segunda-feira, março 30, 2009

"I'm not a monster, it's only a mask!"

Às vezes pergunto-me o que é que ainda venho aqui fazer. Aqui, à net, aos blogs, sei lá... ver estas coisas todas sempre na mesma, nunca nada de novo, nunca ninguém a falar, e isto, infelizmente, é o único sítio onde posso vir desabafar das coisas ridículas que persistem na minha vida - calculo que todas as vidas tenham o seu quê de ridículo, ocasionalmente, mas neste caso trata-se da minha.

Venho da televisão para o computador e do computador volto para a televisão, leio umas coisas pelo meio, choro bastantes vezes com a sensação esquisita de que tive a pessoa da minha vida mas agora ela foi-se embora e não volta mais. E não falo com ninguém sobre isso, porque, foda-se, dizem-me sempre e só o mesmo, e eu estou farto de ouvir sempre e só o mesmo. Como tudo, em mim, queria que as pessoas seguissem o meu guião espiritual/existencial invisível, e que me dissessem exactamente o que queria que dissessem, ou queria só que me ouvissem, mas que me dessem atenção, mesmo que não digam nada. Saber que alguém se preocupa comigo, sim, quero muito que as pessoas que me importam se preocupem comigo, que queiram saber de mim, que me queiram ajudar, que queiram saber o que podem fazer para que eu não chore tanto nos intervalos dos livros e do computador e da televisão (no fundo, acho que essas alturas se tratam das vezes em que realmente vivo e me preocupo, não é a apatia irritante do costume), a pensar que a minha vida é uma merda, a sentir que a minha vida é uma merda, que estou para aqui sozinho, a afundar-me cada dia mais em pensamentos auto-destrutivos, a porcariazinha das palavras da psicóloga que me forço a repetir, mas de tanto as repetir deixaram de fazer sentido, é como as orações, acho eu, e como as teorias do curso... a gente repete as coisas até perderem a alma do que eram, a gente convence-se das verdades que bem entender, até que essas verdades já são mais que verdades, são dogmas, ou coisa que o valha, e deixa a alma num outro sítio qualquer. E deixamos de nos encantar com as pessoas e com as coisas, porque "o amor não vale a pena", mesmo que valha, porque nos magoámos tanto, que não queremos passar por isso outra vez.

Quem é que lê isto? Quem é que vai querer saber disto daqui a uns dias, a uns meses? Eu vivo à espera de saídas, de cafés, de conversas, de telefonemas, de partilhas de existências que nunca vão acontecer. É evidente, por mais que o tempo passa.

Eu preciso de um abraço de jeito. Sinto tão concretamente que não sirvo para mais nada. Nem para escrever, diga-se, já. Venho para aqui cheio de ideias e no fim acabo por não escrever nada, porque nada me sai como eu queria, como devia sair. E neste momento doem-me os dedos e a cabeça, quero falar de coisas de que não quero falar, quero perguntar de coisas por demais evidentes, mas sei que as pessoas que me poderiam responder só diriam coisas que eu não quero mesmo nada saber. Quero adormecer, acho que isso era o melhor, desde que não sonhasse com estas coisas com que sonho quase todas as noites.

Quero morrer, se alguém prometer que se lembra de mim no fim disto tudo.

3 comentários:

aquelabruxa disse...

" tive a pessoa da minha vida mas agora ela foi-se embora e não volta mais" - então não era a pessoa da tua vida!
não é para te deprimir mais, mas já pensaste que não é obrigatório encontrarmos a "pessoa da nossa vida"? há outras coisas maravilhosas pelas quais vale a pena viver (embora eu também seja deprimida, mas isso é porque não apanho sol! lol)
uma vez disse a um colega meu "merda, perdi o bilhete de lotaria que comprei... e agora? se me sai a lotaria?" e ele, alemão e prático, respondeu logo: "então não ganhaste!", simples, realmente, gosto das pessoas que conseguem pensar assim ;)
só não te convido a vires cá porque tenho namorado, e ele vive comigo, e seria esquisito, senão já te disse que gosto de ti, mesmo sendo só através desta relação de blogues, que acho linda. para mim os blogues são diários virtuais públicos, e uma maneira muito bonita de comunicar com o mundo e uns com os outros!
beijos e anima-te!

groze disse...

Sabes que, de verdade, concordo com tudo isso. Com a parte "prática" da coisa. Mas é só que às vezes a parte irracional se impõe à parte lógica - e, no meu caso, isso sucede muitas vezes. E não sei se é de ser Abril, e essa pessoa fazer anos este mês, se é das tais chamadas anónimas que recebi, no outro dia, e que me deixaram a pensar coisas, não sei, realmente, de que se trata, mas sei que estou a passar por uma altura complicada, e o pior é que me afastei tanto de toda a gente, que me sinto tremendamente sozinho.

Acredita que passei três anos em psicoterapia a tentar convencer-me dessa verdade de não haver "a pessoa da nossa vida", mas parece que foi tempo perdido, porque continuo a achar isso em relação a esta pessoa, em particular, mesmo depois de tudo ter acabado há já tanto tempo. Provavelmente ainda acredito mais no amor e nessas sublimações literário-artísticas do que penso.

aquelabruxa disse...

é verdade, eu sei, isso da teoria e da prática, "amor é não pensar" definiu o meu amigo mark uma vez (aquele que me marca com tudo o que diz, lol).
eu acredito que o amor da nossa vida existe, mas não para todos nós, não é obrigatório.
vê lá se não te iludes com a existência material dessa pessoa, quero dizer, às vezes as almas morrem, mas os corpos continuam a andar por aí, a enganar-nos, o melhor é ignorar essa existência, pois já não tem nada a ver com a velha pessoa que amámos... blá, blá, blá... ou se calhar essa alma nunca existiu, fomos nós que a idealizámos. ainda por cima, sendo escritor, se calhar romantizas as coisas ;)