sexta-feira, março 13, 2009

À falta de pachorra, um copy-pastezinho fica sempre bem:

Copy-paste de um artigo feito por mim próprio na página de last.fm de um evento a que fui assistir ainda há pouco, e que achei por bem colocar aqui também:

Marta Hugon e Trio/Quarteto mágicos, numa noite memorável no CCC

Foi, de facto, muito bom, diria mesmo que um concerto inesquecível pelos melhores motivos, Filipe Melo, Bernardo Moreira, Bruno Pedroso (que veio substituir o anunciado André Sousa Machado) e a grande Marta Hugon todos ao seu mais alto nível. Música que se sentia pelo corpo todo, uma voz quente, sensual, forte e meiga ao mesmo tempo, capaz de fazer lembrar nomes como o de uma genial Billie Holiday, sem vergonhas nem diminuições, segura de si, acompanhada sempre (ou a fazer-se acompanhar) de um fundo musical sem falhas, perfeito, arriscava. O público aplaudiu pouco os solos, mesmo quando muitas vezes estes deviam ter sido aplaudidos, e aplaudiu outros, nomeadamente o primeiro solo de guitarra (já debaterei essa questão mais abaixo), que, sinceramente, não era merecido. Estava pouca gente, ainda para mais quando era um concerto no Grande Auditório (mais uma vez, contrariando o que tinha sido anunciado no site oficial), que tem 600 lugares, onde uns "míseros" cem espectadores parecem pouco, quando comparados à imensidão do espaço. No entanto, Marta Hugon ainda deu o "abraço emocional" da praxe, dizendo, quando o público pediu o encore, que eram "poucos, mas bons". Cantaram-se músicas do último álbum, Story Teller, outras, do primeiro, Tender Trap, e ainda uma composta à parte, numa mistura e harmonia de sons conhecidos e menos conhecidos, mas todos com um toque pessoal e individual, que na voz de Marta Hugon pareciam estar a ser oferecidos com carinho a todo e cada um dos espectadores ali presentes. Foi, poderei dizer com toda a convicção e certeza, um momento de privilégio que tive a sorte de poder presenciar. Uma coisa muito, mas mesmo muito perto do mágico.

Contudo, infelizmente, por uma questão de gosto pessoal, lamento a presença do guitarrista convidado, André Fernandes, que não deixa de ser um grande músico, a seu modo, mas toca um tipo de som de guitarra no jazz ao qual, por mais que tente, não me consigo habituar, é aquilo que descrevo como "guitarradas virtuosas de jazz à lá Pat Metheny". E, sim, se bem que o Pat Metheny tem coisas muito boas, também tem outras que, enfim... pelo menos, a mim, não me dizem nada, é demasiado virtuosismo e vejo as capacidades da guitarra a acabarem por ser muito mal exploradas, sendo que a guitarra acaba por fazer um som estranho, que se assemelha mais ao som de um piano misturado com um trombone, mais próprio de um sintetizador, do que uma guitarra. Ou talvez seja só o facto de eu estar mal habituado com o Mário Delgado, que considero o melhor guitarrista de jazz (e não só, mas enfim) nacional, e quando ouço guitarras no jazz estou à espera que sejam assim, e não estes "virtuosos" que se misturam com nomes como Carlos Santana ou, como referi acima, Pat Metheny.

Sei que perdi muito tempo a falar deste meu problema com a guitarra, o que talvez faça transparecer que não gostei do espectáculo, quando não foi nada disso, adorei tudo, foi, sem dúvida, dos melhores concertos a que assisti, um dos melhores até dentro do género do jazz (e, parecendo que não, já assisti a muita coisa dentro desse género), repetiria sem pensar duas vezes esta noite em muitas que se lhe seguissem. Agora, baixava, sem dúvida, o som da guitarra, para que ficasse mais disfarçada, por exemplo, debaixo do pizzicato fabuloso do fenomenal Bernardo Moreira.

N.A.: Gabo, no entanto, a música que se tocou/cantou, composta por André Fernandes (música) e Marta Hugon (letra), sendo que, ironicamente, foi das músicas que o guitarrista tocou em que se notava menos a guitarra. Parabéns, portanto, a André Fernandes, por ter composto uma música tão fantástica, como é o caso desta Time.

1 comentário:

whyme disse...

Sem dúvida que foi um óptimo concerto, gostei muito de ouvir a Martinha, e até foi bom não ter sido no grande auditório, é da maneira que apago as más memórias que tinha daquele espaço. Já agora, e após um comentário que vi aí pela net, eu casava com o Bernardo Moreira ;-)