários:

aquelabruxa disse...

desafio fotográfico (ou escrito) para 1 semana

no sábado- a primeira coisa que se vê
domingo- algo para recordar para sempre
segunda- alguém ao acaso na rua
terça- os pés
quarta- o almoço
quinta- auto-retrato/descrição
sexta- a última coisa que se vê antes de entrar em casa ao fim do dia

groze disse...

Vou realizar isto a partir de Sábado que vem, obrigado! Lol! Já estou com umas ideias interessantes. Acho que o pior, mesmo, é o Domingo... não tenho encontrado nada que dê para recordar para sempre. E, sim, apesar de preferir escrever, acho que vou antes fazer isto fotografando.

aquelabruxa disse...

óptimo!!

aquelabruxa disse...

aliás, também podes fazer ambos...

R.Joanna disse...

Para terror claustrofóbico, na minha opinião, A Descida. No feminino.

Não deixou de ser engraçado ver o nome Labirinto do Fauno perdido neste texto depois de Hostel a Romero :P epah, os meus piores pesadelos aé hoje foram com os zombies do tipo. Ficam os restantes títulos para explorar.